Homem o chamou de “negro sujo”, entre outros xingamentos e fugiu após o acionamento da Brigada Militar
Em meio a tantas manifestações contra o racismo, uma situação de injúria racial aconteceu nesta semana em Livramento. O empresário santanense André Luciano Gomes, sofreu injúrias raciais por parte de um cliente em um comércio de rações na qual sua companheira é proprietária. André comentou que o primeiro ato de injúria não aconteceu diretamente a ele, e sim, as suas funcionárias que atendiam o acusado: “Foi em fevereiro, na primeira vez que este senhor veio até aqui à loja da minha esposa e perguntou sobre uma ração específica. As nossas funcionárias disseram que não tinha no momento e que chegaria somente após o retorno do casal, proprietário do comércio, de viagem. Este homem questionou sobre ter ido viajar com ‘aquele negro sujo’; ‘Capaz que ela voltou com aquele negro’ e ainda completou com a frase ‘vocês sabem que negro é tudo fedorento, negro fede’, as minhas funcionárias na época ficaram quietas, pois não tinham o que comentar”, conta.
André relatou que este homem foi uma segunda vez ao estabelecimento e que criticou o atendimento recebido na primeira vez: “Eu não sabia do ocorrido ainda, ele me viu aqui na loja e veio falar mal do atendimento realizado pelas funcionárias, foi bem quando começou a quarentena. Eu comentei que veio um senhor e reclamou de vocês, nesse momento fui informado que este sujeito havia feitos injúrias raciais ao meu respeito”.
O fato mais preocupante aconteceu na última segunda-feira (15), o homem esteve pela terceira vez no estabelecimento ameaçando agredir André fisicamente: “Próximo às 16h30min, ele esteve aqui na loja, como estava de máscara eu não me dei conta, quando eu vi que era ele fui até lá e perguntei tranquilamente sobre as injúrias, esperando um pedido de desculpa, ou falando que era uma brincadeira. Quando eu o questionei, ele foi pego de surpresa e assim começou a me atacar falando ‘se eu falei é porque ela dá a liberdade de falar da sua vida e digo mais eu vou te pegar na rua, a gente vai se encontrar na rua e vou te pegar na rua’, neste momento eu peguei o celular chamei a polícia, quando eu estava ligando ele saiu porta fora dizendo que ia me pegar na rua e atravessou para o lado do Uruguai”, finaliza.
Em conversa com a Delegada da Polícia Civil Giovana Muller, o crime de injúria racial está previsto no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, que estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la. De acordo com o dispositivo, injuriar seria ofender a dignidade ou o decoro utilizando elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.