Banco gaúcho registrou crescimento de mais de 20% no lucro recorrente e menor inadimplência entre os grandes bancos
Apresentados nesta terça-feira (12), os resultados de 2018 do Banrisul mostraram crescimento nos principais indicadores financeiros. O banco público gaúcho obteve aumento de 20,3% no lucro líquido recorrente — que chegou a R$ 1,09 bilhão, maior valor em 90 anos de história. Nesse quesito, a instituição superou alguns dos principais bancos do país, como o Bradesco (13,4%) e Itaú (3,4%).
Durante a apresentação do balanço, o presidente da instituição, Luiz Gonzaga Veras Mota, reforçou o compromisso do Banrisul com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. O executivo destacou que o banco tem “apetite para financiar investimentos no Estado”. “Temos mais de R$ 2 bilhões no BNDES em linhas para repasse no RS. Há uma confiança para a retomada da economia, e o banco está preparado para esse momento. Estamos buscando operações, à disposição para quem quer desenvolver-se aqui”, declarou.
Gonzaga ressaltou ainda que o Rio Grande do Sul conta com a atuação do Banrisul em diversas frentes da comunidade. Citando discussões travadas durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o presidente pontuou que a instituição — sobretudo por ser pública — “não vive do lucro pelo lucro”. “O banco distribui os ganhos para a sociedade. Compartilhamos com todos esses resultados.”
Ele mencionou que a estatal é quem mais financia hospitais (cerca de R$ 900 milhões em 2018) e universidades (R$ 200 milhões) no estado. Também é a maior doadora do Funcriança, do Fundo do Idoso e do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), apoiando também ações sociais como Projeto Pescar e Menor Aprendiz. Além de patrocinar o esporte profissional, está no topo do incentivo à prática entre crianças e adolescentes pela Lei do Esporte. Na Lei Rouanet, o Banrisul é o maior fomentador do estado. E para patrocínios, em 2019, serão 274 eventos, entre grandes e pequenos, selecionados por edital público de projetos.
R$ 47 bilhões em crédito para a economia gaúcha
Através de concessão de crédito, o Banrisul injetou R$ 47,2 bilhões na economia gaúcha em 2018. Impulsionada pela alta liquidez, a carteira de crédito cresceu 8,6% no ano. Além disso, o índice de cobertura do banco chegou a 300%. “Para cada real de inadimplência, temos três guardados. Isso nos dá segurança para seguir multiplicando a oferta de crédito”, disse o presidente.
Boa parte dos mais de R$ 34 bilhões em operações destinam-se ao varejo — tanto pessoas físicas como jurídicas. São 73,4% para essa parcela, ou R$ 25 bilhões. O setor imobiliário representa 12,1%, ou R$ 4,1 bilhões. Ao todo, há 97 obras em andamento no Estado financiadas pelo Banrisul, que no pico da produção geraram cerca de 12 mil empregos.
O agronegócio representou 7,2% do total de crédito. No setor, o Banrisul projeta alcançar 7% a 10% do mercado gaúcho nos próximos quatro anos. Para isso, a proposta é abranger toda a cadeia produtiva, promovendo linhas específicas para quem fornece, quem produz e quem compra a produção
Parceira do varejo
Os números da Vero, operação de adquirência do banco, também foram destaque na apresentação dos resultados de 2018. As transações tiveram avanço de 18,9% no ano, passando de R$ 22,4 bilhões para R$ 26,7 bilhões. Nos últimos quatro anos, a cifra quase duplicou, atingindo 78,7%. “A Vero é uma grande parceira do varejo. Temos um plano de vendas robusto com todas as modalidades do mercado para o lojista”, destacou. Gonzaga adiantou que a partir do segundo semestre, com o acréscimo de bandeiras, as máquinas trabalharão com 99,2% do mercado de cartões do Brasil.
Com 138 mil adquirentes e 365 mil pontos de venda no RS, a Vero apresentou crescimento de 32% nos últimos quatro anos. Responsável pela Vero e pelo Banricard — que centraliza as operações de benefícios e empresariais — a Banrisul Cartões S.A. também teve lucro líquido recorde. O crescimento foi de 16,6% no ano, atingindo R$ 258,9 milhões.
Redução da inadimplência
Mais um grande destaque da estatal gaúcha foi a redução da inadimplência. O índice estipulado pelo Banco Central — que considera contas atrasadas em mais de 90 dias — foi de apenas 2,6%. Em apenas dois anos, o percentual reduziu praticamente pela metade: era de 5% em 2016.
Os ativos totais do Banrisul subiram em 5,6%, somando avanço de 30% nos últimos quatro anos. E o retorno sobre os ativos (ROA) também foi considerado positivo, pois o resultado está em linha com as grandes instituições financeiras nacionais. Com média de 1,5%, o percentual ficou em cerca de 1,7% nos últimos dois trimestres — desempenho semelhante a Bradesco, Itaú e Santander, com 1,6%, 1,6% e 1,7%, respectivamente.
Gestão de resultados
Os resultados positivos apresentados pelo Banrisul, segundo Gonzaga, foram formados por uma série de fatores. A efetiva cobrança de crédito inadimplente e a contenção das despesas foram alguns dos pilares citados pelo executivo. Por trás dessa atuação, há uma característica importante na performance do banco: o perfil técnico de sua diretoria.
À frente da estatal desde abril de 2015, a atual gestão é formada essencialmente por quadros internos. No período, investiu em processos de qualificação, diversificou o portfólio de produtos e serviços e apostou na modernização do banco — considerando modelo nacional na área de tecnologia e segurança de dados.
Para os próximos anos, a gestão construir um planejamento estratégico de 2018 a 2022. Desenhando objetivos, metas e diretrizes orçamentárias, o documento traz um plano de ação integrado entre Conselho de Administração, diretoria e rede de agências. “O desempenho dos últimos anos reflete decisões estratégicas e o trabalho incansável de todos os colaboradores. Avançamos muito e reafirmamos a vocação como um banco de varejo”, concluiu Gonzaga.