O relato de quem teve todos os seus pertences roubados em mais de três horas de tortura psicológica por criminosos na região do Sarandi
Produtores rurais relataram com exclusividade ao Jornal A Plateia o que passaram na tarde da sexta-feira, 3 de julho. Foram momentos de terror na propriedade localizada na região do Sarandi, a mais de 70 km distante da cidade. Para preservar a integridade da família, a reportagem ocultou os nomes dos envolvidos.
Era um dia comum de lida de campo como todos os outros de trato dos animais e afazeres diários, até que em certo momento a calmaria e a tranquilidade do lugar foi abalada com a repentina chegada de criminosos fortemente armados que iniciariam uma ação que durou mais de três horas de terror. A região é de difícil acesso com muitas porteiras, matagal e os criminosos teriam se valido desta condição para atacar a propriedade.
As vítimas muito abaladas dizem não recordar de muitas coisas e que os dias seguintes estão sendo muito difíceis de superar o trauma: “Não consigo nem dormir, deito e passo a noite em claro sem pregar o olho. O sentimento que fica é que não temos nenhuma segurança neste país, como vamos produzir deste jeito? O problema são as leis e a burocracia que impedem, por exemplo, a ação imediata da polícia que depende da autorização do juiz para agir, o que deveria ser ao contrário, a polícia prender e ir atrás primeiro e depois o juiz julgar. Nunca pensamos em passar uma situação dessas, ainda mais lá que é um local tranquilo e de difícil acesso”, diz o produtor que trabalha há mais de 60 anos naquela região. Isolados e com armas apontadas para a cabeça o tempo todo, o único pensamento era sobre como seria o desfecho daquela terrível história.
“Eles chegaram a pé, era 3 homens. Disseram que ficaram um dia e meio de tocaia antes de nos atacar. Falaram que era uma morte encomendada e que receberiam 20 mil reais. Nos fotografaram e enviaram a foto para alguém. Depois de algum tempo veio a resposta. Não era nós. Foi um alívio”, disse o produtor.
Após roubar vários objetos da estância, os criminosos fugiram do local na caminhonete da família, uma Toyota de cor prata, que mais tarde foi encontrada capotada, na localidade conhecida como Venda Velha, próxima ao corredor que leva ao Caty.
– Daqui para a frente não sei como vai ser, como vamos prosseguir. Mas, a gente precisa continuar trabalhando, mas de que maneira não sei. Outro problema que eu vejo é que a legislação brasileira permite que a imprensa acabe divulgando tudo. Inclusive o modus-operandi desses criminosos que acabam aprendendo uns com os outros. No nosso caso, eles sabiam tudo como proceder e como preservar a ação deles. Tenho certeza que eles passaram pela escola da imprensa – desabafou o produtor
Naquela mesma noite, o produtor rural conseguiu se deslocar até o vizinho mais próximo que acionou a polícia. Em seguida, a Patrulha Rural e outras guarnições da Brigada Militar foram deslocadas para a propriedade e efetuaram buscas na região. “Assim que recebemos a informação do ocorrido deslocamos as guarnições para aquela localidade para prestar socorro à família. Foram realizadas diversas buscas naquela mesma noite, a fim de encontrar os criminosos. Tanto a Brigada Militar quanto a Polícia Civil estão trabalhando neste caso desde o seu ocorrido”, destaca o Major Silveira que responde interinamente pelo comando do 2° RPMon.
A reportagem também entrou em contato com a Delegada Giovana Muller, da Polícia Civil que investiga o caso. “Nós realizamos a perícia na casa das vítimas e também no automóvel, as demais informações referentes à investigação seguem em sigilo”, conclui a Delegada.
Matias Moura
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