Os mercados globais operam de forma mista nesta terça-feira, em meio a novas preocupações sobre a repressão da China às indústrias privadas, além do avanço da divulgação de resultados de grandes empresas da Europa.
As ações ligadas ao setor de tecnologia são as mais impactadas, com o índice Stoxx Europe 600 flutuando entre ganhos e perdas nesta abertura. A holandesa Prosus, uma das maiores investidoras em tecnologia do mundo, caiu 5,7% depois da queda da gigante chinesa da Internet Tencent Holdings, sob o medo de que as autoridades voltassem seus olhos para o entretenimento online.
Enquanto isso, as ações do setor de energia subiram depois que a BP (British Petroleum) reportou seus ótimos resultados, aumentando os dividendos e recompras de ações. Os contratos S&P 500 e Nasdaq 100 registram ganhos modestos, enquanto as ações asiáticas encerraram de forma mista.
A disseminação da variante delta e os sinais de crescimento robusto, porém mais suave, da manufatura nos Estados Unidos contribuíram para uma queda noturna do S&P 500. O rendimento do Tesouro dos EUA em 10 anos permaneceu abaixo de 1,20%, após cair para apenas 1,15%. O rendimento real dos títulos do Tesouro de 10 anos – que elimina o impacto esperado da inflação – ficou perto de uma baixa recorde.
O petróleo se mantém em queda, já que o vírus e as indicações de uma recuperação econômica chinesa mais lenta prejudicaram as perspectivas de consumo.
Os investidores estão aguardando os principais dados de empregos nos EUA na sexta-feira, para avaliar a recuperação e monitorar o impacto das pressões de preços desencadeadas ao longo de toda a pandemia.
Por aqui, a crise política entre os poderes ganhou um novo componente: O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou na noite desta segunda-feira, 2, por unanimidade, duas medidas contra o presidente Jair Bolsonaro por declarações infundadas de fraude no sistema eletrônico de votação e ameaças às eleições de 2022.
Os ministros decidiram abrir um inquérito administrativo e, ainda, pedir a inclusão de Bolsonaro em outra investigação, a das fake news, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O desfecho dessas apurações pode atrapalhar os planos de Bolsonaro, levando à impugnação de eventual registro de candidatura à reeleição ou até mesmo inelegibilidade.
A decisão do TSE representa até agora o mais duro movimento do Judiciário na tentativa de conter ameaças do presidente, que tem condicionado a realização das eleições à aprovação do voto impresso, hoje em tramitação na Câmara.
O inquérito administrativo, proposto pela Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral, vai apurar se, ao promover uma série de ataques sem provas às urnas eletrônicas, Bolsonaro praticou “abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda extemporânea”.
O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, disse que o Brasil está à beira da “erosão da democracia” e reagiu com veemência aos ataques de Bolsonaro. “Há coisas erradas acontecendo no País e nós todos precisamos estar atentos. Precisamos das instituições e da sociedade civil alertas”, afirmou Barroso na primeira sessão do tribunal após o recesso do Judiciário. “Nós já superamos os ciclos de atraso institucional, mas há retardatários que querem voltar ao passado.”