A venda de ações continuou na Ásia nesta terça-feira e o dólar se fortaleceu em meio à cautela sobre a inflação elevada alimentada pelos preços das commodities e os riscos dos problemas da dívida no setor imobiliário da China.
O índice de ações da Ásia-Pacífico da MSCI caiu até 1,7% antes de reduzir parte das perdas. O setor de energia foi um dos poucos a subir após uma recuperação do petróleo bruto. Os índices Nikkei 225 do Japão e Kospi da Coréia do Sul, estenderam as perdas, distanciando-se cerca de 10% de seus recentes topos históricos
Já os futuros nos EUA e os recém abertos mercados da Europa, lutam para se manter próximos da estabilidade, depois que as ações de tecnologia lideraram a queda em Wall Street na véspera.
O petróleo vai se mantendo próximo do nível mais alto desde 2014, após a decisão da OPEP + de manter o aumento gradual da oferta, mesmo com uma crise de gás natural aumentando a demanda pela commoditie. O Bloomberg Commodity Spot Index atingiu um novo pico histórico.
O endividado setor imobiliário da China continua a incomodar os investidores. O Fantasia Holdings Group não conseguiu pagar um título com vencimento nesta segunda-feira, aumentando as tensões causadas pela crise de caixa do China Evergrande Group. Lembrando que o mercado de ações da China está fechado por um feriado e reabrirá na sexta-feira.
As ações globais caíram quase 6% em relação a um recorde no início do mês de setembro, prejudicadas por uma redução iminente no estímulo do Federal Reserve, além dos aumentos nos custos de energia e a possibilidade de crescimento mais lento na China devido às restrições impostas ao seu setor imobiliário.
Nos EUA, os congressistas seguem discutindo sobre o teto da dívida do país, com o presidente Joe Biden alertando que o governo corre o risco de violar o limite legal ainda neste mês.
Por aqui, o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu nesta segunda-feira, 4, um procedimento de apuração preliminar sobre a atividade de offshores (empresas internacionais) em nome do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
De acordo com o consórcio internacional de jornalismo (ICIJ), Guedes é dono da Dreadnoughts, sediada nas Ilhas Virgens – um paraíso fiscal que não cobra imposto de empreendimentos de outros países. A offshore permanece ativa mesmo após Guedes assumir a pasta da Economia, em janeiro de 2019. Já Campos Netto afirmou ter fechado sua empresa no exterior, a Cor Assets, no ano passado, 15 meses depois de assumir o BC. Ambos dizem ter declarado a existência das firmas em seus nomes à Receita Federal.
A legislação brasileira permite a existência de contas, empresas e negócios no exterior, desde que a origem das receitas seja lícita e tenha sido declarada à Receita Federal e ao Banco Central. No caso de Guedes, por exemplo, a existência de empresa ativa durante o seu período à frente da Economia não configura, necessariamente, conduta criminosa.
No entanto, a eventual atuação empresarial no exterior de autoridades responsáveis pela política econômica-monetária do País atentam diretamente contra o Código de Conduta da Alta Administração Federal, cuja finalidade é, dentre outros compromissos, “minimizar a possibilidade de conflito entre o interesse privado e o dever funcional das autoridades públicas da Administração Pública Federal”.
“É vedado o investimento em bens cujo valor ou cotação possa ser afetado por decisão ou política governamental a respeito da qual a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função, inclusive investimentos de renda variável ou em commodities, contratos futuros e moedas para fim especulativo, excetuadas aplicações em modalidades de investimento que a CEP (Comissão de Ética Pública) venha a especificar”, diz o Código de Conduta editado pela Presidência da República.