Banco teve lucro líquido recorrente de R$ 1,09 bilhão em 2018, maior valor em 90 anos de história – Foto: David Pires / Banrisul
Os resultados financeiros do Banrisul de 2018 mostram evolução nos principais indicadores financeiros. O banco público gaúcho obteve aumento de 20,3% no lucro líquido recorrente – que chegou a R$ 1,09 bilhão, maior valor em 90 anos de história. Os números foram divulgados nesta terça-feira (12).
No lucro líquido recorrente, a instituição teve desempenho percentual superior a alguns dos principais players privados nacionais: a expansão no Bradesco foi de 13,4% e a do Itaú Unibanco, 3,4%. Segundo o presidente do Banrisul, Luiz Gonzaga Veras Mota, há “apetite para financiar investimentos no Rio Grande do Sul”.
“Temos mais de R$ 2 bilhões no BNDES em linhas para repasse no estado. Há uma confiança para a retomada da economia, e o banco está preparado para este momento. Estamos prospectando operações, à disposição para quem quer se desenvolver aqui”, disse.
Ao longo de 2018, a carteira de crédito do banco cresceu 8,6%, impulsionada
pela alta liquidez. É um aumento percentual superior ao registrado por Bradesco (7,8%) e Itaú (7,9%). Também foi um crescimento superior ao mercado de crédito em todo o Brasil – que subiu 5,5%, conforme documento divulgado pelo Banco Central na última sexta-feira (8). O crédito comercial – financiamento das famílias e capital de giro das empresas – cresceu em linha com o mercado nacional: 11,2%.
Por meio de concessão de crédito, o Banrisul injetou R$ 47,2 bilhões na economia gaúcha em 2018. O índice de cobertura, que chegou a 300%, também foi ressaltado: “Para cada real de inadimplência, temos três guardados. Isso nos dá segurança para seguir multiplicando a oferta de crédito”, destacou. Bradesco (245%), Santander (241%) e Itaú (200%) tiveram performances inferiores ao Banrisul no ano passado.
Boa parte dos mais de R$ 34 bilhões em operações destinam-se ao varejo – tanto pessoas físicas como jurídicas. São 73,4% para essa parcela, ou R$ 25 bilhões. O setor imobiliário representa 12,1%, ou R$ 4,1 bilhões. Crédito rural (R$ 2,4 bilhões), câmbio (R$ 1,5 bilhão) e financiamento de longo prazo (R$ 920 milhões) completam a carteira. “No auge da crise, em 2015, houve uma baixa na oferta de crédito. Retomamos definitivamente agora e ainda há muito espaço para crescer”, acrescentou o presidente.
Redução da inadimplência
Um dos grandes destaques da gestão do banco foi a redução da inadimplência. Índice estipulado pelo Banco Central – que considera contas atrasadas em mais de 90 dias – foi de apenas 2,6%. Em apenas dois anos, o percentual foi reduzido praticamente pela metade: era de 5% em 2016. No ano passado, foi o melhor desempenho na comparação com os três principais bancos privados do país: Bradesco e Itaú atingiram 3,5%, e Santander chegou a 3,1%.
Os ativos totais do Banrisul subiram em 5,6%, somando avanço de 30% nos
últimos quatro anos. E o retorno sobre os ativos (ROA) também animou a diretoria, pois o resultado está em linha com as grandes instituições financeiras nacionais. Com média anual de 1,5%, o percentual ficou em cerca de 1,7% nos últimos dois trimestres – desempenho semelhante a Bradesco (com 1,6%), Itaú (1,6%) e Santander (1,7%).
Adquirência em alta
Houve um aumento de receitas verificado especialmente na operação de adquirência do banco, a Vero. O valor transacionado pela empresa subiu 18,9% no ano, passando de R$ 22,4 bilhões para R$ 26,7 bilhões.
