Mais uma Semana Farroupilha encerrou ontem com o desfile de 20 de Setembro reunindo mais de 4 mil cavaleiros na Rua dos Andradas
Tudo contribuiu. Mal o dia clareava na fronteira da paz, sons de cascos e relinchos de cavalos quebravam o silêncio da manhã. Em quase todos os cantos de Livramento surgia, ao longe, figuras a cavalo, piquetes inteiros com peões prendas, crianças, adultos e velhos, cultuando as tradições do seu pago.
Nos seus rostos, o sorriso largo de quem sabe de onde veio e para onde vai, de quem tem raiz e alma gaúcha. Nas ruas, a tradição estampada em verdadeiros quadros campeiros de gaúchos a cavalo e de prendas faceiras com seus vestidos rodados e com flores nos cabelos trançados. Uma cena que nos remete a um passado não muito distante que teima em se fazer presente com seus ideais libertários, com suas memórias farroupilhas.
E foram muitas as Anitas que cruzaram a rua dos Andradas em mais um 20 de setembro, mostrando a beleza, a força e a raça da mulher gaúcha que numa mescla de mãe, combatente, estancieira, esposa e parceira forjaram a identidade do nosso povo.
E foram tantos os Bentos, Nettos e Garibaldis, que de bandeira empunho e gritos de euforia cruzaram as ruas da Praça General Osório tirando o sombreiro para as autoridades e acenando ao público debaixo do sol quente de um final de inverno.
Sant’Ana do Livramento demostrou mais uma vez o porquê é considerada o berço do gauchismo quando os mais de 4 mil cavaleiros cruzaram a rua dos Andradas neste 20 de setembro.
Este é parte do legado de Paixão Côrtes e do grupo dos oito que, em 1947, por pura astúcia, coragem e galhardia ousaram montar a cavalo, roubar uma centelha da chama da pira da pátria na capital dos gaúchos e fundar um dos maiores movimentos culturais do mundo, resgatando a história e a cultura do gaúcho num levante de valorização e telurismo que até hoje nos traz lágrimas aos olhos e fortes emoções ao coração quando escutamos o estribilho do nosso hino dizendo: “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra”!