As histórias de pessoas que tiveram suas vidas destruídas pela dependência química e hoje estão em busca de um recomeço
A ilusão de uma tragada é onde tudo começa, com um convite. Pronto. A curiosidade e a busca pelo novo acabam levando o usuário a um caminho de solidão, angústia, desespero, destruição e, muitas vezes, até à morte. A droga não escolhe idade, classe social, cor. Ela está inserida em todas as camadas da sociedade como um câncer que, aos poucos, vai corroendo vidas e transformando pessoas em verdadeiros mortos-vivos. Um grave problema de saúde pública que precisa ser tratado e discutido com todos. O uso de drogas e os da
nos associados a ele são mais elevados entre os jovens em comparação aos mais velhos. A maioria das pesquisas sugere que a adolescência precoce (12-14 anos), a tardia (15-17 anos) é um período de risco crítico para o início do uso de substâncias e pode atingir o pico entre os jovens (com idade entre 18 e 25 anos). A cannabis é uma droga de escolha comum pelos jovens, no entanto, o uso de drogas entre os jovens difere de país para país e depende das circunstâncias sociais e econômicas dos envolvidos. Há duas tipologias extremas de uso de drogas entre os jovens:
drogas de clubes, na vida noturna, e uso recreativo; além do uso de inalantes entre crianças de rua para lidar com suas circunstâncias adversas. Segundo algumas pesqui
sas do Ministério da Saúde, o uso entre a geração mais velha (com 40 anos ou mais) tem aumentado a um ritmo mais rápido do que entre os mais jovens, embora haja apenas dados limitados disponíveis. Entre os principais motivos apontados pelos pesquisadores para a drogadição, a curiosidade, a pressão e aceitação do grupo entre os jovens; e os problemas emocionais e questões internas entre os adultos, que acabam encontrando nessas substâncias uma fuga para os seus problemas ou a busca pelo prazer.
Sentando em uma cadeira, no pátio do CAPS AD, recebendo os raios de sol de uma manhã fria de outono, João Pedro, 46 anos, olhava ao longe em silêncio. Talvez, frente aos seu olhos, as imagens do passado teimem em não ir embora e fazem morada em seu pensamento. Quieto e de sorriso acanhado, João Pedro diz que o que lhe motivou buscar ajuda no CAPS foi querer mudar de vida e deixar o passado de
usuário de drogas para trás. “Comecei a usar há muito tempo, ainda era guri, mas hoje estou bem. Gosto daqui porque a gente é muito bem tratado por todo mundo Tem o pessoal da enfermagem, a assistente social, a psicóloga, tem a cozinheira e todos eles nos apoiando em busca de uma nova vida” disse. João Pedro conta que já trabalhou na construção civil e também de marceneiro,
O que o dependente químico, muitas vezes, não sabe é que junto com ele a sua família irá se tornar também refém do vício, por causar dor e sofrimento em todas as pessoas envolvidas com o usuário. É somente nessa hora, quando o usuário se encontra no fundo do poço, que os familiares acabam buscando ajuda para o problema. Em Sant’Ana do Livramento, assim como outros municípios, um dos serviços ofertados pelo Estado para tratar a dependência química são os CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas). A unidade do nosso município começou a funcionar no ano de 2012 e está localizada na Av. Gen. João Manoel, nº 277, e atualmente possui mais de 1.300 pessoas cadastradas para atendimento. No CAPS AD, tanto os familiares quanto os dependentes químicos recebem atendimento
especializado de psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e todo o apoio necessário para enfrentar a doença, como destaca a psicóloga Ana Maria Braga Correa, responsável pela unidade.” Nós trabalhamos de portas abertas para que qualquer pessoa, ou familiar, seja atendida aqui na hora que chegar. É só chegar aqui que a gente faz o acolhimento e o cadastro e, a partir daí, iniciamos um acompanhamento onde auxiliamos as pessoas encaminhando para grupos como o Amor Exigente, o AA, programas de igrejas e outras instituições” disse. Os pacientes do CAPS AD recebem também atendimento interno no serviço com atividades lúdicas como: oficinas de pintura, desenho e música, além de alimentação e acompanhamento em tempo integral de médico, psicólogo, terapeuta ocupacional e nutricionista.
porém atualmente está passando por tratamento, mas em breve quer voltar à ativa. Apaixonado por futebol e torcedor do Internacional de Porto Alegre, ele tem acompanhado os jogos das seleções masculina e feminina e brinca. “As mulheres estão “mandando canela” e jogando muito melhor que os homens pelo que tenho acompanhado (risos).” Sobre os sonhos e projetos daqui para frente, João diz que seu principal objetivo é se “acertar” com a sua
família e retomar o convívio com todos. Quero me acertar com eles, mostrar que mudei. Principalmente com a minha mãe e minha irmã. Eu amo elas”, disse.
Uma das funcionárias do CAPS AD é dona Giani Vieira, cozinheira responsável pela preparação das refeições que são oferecidas no local, como café da manhã, almoço e café da tarde. Muitos usuários acabam passando o dia inteiro no serviço e à noite dormem no Albergue Municipal. “ É uma grande alegria trabalhar com eles, todos são muito carinhosos, tenho meus filhos, então, quando estou cozinhando, preparando o alimento é como se tivesse fazendo para minha família. O segredo é fazer tudo com amor” disse dona Giani .
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