Nos últimos quatro anos, a cifra quase duplicou, atingindo 78,7%. “A Vero está muito bem estruturada. Temos um plano de vendas robusto com todas as modalidades do mercado para o lojista, oferecendo um portfólio moderno com mobile, 3G, wifi, POS fixo e Smart POS”, destacou. Gonzaga adiantou que a partir do segundo semestre, com o acréscimo de bandeiras, as máquinas trabalharão com 99,2% do mercado de cartões do Brasil.
A estratégia para crescimento do produto nos próximos anos vem em duas grandes frentes. No Rio Grande do Sul, segundo o presidente, há caminhos para conquistar os próprios clientes do Banrisul, otimizando ainda mais a relação e apostando no uso de canais digitais. Fora do estado, o plano é utilizar a tecnologia e incrementar os subcredenciadores, que estão concentrados no centro do país.
Atualmente, são 22 – mas a meta é chegar a 50 até o final do ano. “São parceiros de negócio, que atuam em nichos diferentes e que se complementam”, disse Gonzaga.
Com 138 mil adquirentes e 365 mil pontos de venda no RS, a Vero apresentou crescimento de 32% nos últimos quatro anos. No mesmo período, o valor transacionado ultrapassou 78%, sendo 18,9% apenas em 2018. Responsável pela Vero e pelo Banricard – que centraliza as operações de cartões de benefícios e empresariais – a Banrisul Cartões S.A. também teve lucro líquido recorde. O crescimento chegou a 16,6% no ano, atingindo R$ 258,9 milhões e margem Ebitda de 48,7%.
Lucro para a sociedade
O Rio Grande do Sul conta com a atuação do Banrisul em diversas frentes da
comunidade. Citando discussões travadas em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, Gonzaga pontuou que a instituição – sobretudo por ser pública – “não vive do lucro pelo lucro”. “O banco distribui os ganhos para a sociedade. Compartilhamos com todos esses resultados.”
O presidente mencionou que a estatal é quem mais financia hospitais (cerca de R$ 900 milhões em 2018) e universidades (R$ 200 milhões) no estado. Também é a maior doadora do Funcriança, do Fundo do Idoso e do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), apoiando também ações sociais como Projeto Pescar e Menor Aprendiz.
Além de patrocinar o esporte profissional, está no topo do incentivo à prática entre crianças e adolescentes gaúchos pela Lei do Esporte. Na Lei Rouanet, o Banrisul é o maior fomentador do estado. E para patrocínios, em 2019, serão 274 eventos, entre grandes e pequenos, selecionados por edital público de projetos.
Gestão de resultados
Os resultados positivos apresentados pelo Banrisul, segundo Gonzaga, foram formados por uma série de fatores. A efetiva cobrança de crédito inadimplente e a contenção das despesas foram alguns dos pilares citados pelo executivo. Por trás dessa atuação, há uma característica importante na performance do banco: o perfil técnico de sua diretoria.
À frente da estatal desde abril de 2015, a atual gestão é formada essencialmente por quadros internos. No período, investiu em processos de qualificação, diversificou o portfólio de produtos e serviços e apostou na modernização do banco – considerado modelo nacional na área de tecnologia e segurança de dados, sendo criador do Fórum Internacional de Tecnologia de Informação, já na 10ª edição.
Para se preparar ainda mais para o novo momento do sistema bancário, foi criada uma unidade de transformação digital, que integra a área de TI com o setor de negócios. Inteligência artificial, computação cognitiva e internet das coisas já fazem parte da rotina da instituição.
Para os próximos anos, a gestão construiu um planejamento estratégico de 2018 a 2022. Desenhando objetivos, metas e diretrizes orçamentárias, o documento traz um plano de ação integrado entre Conselho de Administração, diretoria e rede de agências. “São iniciativas traçadas para atingir objetivos de médio e longo prazos. Fazemos isso tudo com um trabalho muito forte de governança e gestão de oportunidades”, ressaltou. “O desempenho dos últimos anos reflete decisões estratégicas e o trabalho incansável de todos os colaboradores. Avançamos muito e reafirmamos a vocação como um banco de varejo”, concluiu Gonzaga.
Postado por Matias Moura