Citizen Kane – Cidadão Kane – 1941 – Orson Welles
Pode se dizer que o cinema é uma arte relativamente “nova”, nascida em 1895, mas que evolui muito rápido. O cinema nasceu a partir de uma invenção de Thomas Edison: o “Fonógrafo”. Os irmãos Lumiére, também inventores, adaptaram o “Fonógrafo” e criaram o “Cinematógrafo”. No “Fonógrafo” as imagens eram estáticas e refletidas em espelhos, giravam numa caixa. As imagens sobrepostas davam a ilusão de movimento, e somente uma pessoa por vez poderia assistir as cenas projetadas na caixa. Com a invenção do “Cinematógrafo” os irmãos Lumiére perceberam que a “luz” era a alma do que eles pretendiam, então se tornou possível a projeção das cenas utilizando luz a retaguarda da “caixa” como projeção. Mesmo assim, é difícil definir a “invenção” propriamente dita do cinema.
La Passion de Jeanne d’Arc – A Paixão de Joana d’Arc – 1928 – Carl Dreyer
O primeiro filme já havia sido gravado e tinha apenas dois segundos. O “Cinematógrafo” já havia sido patenteado, mas foi perdido. Mesmo as grandes revoluções de montagem que foram atribuídas a este ou aquele cineasta é difícil de definir com certeza, justamente porque o cinema é uma arte de ideias e quem é lembrado, geralmente, é lembrado por aperfeiçoar essas ideias e não inventá-las. O que foi sendo percebido, com o decorrer do tempo, é que os cineastas começaram a explorar as possibilidades do que tinham em mãos e graças a isso foi possível encontrar as diversas formas de linguagem que há hoje em dia. Do primeiro frame, passando pelos cortes até chegar aos efeitos visuais, tudo foi possível mediante o aperfeiçoamento da técnica e das experimentações com o que o cinema poderia explorar.
Sunrise – Aurora – 1927 – F. W. Murnau
Digo isso, pois hoje em dia temos imagens em 4K, 3d e de alta qualidade de som. Parece estranho pensar em filmes que não sejam em alta definição de som e imagem, porém cada descoberta foi levando à seguinte e à próxima, de uma maneira tão eficaz e rápida que a história de uma arte com apenas 125 anos parece tão “antiga”. É necessário, assim, afastar qualquer tipo de receio ou dúvida ao se deparar com um filme antigo, pois esses filmes existem para que os novos sejam possíveis. Muito mais do que fazer parte da história como evolução da linguagem, mas pela qualidade que tem mesmo com recursos escassos. Além do mais, quando nos deparamos com os primeiros filmes, não podemos ser ingênuos a ponto de julga-los com base nas possibilidades que ele apresenta, ainda mais à aspectos técnicos de qualidade de som e imagem. Aconselho que se procure por filmes mais antigos e busque entender o porquê de serem tão importantes e quais descobertas, hoje consideradas simples, foram capazes de revolucionar os filmes em sua respectiva época. Alguém que não olha os filmes antigos está se limitando a uma parcela muito pequena da linguagem e não está explorando a arte, seria o mesmo como olhar apenas filmes de um gênero, de um cineasta ou de um país. Expanda a perspectiva assista filmes de todas as épocas, de todos os gêneros, de todos os cineastas e de todos os países que puder.