Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
O aumento da imunização e a descoberta de novas vacinas é uma luz neste intenso nevoeiro em que se transformou a nossa vida permeada de notícias funestas todos os dias. Ouço críticas ofensivas contra quem se nega a tomar o antídoto, sob o argumento de jamais um medicamento foi desenvolvido com tamanha rapidez, mesclando urgência com ganância dos laboratórios.
Respeito o fato de toda pessoa possuir discernimento para fazer suas escolhas. Vivemos em um país onde a democracia ainda perdura, apesar de pequenas ditaduras impostas pelas redes sociais e através da manipulação de informação de parte da grande mídia. Faz parte.
Recentemente ouvi o psiquiatra gaúcho Ricardo Nogueira, profissional que trabalha na promoção da vida e na prevenção de suicídios. De forma didática, diferente da arrogância de tantos especialistas que falam na imprensa, ele destacou os prejuízos quase invisíveis da pandemia que já perdura há 15 meses.
Desde o ano passado intriga a ausência de estatísticas referentes às doenças/distúrbios mentais. O desemprego, o massacre de más notícias – em detrimento do não destaque aos milhões de curados que ultrapassam de 95% – e o “fica em casa” que intensifica os conflitos domésticos impõe resistência jamais vista para não sucumbir.
O psiquiatra revelou dados estarrecedores do aumento de casos de agressões domésticas, abuso contra crianças e adolescentes no âmbito familiar, além de ocorrências de ansiedade de crianças e da ampliação de separações conjugais. São consequências que no RS se somam às mais de 30 mil vítimas fatais, apesar da insistência de adoção das ”bandeiras coloridas” recentemente modificada. Além dos óbitos, o fechamento do comércio, indústria e serviços impôs o desemprego a milhões de pessoas e o consequente aumento da miséria.
Para sobreviver à pandemia, Ricardo Nogueira fala da “fórmula dos três oito”: oito horas de sono, oito de trabalho e oito horas de lazer. Este, como costumo dizer, é o “mundo ideal”, bastante diferente do ”mundo real” do home office que aumentou a jornada de trabalho. Sem falar que o lazer, comprometido pelas restrições de distanciamento social.
A higiene mental que o momento exige é tarefa desafiadora, difícil de cumprir, mas que precisa ser buscada, sob pena de reflexos nefastos e graves por longo tempo em nossas vidas.