ter, 1 de abril de 2025

Variedades Digital | 29 e 30.03.25

O SOM DO SILÊNCIO

Procurei não fazer uma abordagem mais célere da cerimônia do Oscar desse ano, pois um dado bastante interessante foi divulgado após o festival. Esse ano foi a menor audiência da história do Oscar. Audiência esta que já vinha enfrentando quedas consideráveis nos últimos anos, sofreu uma queda brusca no ano de 2021. Isso se deve, claramente a uma série de fatores que tenho pouca propriedade para discorrer. Coisas como a própria influência da pandemia e de como a cerimônia vem se tornando repetitiva e entediante, sem nenhum tipo de “rejuvenescimento” de suas atrações e, esse ano, isso ficou bem claro. Há o fator de toda a desconstrução que a indústria cinematográfica vem tendo que lidar, tardiamente, diga-se de passagem, com uma inclusão maior das minorias nas produções Hollywoodianas, que parece ainda carecer de representatividade. Dessa forma, passarei a abordar os filmes indicados à categoria principal somente agora. Naturalmente, todos os filmes me agradaram, e como já disse, falo dos filmes que gosto na minha coluna e também já mencionei que os filmes do Oscar não devem ser analisados como os “melhores filmes do ano”, mas como competidores de um festival, sem qualquer outro juízo de valor a filmes que não foram indicados, por exemplo. 

O filme da vez trata-se de “O Som do Silêncio”. Indicado em seis categorias do Oscar, esse filme aborda a história de um jovem baterista de uma banda de Heavy Metal que, repentinamente, fica surdo e precisa enfrentar esse dilema. Com base nessa premissa o filme já tem muito o que desenvolver. Como imaginar a vida de um músico que começa a perder a audição? Alguém que vive do som que produz e ama o que faz e não consegue mais se escutar? Muito mais do que simplesmente encenar esse drama, o filme nos convida a conhecer a comunidade surda. Nos mostra o sofrimento do personagem, ao mesmo tempo que nos insere na convivência com outras pessoas surdas e como essas pessoas desenvolvem sua linguagem. Além disso, com um ótimo trabalho de edição de som, também somos convidados a sentir o que o personagem sente. A imersão trazida pela forma como o som é introduzido traz justamente os tipos de sensações esperados por alguém enfrentando essa situação. 

Inicialmente o personagem não quer aceitar essa condição. Além de não aceitar, passa a se desesperar com a situação. Imagine você não conseguir fazer o que mais ama e ainda perder sua fonte de renda. Ele, como baterista, não é integrante de uma grande banda de sucesso, ou seja, trabalha onde for e para quem quiser contrata-lo. A partir do momento que passa a não conseguir tocar seu instrumento com exatidão, passa a ficar insustentável manter suas apresentações. Posteriormente ele busca ajuda em uma comunidade surda e lá ele é provocado a conhecer as características dessas pessoas e de sua nova condição. Ainda reticente, o personagem busca ajuda médica e descobre que o único tratamento disponível para tratar sua surdez é de alto custo e de resultados com pouca garantia de sucesso. Essa dualidade entre seguir o caminho médico e o caminho da comunidade, que explora muito mais a condição de saúde mental, vai transformando o personagem e ao mesmo tempo inserindo, nós, espectadores, na comunidade surda que ele convive. Aprendemos então, a apreciar suas características, a língua de sinais, e a importância de desenvolver os demais sentidos.  

Deve ser destacado, além do belíssimo trabalho de som, as atuações presentes nesse filme. Os indicados ao Oscar Riz Ahmed e Paul Raci, trazem uma interpretação fantástica para seus personagens. É possível ficar convencido do desespero que o personagem principal sofre, pelos olhares vagos e dispersos que Riz Ahmed traz, e não só isso, mas é possível perceber em diversos momentos, mesmo em atitudes sutis, o quanto ele está desconfortável. Essa apreensão toda que o ator traduz, traz uma força incalculável para seu personagem e nos aproxima dele. Paul Raci, por sua vez, tem uma calma e uma naturalidade na interpretação que chega a ser louvável. Seus momentos são bem pontuais, mas quase cirúrgicos, tamanho é seu comprometimento. Feito os devidos destaques, o mais importante dessa obra, tão bem conduzida, é sua mensagem. Em nenhum momento o filme abomina a situação de enfrentamento de surdez, muito pelo contrário, dá largo apoio para aqueles que enfrentam essa situação e demonstra como essas pessoas que enfrentam essa deficiência tem lugar na sociedade e como o próprio filme gosta de destacar, muitas pessoas aprendem a conviver com a surdez, transformando sua forma de comunicação e explorando as belezas dessa condição, ao invés de buscar uma “cura” para surdez. Entende-se, portanto, que o tratamento médico não é a única solução para ouvir o som, há muito o que se dizer em silêncio. 

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