qui, 2 de janeiro de 2025

Variedades Digital | 27 e 28.12.24

“Não a considero mais minha filha. Se foi ela, é um monstro”, diz avó de menino assassinado pela mãe

Isaíldes Batista, 58 anos, ainda não conseguiu assimilar tudo que ocorreu com sua família em Planalto, no norte do Estado. Em 15 de maio, ela percebeu o desaparecimento do neto Rafael Mateus Winques, 11 anos, e insistiu para a sua filha, Alexandra Dougokenski, a mãe do menino, avisar as autoridades. Foram 10 dias de aflição até que, nesta segunda-feira (25), Isaíldes ficou sabendo que o neto estava morto e que a filha tinha sido presa após confessar o crime.

— Não cai a ficha pra nós. Não acreditamos em tudo que tá acontecendo — disse a avó de Rafael, que jamais pensou que sua própria filha tivesse assassinado seu neto.

— A gente quer Justiça para quem fez essa maldade, e que vai pagar. Não considero mais ela (Alexandra) minha filha. A gente não aceita. Se foi ela, ela é um monstro — desabafou Isaíldes.

Ao mesmo tempo em que tenta compreender tudo, a avó recorda, com carinho, sobre o neto:

— O Rafa era querido por todos, um amor. Um sonho de criança. É como um pedaço da gente (que) está indo. É tudo muito triste, muito cruel.

Foi ela que percebeu que Rafael havia sumido de casa. No dia 15 de maio, uma sexta-feira, foi levar algumas contas na casa da filha, que fica do outro lado da rua de sua residência. Ao chegar, por volta das 8h, notou que Rafael não saiu do quarto para lhe dar um abraço, como tradicionalmente fazia. Pensou, em um primeiro momento, que ele havia se escondido.’

— O Rafa sempre sai lá de dentro, me incomoda e brinca, coisa assim. Eu perguntei pra ela: “O Rafa não tá lá?” E ela respondeu “não?” — lembrou.

Em seguida, a avó conta que insistiu:

— Tô falando, ele não está. Vi que a caminha dele tava bagunçada, a porta só encostada.

A mãe de Rafael, então, respondeu, segundo a avó: “Pensei que ele tinha ido na sua casa”.

— Eu respondi: meu Deus, quando que o rapaz teria vindo tão cedinho assim? — questionou.

A avó do menino relatou que ficou apavorada com a situação e pediu que a filha procurasse as autoridades. Alexandra, então, teria ligado para o namorado, que apareceu em seguida. A avó diz que sua filha parecia estar tranquila. Foi só após muita insistência que concordou que a primeira autoridade fosse avisada: o Conselho Tutelar.

De acordo com Isaíldes, Alexandra parecia ser uma boa mãe e mantinha Rafael e o irmão, de 16 anos, com disciplina.

— Qualquer vizinho vai te falar isso, ela era uma boa mãe. Eu quando me estranho com meus filhos chuto o pau na barraca, com ela (Alexandra) os filhos eram todos disciplinados — comentou.

Ainda segundo a avó, Rafael mantinha um bom relacionamento com o irmão e com o padrasto e não havia motivo algum para que alguém o fizesse mal. Ela diz não desconfiar de outras pessoas.

Ao descrever as roupas com as quais o filho Rafael Mateus Winques, 11 anos, teria saído de casa na sexta-feira, 15 de maio, Alexandra Dougokenski, 33 anos, foi detalhista: camiseta do Grêmio, calça de moletom preta, chinelos e óculos de grau. A informação precisa intrigou a polícia desde o começo. Se a mãe não tinha visto o menino deixar a residência pela porta da frente, como ela alegava que havia acontecido, como podia ter certeza sobre esse ponto? Após a mulher confessar ter matado o garoto, no fim da tarde desta segunda-feira (25), os policiais encontraram o corpo da criança.

Quando relatava as últimas horas que havia passado com o filho, a mãe era detalhista. Descrevia o momento em que havia coberto Rafael na noite anterior ao desaparecimento porque ele estava com o frio. Aquelas descrições integravam as dúvidas que orbitavam a cabeça dos policiais envolvidos na investigação do desaparecimento do menino.

— Ela procurava passar para a polícia uma riqueza de detalhes que ela certamente não tinha como saber — afirmou o diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Joerberth Nunes, em entrevista coletiva nesta terça-feira (26).

Quando decidiu comunicar o desaparecimento do filho, a mãe procurou primeiro o Conselho Tutelar. Só depois, buscou a polícia, sob orientação das próprias conselheiras. Segundo o relato de Alexandra, ela havia acordado na manhã do dia 15 de maio e o filho tinha sumido. Ela alegava saber da roupa porque essas tinham sido as únicas peças a desaparecer do quarto da criança. Outro fato que intrigava os envolvidos na apuração do caso era a temperatura baixa naquela madrugada. Por que o garoto teria saído de dentro de casa com tão pouca roupa?

— Naquela noite, fez muito frio aqui. Era uma noite muito gelada. É mais estranho ainda que ele tenha saído com tão pouca roupa para a rua — analisou a promotora Michele Taís Dumke Kufner, em entrevista a GaúchaZH, no dia 22 de maio.

