Um dos grandes desafios do agronegócio na fronteira gaúcha, sobretudo em Sant’Ana do Livramento, é a retomada da ovinocultura em larga escala como nos tempos de outrora quando o município chegou a ter mais de 1 milhão de cabeças de ovelhas e um dos principais e mais bem equipados lanifícios da América Latina. Com o passar dos anos, houve um desestímulo por parte dos produtores e de toda a cadeia em si, por conta dos preços pagos pela lã e as dificuldades que vão desde a mão de obra qualificada à ação predatória e de abigeatários.
Apesar disso, a tradição ovelheira do munícipio com seus vastos campos de basalto próprios para a criação de ovelhas não pode se perder no tempo. Atualmente, Livramento possui um rebanho de aproximadamente 289 mil cabeças conforme informações da Associação Rural e detém por lei o título de Capital Nacional da Ovinocultura. Diante disso, muito esforços estão sendo feitos por produtores e entidades para o fortalecimento desta cadeia produtiva que nos últimos anos vem aquecida, sobretudo, com a abertura do mercado de carne ovina em grandes centros comerciais do país.
Dentro dos principais problemas na criação de ovinos estão os ataques de javalis e outros predadores que nos últimos anos dizimaram rebanhos inteiros no município e fizeram produtores abandonar a atividade em certas localidades. Neste sentido, a Equipe Javali no Pampa, formada por vários técnicos santanenses vem há vários anos desenvolvendo alternativas de controle e combate a estes invasores como forma de auxiliar os produtores na retomada da ovinocultura. As técnicas vão desde a utilização de jaulas e armadilhas, busca ativa com auxílio de cães, cerca elétrica e a utilização de cães de pastoreio.
Nesta semana, a reportagem do Jornal A Plateia esteve em uma propriedade na região do Cerro Chato para conhecer a técnica de utilização e manejo do cão pastor Maremano no cuidado com o rebanho. O grande diferencial da raça italiana é sua capacidade de viver junto com as ovelhas no campo defendendo o rebanho da ação de predadores e invasores.
Segundo a história, o cão pastor maremano-abruzês é uma raça de cães oriunda da região central (Alpes-Abruzos) da Itália. É um cão guardião de ovelhas e seus antepassados, desde muitos séculos, protege ovelhas contra lobos e outros predadores. Fisicamente é um canino de grande porte e de aspecto rústico, de tronco mais longo que a altura. Pode chegar a medir 73 cm na cernelha e pesar 45 kg.
Segundo o produtor e membro da Equipe Javali no Pampa, médico veterinário La Hire Mendina Filho, desde que foi empregada a utilização dos cães junto ao seu rebanho de parição em consórcio com o cercamento elétrico os resultados são impressionantes com nenhuma perda de cordeiro por ação predatória: “O ideal é utilizar todas as técnicas juntas. Aqui, na propriedade, nós fizemos uma área de exclusão para o potreiro de parição utilizando a cerca elétrica. E colocamos o cão junto ao rebanho dentro da área. Além de outros cães no perímetro de fora da propriedade.
Segundo o produtor, o cão Maremano é um animal rústico por natureza perfeitamente adaptado às baixas temperaturas graças a região onde foi criado na Itália onde, inclusive, defende os rebanhos de ataques de lobos e até de ursos. – Mais informações sobre a raça, implantação e manejo na propriedade podem ser obtidas com os membros do Javali no Pampa por meio de sua página no Facebook.