O ano de 2020 tinha tudo para ser mais um ano comum, como qualquer outro, se não fosse a pandemia de Covid-19 e todas as mudanças causadas por ela. Diversos setores sofreram grandes impactos com a sua chegada, muitas perdas e prejuízos, mas um, em específico, conseguiu contornar a situação e finalizar este ano com um balanço positivo. Foi o caso da Brigada Militar (BM), representada pelo 2° Regimento de Polícia Montado (2°RPMon).
Com sede em Sant’Ana do Livramento, o 2°RPMon engloba os municípios de Rosário do Sul, Alegrete, Manoel Viana, São Gabriel, Santa Margarida do Sul e Vila Nova do Sul. De acordo com os dados fornecidos pelo Governo do Rio Grande do Sul, os delitos mais latentes da região da Fronteira Oeste apresentaram queda em relação a 2019.
Ao todo, foram 24 roubos a estabelecimentos comerciais neste ano, contra 35 no ano passado. Os roubos a pedestres caíram de 264 ocorrências em 2019, para 202 em 2020. O abigeato, que é um dos crimes que mais preocupa as autoridades da região, também apresentou uma redução. Foram 533 ocorrências no ano passado, contra 391 neste ano. O único indicador que não apresentou queda foi o de homicídio doloso que, em 2019 ficou em 16 casos e neste ano, já são 37. “Nós verificamos que o nosso maior problema, que não vamos fechar dentro da média, é o homicídio doloso. Os demais itens estão todos dentro da média”, ponderou o Major Aníbal Silveira que, atualmente, responde pelo comando do 2° RPMon.
Quanto a forma de atuação da instituição, Silveira explica. “Cada região prioriza dois delitos, aqueles que mais incomodam a comunidade. Não é que a Brigada não vá atender os outros, não é isso. Na nossa região nós priorizamos o furto abigeato e o furto arrombamento. São dois crimes contra o patrimônio que são os que mais incomodam. Então, se dá o enfoque nesses dois crimes. Entretanto, em nível estadual também surgem outras demandas. A Brigada priorizou cinco delitos e nesses cinco delitos nós também temos que dar o enfoque e somos cobrados para que a gente reduza esses indicadores, que são os crimes de homicídio doloso, furto ao estabelecimento comercial e de ensino, roubo a pedestre, roubo a veículo e roubo de transporte público, que é mais comum na capital e região metropolitana”.
Em sua fala, o Major explicou ainda que, mesmo tendo as demandas da região e do Estado, o 2° RPMon também não deixa de ouvir a comunidade local e suas solicitações. “Falando da sensibilidade, do que a comunidade nos solicita mais, que nós temos visto, é a questão do contra o patrimônio realmente. Até parece uma bobagem, mas a questão do furto do hidrômetro, é um crime simplório, mas que incomoda”. Cabe destacar que a BM reforçou as ações, principalmente na área central da cidade, com o intuito de coibir ações desse tipo. Inclusive há poucos dias, os esforços resultaram na prisão de dois indivíduos que praticavam esse delito, bem como, através da Polícia Civil, diversos estabelecimentos que, supostamente, estariam comprando esses itens de forma ilegal, também foram averiguados.
Quanto à interferência da pandemia na rotina de trabalho dos policiais, Silveira observa que, o longo período de isolamento, somado ao calor desta época, propicia alguns tipos de comportamentos por parte da população. “Nós tivemos um ano bastante atípico, em função da pandemia. Agora, começamos com alguns problemas de perturbação do sossego, começa a aquecer e o pessoal começa a sair à noite. Chegamos em um momento em que a comunidade está mais reticente em cumprir as medidas sanitárias e isso aí nos complica um pouco”.
O Major ainda usou o exemplo de cidades vizinhas para ilustrar o panorama. “A gente faz uma análise em toda a nossa área, nos sete municípios e, por incrível que pareça, em Livramento o pessoal ainda está cumprindo. Diferente de Alegrete, Rosário do Sul e São Gabriel, onde as pessoas já estão saindo mais. […] Em Rosário, depois da eleição, tivemos oito mortes em um mês. Em Alegrete, essa aglomeração que nós estamos tendo agora, acontece há mais tempo, […] mas são coisas que nós vamos resolvendo. O que a gente tem visto é isso, agora no final de ano as pessoas já estão mais reticentes, não estão cumprindo, aí começam os problemas rotineiros de verão, perturbação de sossego, som alto, aglomerações, embriaguez ao volante”, destacou.
Mesmo com todos os desafios impostos por parte da comunidade, Silveira salientou a parceria com a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana (SMTTU), que vem colaborando através das conhecidas operações “Balada Segura”. O efetivo dos agentes de trânsito vem sendo reforçado no turno da noite e também a disponibilização de um aparato de etilômetro para a verificação de condutores abordados também contribuem. “Então já melhorou 60% o trabalho no final de semana”, opinou Silveira.
Quanto à sua avaliação do trabalho da Brigada Militar no ano de 2020, o Major disse: “A nossa avaliação a nível de segurança é bastante positiva, porque, querendo ou não, a questão da pandemia acabou minimizando os crimes. As pessoas saíram menos na rua, não se tem a questão da escola, da faculdade, então já reduziu o furto a pedestre, o roubo a pedestre. Para nós foi positivo, já não têm eventos, aglomeração de pessoas, então já diminuiu a nossa demanda, também na questão dos índices criminais foi positivo”.
Já para o ano seguinte, Silveira deseja que esta etapa seja superada. “A gente quer que o ano de 2021 seja com normalidade. As pessoas já estão saturadas. Que se retomem os eventos, as atividades. Até os nossos próprios eventos, o nosso PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) que é um programa educacional muito importante, mas que tivemos que parar em 2020. A gente quer retomar essas ações comunitárias”.
Também endossou a fala do Comandante, o Capitão Giovane Dalcol, que versou sobre as atividades internas da instituição. “Queremos retomar as nossas formaturas militares e instruções. O efetivo está carecendo de instruções de tiro, habilitação em armas longas. A gente fala em instrução, mas é uma aula. Quando se dá instrução de tiro, se enche uma sala de brigadianos, mas a gente deixou em stand by, justamente para evitar aglomeração e seguir as normas sanitárias do Estado. Nós, mais do que ninguém, queremos que as coisas normalizem, mas temos que aguardar”, opinou.
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