Escrevi inúmeras crônicas sobre a “invasão” dos animais de estimação na vida moderna. A pandemia, que obrigou ao confinamento por dois anos, ampliou o movimento das lojas especializadas em todo tipo de produto para os bichos que vão de iguanas, peixes, pássaros, passando pelos tradicionais gatos e cães.
Segunda-feira o Jornal Cidades, suplemento encartado no Jornal do Comércio, publicou: “Caxias do Sul abre o primeiro hospital exclusivo para gatos no RS”. Curioso, resolvi ler o texto sobre o Gatices, “que oferece serviços 24 horas por dia, com estruturas específicas para os bichanos, certificadas pela American Association of Feline Practitioners como padrão ouro no Cat Friendly Practice – Clínica Veterinária Amiga do Gato”.
A notícia coloca o Estado na vanguarda dos cuidados com este tipo de animal. Muitos criticam esta tendência moderna, afirmando trata-se de uma inversão de valores e que este dinheiro deveria ser empregado na saúde hu-mana e outros argumentos.
É preciso separar os dois assuntos. Considero importante que os ani-mais sejam alvo de cuidados. Fico revoltado com notícias sobre o abandono de mascotes. É um fato corriqueiro nos meses de férias de verão quando muita gente solta gatos e cães no acostamento da free way, estrada que leva ao litoral. É uma crueldade inominável!
O abandono é uma tragédia. Muitas pessoas, para preencher a solidão do confinamento da pandemia, recorreram à companhia de cães e gatos. Isso se transformou em desafio com a retomada do trabalho e das aulas presenciais onde os mascotes ficam solitários. “Temo que teremos muitos bichos vagando pelas ruas quando a normalidade for retomada integralmente”, confidenciou a proprietária de uma loja pet que frequento.
O hospital de Caxias do Sul tem atendimento especializado. “Os felinos possuem comportamento e necessidades muitos específicos, exigem atendimento exclusivo, são territorialistas, sentem-se inseguros fora de casa, onde são submetidos a estímulos diferentes, como sons e cheiros, e ficam tensos com a presença de cães”, explica Regina Costamilan, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS. Portanto, além do vinho, a Serra gaúcha conta com um hospital de referência para os felinos bigodudos.
Gilberto Jasper
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