Vendendo na rua há 50 anos, Carlos disse que é preciso ter mais que talento para o negócio
José Carlos Ribeiro, 66 anos, é aquele típico cidadão que todo mundo conhece. Conversar com ele é sempre um desafio pelas inúmeras pausas em razão dos cumprimentos e acenos que recebe. Querido e respeitado por muitos, Carlos conta que foi em razão do trabalho duro e por sempre respeitar os clientes que acabou ganhando a admiração da comunidade fronteiriça.
Carlos tem clientes de todas as classes econômica: juízes, promotores de Justiça, aposentados, turistas, comerciantes, empresários e tantos outros que se afeiçoaram com as mercadorias vendidas por Carlos.
Natural de Criciúma, em Santa Catarina, Carlos começou a trabalhar com vendas aos 16 anos de idade e diz que além de ser um dom, esta é sua paixão.Agora, já são 50 anos de trabalho, muitas amizades e histórias construídas nas ruas de Santana do Livramento. Foi com a venda de artigos para carros, cintos, redes, colchas, cobertas e outros que Carlos sustentou e criou seis filhos. Atualmente, mesmo com a aposentadoria, Carlos não consegue deixar o trabalho de vender e explica que apenas um salário mínimo não é suficiente para sobreviver. O segredo para o sucesso, segundo Carlos, é sempre tratar o cliente com educação e muita atenção: “ele pode até estacionar o carro, olhar cada peça e não comprar nada, mas o tratamento tem que ser igual e sempre agradecer pela visita, isso é o que conquista o cliente”, disse.
A melhor época para vendas é sempre no verão, segundo Carlos, os dias são maiores e as pessoas saem mais para a rua. Mesmo trabalhando nas ruas há 50 anos, Carlos conta que nunca foi vítima de assalto ou qualquer outra violência e acredita que isso se dá ao respeito que ele conquistou.
O ano de 2019 começou com pouco movimento, principalmente dos argentinos, o que também acabou influenciando nas vendas. Carlos disse que nos primeiros três meses do ano vendeu apenas para cinco argentinos e que foi graças aos clientes da própria fronteira que pôde manter uma certa estabilidade.
Lançando um olhar para a cidade, Carlos lamenta que Livramento esteja “tão abandonado”. “falta emprego, oportunidades, a gente vê a cidade largada e sem direção, é triste” comentou. Carlos ainda comparou Livramento com outros municípios vizinhos e disse que noutros lugares a economia está muito melhor porque a política ajuda. Para Carlos, em Livramento, a atual crise e briga política só atrapalha quem quer crescer e se desenvolver.
Trabalhando de sol a sol, de domingo a domingo, Carlos afirma que não precisa descansar, que ama o que faz, além de precisar; e que vender é sempre uma arte, fazê-la na rua é um presente.