Mercado da carne de cordeiro em alta

Muito saborosa e nutritiva, a carne ovina faz parte da nossa tradição e da nossa história. O Rio Grande do Sul é um estado com vocação agropastoril e possui campos próprios para uma cadeia produtiva forte e bem desenvolvida. Sobretudo a Fronteira Oeste e seu Bioma Pampa que se estendem a perder de vista. Os campos largos e a oferta de pasto nativo em larga escala são um convite para a criação, é bem verdade que parte da cadeia da ovinocultura está desestimulada por vários fatores, entre eles a desvalorização da lã, o abate clandestino e o abigeato, a ação predatória dos rebanhos com a invasão dos javalis e a falta de incentivo para o produtor.
Mas, por outro lado, o consumo da carne ovina, nos grandes centros do país, tem aumentado significativamente fazendo com que empresas frigoríficas despertem para este pujante mercado. Neste sentido, a indústria de carne gourmet tem se aproximado cada vez mais dos produtores como forma de incentivar a retomada da criação, pois a procura anda muito alta.
A reportagem do Jornal A Plateia conversou com os corretores Manuel Ávila e Clóvis Cardoso, do Frigorífico Frimazo, de Santa Catarina, que há um ano se dedica ao abate do cordeiro gaúcho levando à mesa dos brasileiros o sabor da pampa. Segundo o comprador santanense Maneco Ávila, que também é produtor rural na região do Cerro Chato, o mercado está muito aquecido e todo o produto que for produzido hoje possui comprador. “Eu e o Clóvis nos conhecemos há mais de 20 anos, trabalhando em negócios rurais. Há pouco mais de um ano firmamos a parceria “ Máfia do Cordeiro “ com o Frigorífico Frimazo. De lá para cá, estamos atendendo praticamente todo o Estado. Carregamos toda a semana e colocamos no mercado o verdadeiro cordeiro gaúcho criado no pasto. Então, o produtor pode ficar tranquilo porque tudo que ele produzir tem comprador” destaca Maneco.
Com larga experiência no mercado agropecuário e mais de 25 anos de atuação em pistas de remates, o corretor Clóvis Cardoso que é natural de Pelotas, comenta que a procura de restaurantes especializados em carnes nobres e cortes gourmet é muito grande nos grandes centros, além das redes supermercadistas que estão despertando para a comercialização da carne de cordeiro cada vez mais. “Nós representamos, hoje, um frigorífico que é o número 1 em abate de cordeiros no Brasil. Para se ter uma ideia, somente nesta semana nós carregamos 1.400 cordeiros que vão abastecer o mercado. O nosso maior foco é fomentar a ovinocultura mostrando ao produtor de cordeiro que se ele produzir um animal dentro dos padrões que o consumidor exige que são cordeiros e não ovelhas, e se tiver é claro interesse de venda, pode se tonar um grande negócio, porque atualmente tem muita procura”.
Já para Maneco Ávila, que trabalha com criação de Merino Australiano, desde 1959, na propriedade da família, é necessário que a cadeia da ovinocultura se organize melhor para uma retomada do crescimento. “Falta muita informação no mercado. Quando se fala em rebanho ovino, é sobre rebanho geral que estão falando. E, nós que trabalhamos no setor precisamos diferenciar isso. Não podemos aceitar mais a frase “Carne Ovina” nos rótulos das embalagens, é preciso trabalhar a marca, a palavra “Carne de Cordeiro, que se trata, por exemplo, de um animal de até 6 meses” disse. Quem quiser mais informações sobre esse mercado pode entrar em contato com os corretores pelo 55 (9) 9633-8120.