Mari Machado alega que está sendo perseguida e ameaçada a deixar o seu Gabinete na Prefeitura
A quinta-feira na Rádio RCC, durante o programa Conserva de Fim de Tarde foi de altas revelações por parte da vice-prefeita Mari Machado do PSB. Mari começou sua entrevista sendo indagada sobre a OSCIP, e fez questão de lembrar que jamais tomou conhecimento dessa contratação ou que foi consultada a respeito. “Em 2018 fui afastada das secretarias que eu ocupava e colocada de lado, nunca soube de contrato com esta OSCIP, mas sou definitivamente contra a terceirização da educação” disse.
Mari ainda lembrou que diante da crise instalada, o PSB saiu do Governo, muito embora ela continue como vice-prefeita eleita. A decisão a respeito da saída do PSB foi tomada pelo Diretório do partido.
Mari disse que o que está acontecendo não era o projeto do PSB, “tínhamos firmado um compromisso que não está sendo cumprindo” disse Mari. “Eu divido o sofrimento, estou aleijada nessa situação assim como os professores e a população” disse. “Me isolar foi decisão do prefeito e das pessoas que o cercam” completou.
A vice ainda argumentou que 2019 será diferente, e que irá discutir tudo o que julgar injusto e antiético na Justiça, inclusive a respeito do seu mandado como vice-prefeita e das perseguições que estariam acontecendo.
“Entrei judicialmente contra o prefeito porque uma assessora foi instada a filiar-se ao PDT sob ameaça da perda do seu emprego”, disse Mari, considerando o fato um tremendo absurdo e assédio contra ela e sua assessora. “Sou seguida 24h por dia e ameaçada de perder a sala do meu gabinete” disse Mari. A vice-prefeita ainda afirmou que teve o serviço de telefone e internet cortados seu gabinete propositalmente.
Perguntada sobre quem teria feito tal ameaça, ela disse: “a pessoa que chamou e ameaçou minha assessora foi o Secretário Geral de Governo. Não estamos vivendo em terra de ninguém, servidores são questionados quando entram na minha sala”, disse a vice-prefeita.
Mari ainda disse que está sofrendo assédio moral e sendo vítima de machismo. “Ganhar um governo, não é ser dono do mundo, tem que ter humildade para governar, tem que ir pela via democrática e respeitar as pessoas e o diálogo, precisamos ter filtros nas orelhas” referiu. “Tinha esperança de ver uma nova política e lamento tudo isso. Quero transparência nas contas na prefeitura e a população merece e eu também preciso saber” finalizou.
Tema OSCIP
Mari afirmou categoricamente que o Município não tinha dinheiro para contratar OSCIP e não tem ainda, e justificou afirmado que conhece a receita e o financeiro da Prefeitura. Mari ainda lembrou que no ano de 2017 as contratações de professores e servidores para a educação custaram pouco mais de R$ 8 milhões e lembrou que com a contratação da OSCIP o município pagou quase R$ 10 milhões por seis meses. “Eu conheço o orçamento do município, não existe milagre e não tem dinheiro para pagar asfalto também”.
Mari ainda disse que o Governo tem que respeitar as pessoas, “não é o asfalto neste caso que vem em primeiro lugar, neste caso é a sobrevivência das pessoas em primeiro lugar”. “Lamentavelmente eu estou impedida de opinar dentro da administração e estou buscando por meio da via judicial, fui eleita e tenho que ser respeita como vice-prefeita e como ser humano, não posso viver sob ameaça” completou.
O PSB no Governo
Mari ainda lembrou que o PSB no Governo tem outra postura com relação à população e aos servidores. “O PSB tinha outra visão na Assistência Social que desmontou programas que vinham em andamento, antes havia a valorização dos servidores e hoje não tem, é outro visão. A assistência social não depende do dinheiro do município, é só fazer andar e o recurso vem”, disse Mari.
A vice-prefeita comentou também que foi eleita com um projeto e uma visão, e que vai buscar na Justiça o direito de também governar. “Não concordo e não compactuo com isso. Não defendo isso e não entrei numa chapa para fazer isso. Em governos do PSB isso jamais iria acontecer”.
Servidores e eleição na Câmara
Sobre o número de CCs (Cargos de Confiança) Mari afirmou que o combinado no plano de governo era de 70 CCs, mas atualmente, segundo dados de dezembro no Portal da Transparência, conta o número de 106 cargos. Mari também lembrou que no seu primeiro ano de governo ela sozinha assumiu quatro secretarias o que representava uma grande economia, quase R$ 400 mil no ano.
Sobre a eleição da Câmara de Vereadores, ela disse que não interferiu em nada, mas que mantém diálogo com vereadores e que tem este direito.
Um ouvinte perguntou se não seria covardia o PSB abandonar o Governo neste momento de crise e ela respondeu: “Tirar o PSB do governo não é lavar as mãos, mas é justamente não compactuar com o que não concordamos, refletimos sobre isso, mas ficar no governo era compactuar. Estar no governo seria contraditório” disse.
“Manifestar o entendimento do PSB publicamente como estou fazendo é uma forma de não ficar quieta. Quem se lembra dos mandatos do PSB vai lembrar qual é a nossa visão” disse referindo-se aos programas sociais, cuidados com a saúde do idoso, da mulher e crianças e política antidrogas. Sobre infra-estrutura, Mari destacou que nem antes ou depois do Governo do Wainer Machado a cidade teve tantas ruas asfaltadas e com material de qualidade e listou ao vivo diversas ruas e avenidas que ganharam a pavimentação.
Relação com o prefeito Ico
Perguntada sobre quando começou a perceber que rompeu a relação, ela disse que baixou a cabeça e foi trabalhar e que não tinha tempo para prestar atenção em fofocas de A ou B. “Deixei Brasília e voltei para minha cidade para trabalhar e ajudar, eu lamento profundamente o que está acontecendo, eu quero continuar trabalhando pela minha cidade, e jamais teria imaginado que isso aconteceria. Fui convencida que haveria mudanças nas pessoas com quem a gente coligou. Comprei uma ideia que vinha sendo construída pelos membros do meu partido” falou sobre sua relação com o prefeito Ico.
“Nunca mandei no governo, sempre respeitei. Eu não traio ninguém, sou leal, minha caminhada na vida política foi leal, senão não teria feito a caminhada que já fiz na vida” respondeu.
Sobre qual nota daria ao Governo, Mari não respondeu, mas disse que, se colocando no lugar, teria humildade, disse que desceria do salto, olharia para o lado e ouviria o que as pessoas estão dizendo. “Temos que ouvir o outro. Acho que tem secretarias que tiveram esforço de tentar acertar, não pode fazer terra arrasada, mas o governo tem líder e teria orientação, tu leva as pessoas para o bem ou para o outro lado, o lado negro da força ou o lado da luz”.