A Brigada Militar formou 35 instrutores do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). A cerimônia de formatura foi no auditório da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), em Porto Alegre. O curso de formação começou em 23 de setembro e teve 110 horas-aula de conteúdos como legislação, método pedagógico e efeitos psicossociais das drogas entre outros conhecimentos.
Os policiais militares agora qualificados pelo Proerd vão orientar estudantes sobre os riscos das drogas e de práticas violentas. Eles vão atuar nos bairros mais vulneráveis dos 18 municípios prioritários do programa RS Seguro.
Através de estudos da criminalidade, o programa identificou nessas cidades a ocorrência de mais de 80% dos homicídios do Estado e de 90% dos roubos de veículos. Alinhada com o segundo eixo do programa, o das políticas sociais preventivas, a atuação dos novos instrutores nesses locais foi pensada para auxiliar nas estratégias de diminuição dos indicadores.
”Com a redução da criminalidade nestas cidades, vamos impactar o Estado inteiro e o Proerd vai ajudar com o fortalecimento dos nossos jovens para que digam não às drogas, que levam a outras formas de violência”, disse o comandante-geral da BM, coronel Mário Ikeda.
O comandante ainda destacou a importância da prevenção na formação de uma sociedade menos violenta. “As muitas demandas de um policial muitas vezes fazem com que ele esteja mais focado na repressão. Mas o policiamento não é feito só por quem faz a prisão e a apreensão de drogas. É muito necessária a ação preventiva dentro das comunidades. Por isso nós consideramos o Proerd o maior programa da Brigada Militar”, afirmou.
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Comandante-geral da BM, coronel Ikeda destacou a importância da prevenção na formação de uma sociedade menos violenta – Foto: Robson Alves / Brigada Militar
A turma que se formou nesta sexta teve o acompanhamento dos americanos Rafael Morales e Ruel Fuentecilla, integrantes do Drug Abuse Resistance Education (D.A.R.E.), entidade que desenvolveu um método de combate às drogas nas escolas na década de 1980 nos Estados Unidos. Com a avaliação do D.A.R.E., a Brigada Militar foi recertificada para aplicar o método.
“Hoje recertificada para que possa atuar com as crianças, a BM pode orientar os jovens da comunidade sobre o momento da tomada de decisão na hora de dizer não às drogas. É um papel fundamental”, disse o secretário adjunto da Segurança Pública, coronel Marcelo Frota.
Coordenador estadual do Proerd, o coronel Ricardo Hoffman disse que o programa aproxima os policiais militares da comunidade. “Eles agora são também educadores sociais e o comportamento do policial muda com esta aproximação. O PM que deu aula nas escolas com o Proerd retorna para a tropa com uma visão diferente do mundo e da atuação comunitária da polícia. É um programa que marca tanto a vida dos alunos como a dos policiais”, afirmou.
Trajetória de duas décadas
Em seu discurso para os formandos, o coordenador fez um apelo: “Não esmoreçam, não fraquejem com as pedras que aparecerem no caminho. Vão em frente porque a sociedade e os nossos jovens precisam de vocês”, pediu.
Os policias que atenderam a este chamado e agora são instrutores confirmam que o curso já mudou suas trajetórias, como é o caso da soldado Regiane Rios, que atua em Cachoeirinha. “O curso é um divisor de águas. Existe a policial Rios antes e depois do Proerd. Como o programa é sobre prevenção, nós vemos nele uma forma eficaz de combate à violência”, disse.
A soldado Lenara de Menezes, além de comemorar a formatura, estava celebrando também o seu aniversário. Os colegas de turma, que vibravam com a entrega de cada certificado, homenagearam Lenara com um parabéns quando chegou o seu momento. “Desde criança eu acompanho o programa e quando entrei na corporação este foi um dos meus primeiros objetivos. O Proerd promove o renascimento do policial. E como hoje é meu aniversário, deu bem certo. É um renascimento de quem eu sou como policial”, contou.
O Proerd existe no Brasil desde 1992, implantado pela polícia militar do Rio de Janeiro. O programa chegou ao Rio Grande do Sul em 1998. Atualmente, tem 852 instrutores habilitados. Desde o início no Estado, já foram 300 municípios abrangidos e 3.048 escolas visitadas.