A semana inicia sem muitas novidades no cenário internacional, com os futuros em Wall Street estáveis, enquanto as commodities despencam à medida que os investidores vão pesando as preocupações sobre uma retração no estímulo e um ressurgimento da variante delta, de rápida disseminação.
O Índice Stoxx 600 também opera próximo da estabilidade, com os ganhos nas empresas de tecnologia compensando as quedas nas ações de energia e nas mineradoras. O petróleo bruto vai estendendo as perdas iniciadas na semana passada – a pior desde outubro – com a preocupação de que a cepa do vírus delta prejudique o crescimento da demanda.
Os metais preciosos operam em baixa, com o ouro atingindo o nível mais baixo desde março. A prata segue na mesma direção, caindo para seu nível mais baixo desde novembro. Os fortes dados do payroll na sexta-feira aumentaram a perspectiva de taxas mais altas, o que tornaria os metais preciosos menos atraentes em relação a outros ativos.
Já as ações asiáticas fecharam mistas, uma vez que as ações subiram em Hong Kong e China , encerrando em baixa na Coréia do Sul. O rendimento do Tesouro dos EUA para 10 anos se manteve estável em cerca de 1,3%, enquanto o dólar apresentou desvalorização. Os rendimentos dos títulos chineses aumentaram depois que os dados de inflação ficaram acima das expectativas.
Por aqui, desde 29 de julho, o presidente Jair Bolsonaro repete com insistência uma afirmação feita por ele ainda quando era candidato ao Palácio do Planalto: a de que as urnas eletrônicas usadas no Brasil não são confiáveis e foram usadas para fraudar as últimas eleições.
Desta vez, porém, as informações falsas veiculadas na transmissão ao vivo pelas redes sociais do dia 29 tiveram consequências. Após a “live bomba” com ameaças golpistas, Bolsonaro enfrentou a mais dura reação, além de se tornar investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A polêmica do voto impresso e os ataques do presidente a magistrados mobilizaram o debate nos últimos dias e ofuscaram um momento que poderia ser considerado positivo para o governo: a semana nervosa viu a Câmara aprovar a privatização dos Correios, uma das principais pautas econômicas do Planalto; a vacinação contra a covid avançou no País e Bolsonaro divulgou detalhes sobre o novo Bolsa Família. Com valor maior, o programa se chamará agora Auxílio Brasil.
Nenhum destes assuntos, porém, foi tão comentado quanto o voto impresso e as investidas do chefe do Executivo contra a democracia.
Depois desse episódio, as ameaças feitas pelo presidente contra as eleições ganharam ainda mais destaque. O TSE abriu inquérito administrativo contra Bolsonaro, que também foi incluído pelo Supremo na investigação das fake news.
Empresários e intelectuais divulgaram manifesto a favor das eleições, assim como a cúpula do Ministério Público.
A proposta do voto impresso foi rejeitada na comissão especial da Câmara, mas na sexta-feira o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), puxou a emenda para o plenário. A previsão é de que o texto seja votado até quarta-feira.
Lira avisou Bolsonaro, porém, que, se o governo for novamente derrotado, e ele não respeitar a decisão, o Centrão deixará de ser aliado. Citou até mesmo um “botão amarelo” a ser acionado, sinal de que tem às mãos a possibilidade de abrir caminho para o impeachment.