Relatório detalhado do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água Para Consumo Humano (Sisagua), vinculado ao Ministério da Saúde, detalha que entre os anos 2014 e 2017, os municípios de Aceguá, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Lavras do Sul, Pinheiro Machado, Piratini e Santana do Livramento tiveram detecção positiva para a presença de agrotóxicos na água que é distribuída à população.
As informações, divulgadas neste mês, foram investigadas pelos órgãos de comunicação Repórter Brasil, Agência Pública e organização suíça Public Eye, que detalham que 14 municípios gaúchos tiveram detecção positiva acima do permitido por lei de substâncias químicas potencialmente perigosas à saúde, que estão presentes na água que os moradores consomem. De acordo com o estudo, a princípio, Bagé não teve detecção positiva para compostos químicos utilizados para controle de pragas agrícolas, enquanto Hulha Negra e Candiota não tiveram testes realizados no período. Os valores de concentração, em microgramas por litro, detalham que os municípios da região tiveram índices acima do permitido pelo sistema de regulação do Ministério da Saúde e foram obtidos através da Lei de Acesso à Informação.
Para o estudo, é avaliada a presença de 27 variedades de agrotóxicos na água potável distribuída à população, em diferentes etapas do processamento (captação, distribuição e consumidor final), onde foram identificadas a presença de 13 compostos diferentes utilizados em lavouras na água distribuída em Aceguá e Dom Pedrito; além de 12 substâncias detectadas em Lavras do Sul; duas variedades de químicos em Pinheiro Machado e um tipo de defensivo agrícola na água potável de Caçapava do Sul e Piratini. Em reportagem publicada pela Agência Pública, assinada pelas jornalistas Ana Aranha e Luana Rocha, os dados revelam que um a cada quatro municípios brasileiros avaliados tiveram resultados positivos para a presença de agrotóxicos na água destinada ao consumo humano.
Riscos
Dos 13 agrotóxicos encontrados na água de Aceguá e Dom Pedrito, quatro (Carbendazim, DDT+DDD+DDE, Diuron e Mancozeb) são associados a doenças crônicas, como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos. Além destes, traços de outras nove substâncias foram detectadas na água potável (2,4 D + 2,4,5 T, Aldicarbe, Carbofurano, Clorpirifós, Metamidofós, Parationa Metílica, Profenofós, Tebuconazol e Terbufós). Em Lavras do Sul, entre as 12 substâncias encontradas, foi verificada a presença de cinco compostos químicos (Atrazina, Carbendazim, DDT+DDD+DDE, Diuron e Mancozebe) potencialmente perigosos à saúde. Em Pinheiro Machado, as duas variedades de agrotóxicos na água (Atrazina e DDT+DDD+DDE) são apontadas como causadores de doenças. Caçapava do Sul (DDT+DDD+DDE), Piratini (DDT+DDD+DDE) e Santana do Livramento (Carbendazim) também tiveram registradas presença de compostos nocivos à saúde. No Rio Grande do Sul, as cidades de Caxias do Sul, Chuvisca, Ijuí, Lajeado, Novo Hamburgo, Panambi, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Tavares e Vera Cruz apresentaram traços de todas as 27 variedades de agrotóxicos presentes na água que vai às torneiras para o consumo da população.
Postado por Matias Moura
Fonte : Folha do Sul