Quatro meses depois da morte de Rudiney Martins, os profissionais não se sentem seguros
No primeiro dia do mês de julho completaram-se quatro meses desde a morte do taxista Rudiney Martins, de 36 anos. O crime chocou a cidade e mobilizou ainda mais os profissionais que cobraram as autoridades por mais segurança, principalmente no período da noite. Dois dos três envolvidos continuam presos e o outro, menor de idade, responderá em liberdade. De acordo com Giovana Müller, delegada responsável pelo caso, o inquérito foi remetido pouco tempo depois do ocorrido, em fevereiro. Agora aguardam a denúncia do promotor e o início da ação penal.
Mesmo assim, a classe dos taxistas, representada por Emerson Menezes, popularmente conhecido como Neco, garante que a justiça ainda não foi feita. “De forma alguma. A gente sabe que tem dois lá, preventivamente presos, mas a gente também tem a consciência de não saber até quando a justiça vai poder segurar eles lá. Tem um terceiro que está solto. Uma mãe está chorando hoje a perda de um filho trabalhador para ter um delinquente passeando aí […] Esses dois estão lá, mas amanhã ou depois a justiça vai ter que soltar, a gente sabe que funciona assim”, lamenta.
Quanto às mudanças no exercício da profissão, Neco pondera. “A única coisa que realmente mudou é a falta do Rudiney na noite. Era um cara que trabalhava na noite, era amigo de todo mundo, foi o que mudou. […] A gente trabalha porque precisa trabalhar, mas tu não sabe quem tu vai carregar. Era já para terem tomado algumas medidas, principalmente nos finais de semana. […] Até prenderem os delinquentes, eram feitas abordagens em táxis, pediam documentos dos passageiros e isso não existe mais hoje”. O representante dos taxistas disse ainda que a classe não se sente segura e pede mais atenção dos órgãos de segurança pública.
Questionada sobre as ações e abordagens, a Brigada Militar (BM), representada pelo Sub Comandante do 2° Regimento de Polícia Montado (2°RPMon), Major Aníbal Menezes da Silveira, disse que o trabalho continua. “Só no primeiro semestre de 2020, temos em torno de 11 mil e 200 pessoas abordadas, só no município de Livramento. […] No primeiro quadrimestre, nós fizemos em torno de 5 mil e 600 abordagens à veículos. Foram retiradas de circulação três armas de fogo nesse primeiro semestre, então com essas ações nos entendemos que estamos colaborando e levando mais segurança também para esses profissionais”. Silveira também destacou a ação conjunta com a Polícia Civil (PC) para localizar e prender os indivíduos envolvidos no crime cerca de dois dias depois. “A gente entende que a resposta foi dada à altura”, opina.
O CASO
Na noite de 19 de fevereiro, o taxista Rudiney Martins sofreu um assalto durante uma corrida no bairro Wilson e acabou sendo esfaqueado. Segundo informações repassadas por um colega de Martins, o fato teria acontecido por volta das 3h, quando o taxista teria sofrido pelo menos oito perfurações. Após ter sido esfaqueado, ele ainda conseguiu comunicar-se com os colegas pelo rádio sobre o incidente e foi socorrido pelos próprios taxistas. Após 12 dias em estado grave na UTI, o taxista não resistiu aos ferimentos.