Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Minha paixão pelo jornal começa ainda piá. Morava na colônia e todos os domingos depois do culto na Igreja Evangélica Luterana São Paulo, de Arroio do Meio, ia com meu pai à estação rodoviária, onde muitas pessoas aguardavam o Expresso Azul vindo de Porto Alegre com uma carga preciosa: exemplares dominicais do Correio do Povo.
Assim que o veículo estacionava um funcionário da rodoviária saltava com um alicate para liberar os exemplares. Todos eram assinantes do Correião, versão original da então Companhia Caldas Júnior, tamanho standard.
O Correio Infantil, suplemento da gurizada, era entregue a mim e trazia passatempos e um texto com perguntas de interpretação. As respostas, em forma de concurso, eram enviadas por carta. E o resultado era publicado na edição seguinte.
Meu gosto pelo jornal só aumentou, mesmo com a proliferação de plataformas de acesso a conteúdos se multiplicou. O moderno hoje em dia é obsoleto, mas minha fidelidade ao jornal “em papel” segue intacta. Tenho assinatura dos três jornais diários de Porto Alegre. Leio outros do interior pela internet e recebo (aliás, recebia!) pelos Correios outros tantos.
O ritual de folhear o jornal com caneta em uma mão e cuia na outra é um hábito arraigado até mesmo quando ia à praia. Sentar à beira mar e degustar um amargo com notícias é sagrado! Em tempos de crise – do vírus e da falta de credibilidade da imprensa – continuo devoto do “jornal em papel”.
Quando ia conversar com estudantes de Comunicação duas perguntas eram inevitáveis: O jornal vai acabar? O que achas do diploma para jornalista? À primeira respondo que as empresas terão que investir em análises aprofundadas e/ou na projeção dos fatos. Afinal, o jornal traz sempre as notícias de ontem, superadas.
Quanto ao diploma confesso não ter opinião definitiva porque conheço vários profissionais que jamais foram à faculdade, mas são exemplo de profissionalismo, caráter e ética. Também conheço vários colegas com pós-graduação que envergonham a minha profissão.
Como sempre, generalizar é injusto, cruel e desrespeitoso. Lamento, todos os dias, o uso covarde e indevido da informação por parte de inúmeros veículos de imprensa que abdicaram da verdade e optaram por interesses financeiros e na política partidária em suas coberturas. Uma vergonha!