Uma verdadeira batalha campal registrada no amanhecer do dia 9 de dezembro pela reportagem do Jornal A Plateia reacendeu a discussão em torno dos problemas da João Goulart
Amanhecer de segunda-feira 9 de dezembro de 2019, um dia que vai ficar marcado pela violência em Sant’Ana do Livramento. Uma série de brigas na saída de uma casa noturna após um baile funk, por volta das 5h30 da manhã, acabou desencadeando uma verdadeira batalha campal ao logo da Avenida João Goulart.
Paus, pedras e garrafas sendo arremessadas de um lado para outro em meio a gritaria e algazarra no quarteirão entre as ruas Vasco Alves e Manduca Rodrigues, a BR virou uma verdadeira praça de guerra entre grupos.
As cenas foram registradas pela reportagem do Jornal A Plateia e as imagens mostraram grupos se enfrentando no meio da rua, ignorando os veículos que passavam pelo local e as pessoas que estavam a caminho do trabalho. Um ônibus de linha que saía do município pela BR quase foi atingido por uma garrafa arremessada por um jovem que estava próximo a uma calçada. Segundo informações repassadas a nossa reportagem, a madrugada foi marcada por badernas e gritarias, além de muitas brigas em diversos pontos da João Goulart.
Uma trabalhadora que não quis se identificar disse que já mudou a sua rota com medo de ser atingida por uma pedrada ou coisa pior. A algazarra só se dissipou com a chegada de duas viaturas da BM com as sirenes ligadas, foi quando os vândalos fugiram pelas ruas paralelas. Tanto homens quanto mulheres foram flagrados pela reportagem participando da briga generalizada.
Repercussão negativa
Em poucos minutos, as cenas de barbárie viralizaram nas redes sociais, causando uma verdadeira revolta nos internautas que pediram uma solução para os constantes transtornos causados por vândalos nas noites santanenses. Após a confusão, um rastro de destruição ficou pelas ruas, onde veículos em revendas acabaram sendo apedrejados, o vidro de uma janela de uma casa noturna foi quebrado, além de paus, pedras e cacos de vidros espalhados no chão. As imagens ganharam repercussão nos programas jornalísticos das emissoras RBS TV e SBT TV.
Resposta imediata
Assim que tomou conhecimento das imagens e do acontecido, o comandante do 2º RPMon, Tenente Coronel Otero convocou uma coletiva de imprensa. Segundo ele, no momento da confusão várias viaturas estavam fazendo o policiamento ostensivo pelas ruas do município e que numa situação atípica como esta onde existe um grande número de jovens armados com paus, pedras e garrafas é preciso utilizar o pelotão de choque para conter os vândalos. O erro, segundo o comandante, foi dos organizadores da festa funk que não comunicaram a Brigada Militar sobre o evento deste porte, que acaba juntando um aglomerado de pessoas, que muitas vezes saem de casa somente para tumultuar e não para se divertir.
Responsabilidade dos pais
Ao analisar as imagens, o comandante destacou que a grande maioria dos envolvidos na confusão eram menores de idade e cobrou uma solução dos pais.
Otero afirmou o que chamou de “falta de responsabilidade e respeito dos jovens para com as pessoas”. “Eu fico perplexo. Cadê os pais dessas crianças e adolescentes? Claro que a responsabilidade da Segurança Pública é da Brigada Militar e eu não tenho dúvida disso. Nós temos em Sant’Ana do Livramento 70 mil pessoas que também precisam da Brigada Militar. Nós fizemos um policiamento ostensivo para que as pessoas possam ir e vir e não sejam furtadas ou roubadas. Nós fizemos um policiamento nos bairros para que as pessoas possam sair das suas casa e não tenham elas invadidas. Por semana, nós temos de 6 a 8 ocorrências de Maria da Penha”, comentou.
O comandante garantiu que daqui para a frente as operações na João Goulart irão se intensificar a fim de trazer segurança, paz e tranquilidade aos moradores e frequentadores dos espaços públicos. “A Brigada vai continuar fazendo as operações cada vez mais fortes junto ao Ministério Público e chamaremos também outros órgãos. Vamos fazer a fiscalização no interior dos locais de danceteria porque eu quero ver se tem adolescente lá dentro, ver se tem bebida alcoólica sendo vendida para esses adolescentes. Nós somos chamados em uma média de 30 a 40 vezes, por fim de semana, de moradores reclamando do som alto. As pessoas fazem necessidades no muro de suas casas. Isso é respeito e respeito se traz de casa. Neste final de semana nós vamos fazer uma operação e vamos deter esses adolescentes que estiverem cometendo algum tipo de alteração porque a comunidade não aguenta mais esses desmandos familiares, adolescentes que desrespeitam as pessoas e as autoridades policiais”.
Sobre a festa, o Coronel Otero disse que recebeu no quartel da Brigada Militar a visita dos empresários, proprietários da casa noturna, que se comprometeram em não realizar mais este tipo de festa nas madrugadas de segunda-feira. Segundo um dos empresários, dentro do seu estabelecimento é proibida a entrada de menores, porém, somente acompanhados por um responsável e é estritamente proibida a venda de bebidas alcoólicas para os menores
Matias Moura
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