O diretor da Escola Estadual Dr. Silvio Ribeiro e membro da Academia Santanense de Letras, João Santos, escreveu uma carta-poema ao Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. A publicação foi feita no Dia do Professor.
Sua carta-poema foi escrita como forma de protesto pelas dificuldades enfrentadas pelos professores do Estado. Durante o texto, várias perguntas foram feitas pelo professor ao Governador, confira:
“Senhor Governador
O que houve com a vossa pessoa
Onde foi o seu amor?
Onde ficaram as suas falas
As suas promessas
Em defesa do professor?
Não bastasse toda a dificuldade
Todo o triste dissabor
Vem-me com mais uma o senhor?
Não havia outro momento
Outra ocasião para propor tal ataque
Aos mestres da Educação?
Sugerindo cortes
Retirada de direitos
Extinguindo gratificação…
Não, não… talvez
Não saiba mesmo o senhor
O que é passar fome, agruras e dor;
Olhar para um filho
Que lhe pede algo e dizer:
Não tenho, meu amor!!
Não, não estou exagerando
Nem delirando, Governador
Só quero saber, o que houve com o senhor?
O senhor se enganou, não mediu direito
A sua capacidade, as suas forças
Com o que tinha que ser feito?
Responda-me , Governador
Não com seu olhar de executor
Mas com olhos de ser humano
Que ainda não se olvidou do amor!
Não me deixe nesta angustia
E a nenhum outro professor
Livrai-nos disto, senhor Governador!
Não queremos perder a fé
Nem perder-nos de pavor
Reerguei-nos, Governador!
Para muitos o senhor era o cavaleiro
No qual depositaram confiança
Para trazer-lhes novamente a esperança!
Não permita, Senhor
Que apaguem essa imagem
De luzidio cavaleiro
portando alvissareira mensagem!
Dê um jeito, senhor Governador
Nesta triste situação
Reverta este quadro, para o bem da educação!
Vós, Governador, que tendes o poder
O saber, a lei e a decisão
De sua cátedra, use senso e razão!
Pense nos milhares de filhos
Que já estão em desespero
O que farão sem trabalho e dinheiro?
Pense, governador! Dê um jeito
Encontre uma solução, uma saída
Não oprima, nem subjugue tantas vidas.
Arroxe os gastos, corte as mordomias
Aperte bem, incomode o Presidente
Só não sufoque a gente!
Porque o professor, senhor Governador
É a base da sociedade
É um dos poucos que trilham o caminho da verdade.
Tente imaginar
Tente, senhor Governador
Como ficará o estado do Estado
Sem a mão do professor!
Imagine como será o futuro
Do jovem de hoje e de qualquer cidadão
Sem o suporte de uma boa Educação!
Dê volta, pense, repense
Reflita e se desdobre
Seguir em frente nem sempre é certo
Retroceder, às vezes, pode ser nobre.
E assim, quando cair a noite
Possa o senhor Governador
Ao recostar-se em seu leito
Com a consciência tranquila, dormir
Por ter feito o que tinha que ser feito.
Nada mais peço e aqui me despeço
Com estes versos, prezado Governador
Crendo que serão lidos e atendidos
Os pedidos deste poeta-professor!”
João Maria dos Santos – 15/10/2019