ter, 26 de novembro de 2024

Variedades Digital | 23 e 24.11.24

Escolinhas arrombadas durante a pandemia é um crime contra a Educação

Escolas infantis do município foram furtadas, em uma delas ocorreram dois furtos seguidos

Há pouco mais de uma semana, na madrugada de segunda para terça-feira (19), a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Dudu, localizada no bairro Wilson, foi vítima da ação de criminosos. Na ação, foram levadas uma caixa de som, garrafas de álcool em gel, material pedagógico e um aparelho de ar condicionado, que ainda não havia sido instalado por ser fruto de uma doação recente.
Para conseguir acessar o interior do prédio, os bandidos arrancaram uma grade, que havia sido instalada um dia antes, e quebraram o vidro de uma janela que está localizada na parte dos fundos da instituição. Após garantir a entrada, um dos invasores conseguiu abrir os cadeados e as portas por dentro para facilitar a retirada dos pertences.
Antes da fuga, os bandidos ainda reviraram os armários da escola, inclusive os da cozinha, deixando para trás, em meio a bagunça, diversos alimentos espalhados pelo chão. Ainda na cozinha, a equipe da escola também encontrouum pote de doce de leite aberto, que teria sido consumido pelos invasores no local e descartado depois da ação.
O arrombamento só foi constatado na tarde de terça porque as atividades na escola estão paralisadas por conta da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19). Assim que o crime foi descoberto, a diretora da escola foi até a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) para realizar o registro da ocorrência.
Com o registro em mãos, a equipe diretiva relatou o ocorrido na página da escola em uma rede social, inclusive com algumas fotos de como os bandidos deixaram o local. Pouco tempo depois, uma pessoa entrou em contato com a escola dizendo ter informações sobre o paradeiro dos itens roubados.
De acordo com essa pessoa, os indivíduos responsáveis pelo arrombamento estariam comercializando os itens no bairro Brasília. Ao receber a informação, a direção cogitou dois indivíduos como suspeitos. Isso porque na segunda-feira, um dia antes da invasão, a escola realizou a entrega de alguns alimentos à comunidade.
Nesta oportunidade, segundo relatado pelas responsáveis pela instituição, dois homens estavam em atitude suspeita enquanto aguardavam para receber as doações. Ainda segundo o relato, esses mesmos homens teriam permanecido na fila por alguns instantes, o suficiente para definir os seus alvos.
Já com o endereço e características dos suspeitos em mãos, a direção novamente procurou as autoridades. As forças de segurança protocolaram um pedido de busca que, até o fechamento desta matéria, não havia sido apreciado pela justiça.

Nova semana e um novo arrombamento

No início desta semana, a Escola Municipal Infantil Joca Paiva, na região central da cidade, foi alvo de criminosos. A escola teve as grades da janela da cozinha arrancadas para que os autores entrassem. No quesito segurança, o educandário não dispõe de câmeras de vigilância, mas as portas de todos os recintos estavam com cadeados, visto que não há fluxo de pessoas por causa da pandemia de coronavírus.
Os bandidos destruíram, praticamente, todas as portas para vasculhar e levar objetos de valor. A diretora Jadete Acosta, acompanhada de algumas funcionárias, olhava incrédula o que havia acontecido com o espaço que administra. A secretaria completamente revirada, papéis no chão, gavetas e armários abertos em busca de algum tipo de valor, segundo Jadete, cinco televisores foram levados, micro-ondas e até mesmo os alimentos da dispensa foram levados. Alguns outros utensílios e materiais estavam prontos para serem furtados em uma próxima visita: “Sexta-feira viemos aqui e estava tudo bem. Infelizmente aconteceu na madrugada de domingo para segunda, pois eles entraram e colocaram tudo em sacos plásticos de lixo, inclusive encontramos em uma das portas de saída uma sacola com carnes ainda descongelando o que indica que foi recente, além de um saco com os aparelhos de DVD’s que seriam levados e garrafas de álcool liquido e em gel, uma cena muito triste de ver”, destaca em prantos com a situação que a escola foi deixada.
Até mesmo um desenho de uma suástica, um símbolo nazista foi rabiscado na parede da escola. Por não possuir nenhum tipo de monitoramento, a diretora aposta que câmeras das proximidades possam ter flagrado a ação dos criminosos.

O que dizem as autoridades?

Quanto às ocorrências, o Subcomandante do 2°RPMon, Major Aníbal Menezes da Silveira, disse que a Brigada Militar (BM) constatou que houve um acréscimo em relação ao ano passado. “Nesses cinco primeiros meses de 2020 nós tivemos dez ocorrências de furto/arrombamento a escolas, neste mesmo período em 2019 foram seis ocorrências”.
Entretanto, ainda há um outro fator que corrobora com os criminosos. “Com a questão da pandemia, existe uma redução do número de pessoas nas ruas, também diminuiu o fluxo de pessoas nas escolas e isso encorajou os meliantes a cometer os delitos”, avalia.
Sobre a resposta que a BM está dando para essas situações, o Major Silveira destacou a intensificação do policiamento ostensivo para aumentar a sensação de segurança da comunidade, com a realização de abordagens policiais na tentativa de reduzir esses números. Ainda sobre o tema, Silveira disse que a BM está ciente do panorama e trabalha em contato direto com a direção das escolas.

“Um ato de pura maldade”

A delegada Giovana Muller destaca a recorrência deste tipo de ações e lamenta o fato, pois as escolas adquirem alguns materiais com tanto esforço e acabam perdendo nestas situações: “Esses furtos nas escolas, infelizmente, é bem corriqueiro. Reiteradamente a gente acaba enfrentando esse tipo de situação, tentando identificar esses ladrões. No caso da Escola Dudu, a gente tem suspeito do fato e da Escola Joca Paiva a gente continua trabalhando. É lamentável porque é uma escola que atende as crianças e tem toda uma estrutura que eles conseguem de uma maneira complicada e esse material todo que eles tinham foi levado de maneira repentina. É um ato de pura maldade esses furtos nestes espaços, são ações que demonstram total desrespeito”, destaca.
Questionada sobre como prevenir este tipo de ocorrência, Giovana destacou a importância de uma vigilância com câmeras de monitoramento: “O combate também é questão das escolas conseguirem mais segurança, em termos de vídeo monitoramento, cadeados e correntes reforçadas, eles já devem ter, então é difícil dizer como combater porque aí entra também outros fatores que não competem só a Polícia Civil”, finaliza.

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