Um dia antes, a promotora tinha estado na residência onde Rafael vivia com a família. Michele queria entender como era o local de onde a mãe afirmava que ele tinha desaparecido. Naquele momento, também lhe chamou atenção que Alexandra narrava os fatos de forma cronológica, sem demostrar emoção.

— Não chorava, não se desesperava. Isso nos chamou muito a atenção — descreve a promotora.

Ao mesmo tempo, a polícia tentava desvendar o perfil do menino e o histórico da família. Rafael era descrito pelos colegas, vizinhos e professores como uma criança calma, educada, porém introvertida. Tinha poucos amigos e era bastante introspectivo. Vivia com a mãe e o irmão, de 16 anos. Mas mantinha contato, principalmente por telefone, com o pai. O agricultor, separado de Alexandra há cerca de três anos, reside em Bento Gonçalves, na Serra.

Em Planalto, município de cerca de 10 mil habitantes, o próprio delegado Ercílio Carletti, responsável por coordenar a investigação do caso, costumava ver a criança passar perto da delegacia, sempre acompanhada da mãe. Ia e vinha da escola, sempre sob supervisão da família. O máximo que o garoto costumava ir sozinho era até o mercado próximo.

O Ministério Público e o Conselho Tutelar também buscaram levantar o histórico da família. Mas nenhum expediente que indicasse negligência ou maus-tratos foi encontrado.

— Nenhum depoimento indicava alguma desavença dessa mãe com esse filho — recorda o delegado Nunes.

Assim, a polícia seguia trabalhando com diferentes hipóteses: que o menino tivesse saído de casa por conta própria — o que começou a perder força com o passar dos dias —, que tivesse sido retirado da residência por outra pessoa e que tivesse sido assassinado dentro de casa. Uma semana depois de desaparecimento, na noite do dia 22, peritos estiveram na moradia e coletaram amostras, em busca de vestígios de sangue.

A partir dali, o comportamento da mãe começou a chamar a atenção novamente. Alexandra se fechou e evitava dar declarações à imprensa. Contrastava com a forma como, em geral, agem os familiares de desaparecidos, em busca da divulgação do caso. A mulher foi ouvida repetidas vezes pela polícia, de maneira informal e formal (quando presta depoimento).

Na tarde de segunda-feira, mais uma vez passou a ser ouvida pela polícia em Planalto. Antes de Alexandra deixar a delegacia, o delegado Ercílio Carletti disse à mulher que queria conversar novamente com ela, a sós.

— Questionei outra vez o que realmente tinha acontecido. Eu sabia que tinha alguma coisa errada. Depois dos vários depoimentos que ouvimos, aquelas versões não batiam. E ela então decidiu falar. Se mostrou emocionada e confessou — disse o policial.

Em uma versão que ainda está sendo investigada pela polícia, a mãe alegou ter matado o filho por acidente, ao medicá-lo com dois comprimidos de diazepam para que ele adormecesse. A perícia confirmou na manhã de hoje que o garoto foi assassinado por estrangulamento. Na confissão, Alexandra disse que brigou com o menino porque ele não queria dormir e nem largar o celular. E, por isso, deu a ele os dois comprimidos. A mulher afirmou que só percebeu a morte da criança durante a madrugada.

—  Ela diz que, ao perceber que o filho estava morto, enrolou ele em um lençol e arrastou o corpo até a garagem dessa outra casa. Mas ela não conseguiu nos responder como sabia que ele estava morto e não apenas desacordado —  disse Nunes.

A própria mãe indicou o local onde estava o corpo do menino, dentro de uma caixa de papelão. A criança vestia exatamente as mesmas roupas que tinham sido descritas por ela. A casa onde o cadáver foi encontrado é habitada, mas os moradores estavam fora do município há alguns dias — desde antes do desaparecimento do menino. A residência fica a cerca de cinco metros de distância da porta dos fundos da residência onde o garoto vivia. A confissão de Alexandra, no entanto, ainda deixa uma série de dúvidas, que seguem sendo apuradas.

A polícia averigua ainda se mais alguém mais teve participação na morte do menino. Outra questão que depende do resultado da perícia ainda em andamento é se o medicamento que Alexandra afirma ter administrado no filho realmente foi usado. Uma das hipóteses é que a criança possa ter sido dopada e depois estrangulada. Isso explicaria, segundo a polícia, o fato de que o outro filho, adolescente, dizer não ter ouvido nada do quarto dele.

A necropsia também deve estimar, com base no estado em que se encontra o corpo, a data em que Rafael foi morto. Alexandra teve a prisão temporária decretada pela Justiça na noite de segunda-feira. A investigação tenta responder ainda o que levou a mãe a assassinar o próprio filho.

— A versão que ela apresentou não está coincidindo. O motivo que ela alegou cai por terra com o resultado dessa perícia (que identificou a causa da morte como estrangulamento). A motivação é algo que ainda temos que esclarecer — disse o delegado Carletti.

Fonte: GauchaZH

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