A Santa Casa de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, começou a restringir os atendimentos nesta quarta-feira (5). O motivo apontado foi o atraso nos repasses do governo do estado. A direção da instituição afirma que a dívida já supera os R$ 3 milhões.
O hospital só está realizando os serviços de cirurgias eletivas, internações, consultas ambulatoriais e exames de imagem. A suspensão é por tempo indeterminado ou até que os repasses sejam regularizados. De acordo com a administração da instituição, isso foi necessário para que seja possível manter em funcionamento, pelo menos, a urgência e emergência do hospital. A Santa Casa é referência para 13 municípios da região, principalmente nas áreas de psiquiatria, cardiologia e oncologia. Com a redução nos atendimentos, a instituição não recebe mais novos pacientes com câncer.
Quem foi ao hospital na manhã desta quarta em busca de atendimento já enfrentou dificuldades. O aposentado Claudio Cézar de Barros tentou marcar um raio-X para a esposa, que sofre de problemas na coluna, sem sucesso.”Ela precisa desse raio-X, é um da coluna lombar, cervical, os exames que ela precisa. Infelizmente, eu não consegui e digo mais a toda a população de Uruguaiana: a Santa Casa não tem condições”, explica o aposentado.
Agora, o hospital aguarda parte dos R$ 80 milhões anunciados na terça-feira (4) pelo governo do estado. Enquanto isso, a instituição criou um comitê de crise para tentar buscar alternativas para essa situação financeira.
Na terça-feira (4), funcionários da Santa Casa de Rio Grande, na região Sul, com salários atrasados anunciaram paralisação. A prefeitura de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, também restringiu atendimentos por causa da falta de repasses do estado.O governo do estado afirmou ao G1 que, como a Santa Casa de Caridade de Uruguaiana tem contrato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), está notificando a instituição para manter os atendimentos acordados.
Enquanto isso, a SES está providenciando o deslocamento de pacientes para atendimento em outros locais. Atendimento em cardiologia, por exemplo, será deslocado para Passo Fundo. A SES projeta efetuar o pagamento correspondente a uma parcela na primeira quinzena de dezembro. Em Canoas, na Região Metropolina de Porto Alegre, trabalhadores do Hospital Universitário e do HPS anunciaram paralisação e fizeram um protesto nesta quarta-feira contra o atraso no pagamento dos salários e do 13º pagos pelo Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP).Enfermeiros, profissionais de nível médio, de radiologia e farmacêuticos aderiram à paralisação, que segue até quinta-feira (6), quando uma nova assembleia da categoria será feita.
O Gamp diz que recebeu da prefeitura R$ 16 milhões dos R$ 21 milhões previstos em contrato e informa que pediu uma verba extra para o pagamento do 13º salário. A prefeitura de Canoas diz que tem feito um grande esforço para manter em dias os repasses às casas de saúde do município.
Postado por Matias Moura/Fonte G1