Na oportunidade, estiveram presentes catadores do município, do Vale do Rio Pardo, da região metropolitana, de Uruguaiana e de outros municípios da Fronteira Oeste
Nesta semana, o auditório da Universidade Federal do Pampa foi sede para o seminário que tratou sobre coleta seletiva solidária, inclusão socioeconômica de catadoras e catadores. Os organizadores do debate foram: Unipampa, Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, Projeto Pampa, Fundação Luterana de Diaconia e a agência internacional Pão para o Mundo com o objetivo de dar visibilidade para o trabalho dos catadores do município e da região, além de dialogar com a comunidade e o poder público sobre a importância do trabalho realizado por essas pessoas.
Na oportunidade, estiveram presentes catadores de Santana do Livramento, do Vale do Rio Pardo, da região metropolitana, de Uruguaia e de outros municípios da Fronteira Oeste. Somente no município, tem uma associação com uma média de 20 a 25 catadores, um público que oscila não só aqui, como em todas as cooperativas por conta da rotatividade, porque às vezes, ganham um pouco menos e acabam saindo para buscar outro espaço de trabalho.
A atuação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, cuja atividade profissional é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego desde 2002, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), contribui para o aumento da vida útil dos aterros sanitários e para a diminuição da demanda por recursos naturais, na medida em que abastece as indústrias recicladoras para reinserção dos resíduos em suas ou em outras cadeias produtivas, em substituição ao uso de matérias-primas virgem.
“A política nacional de resíduos sólidos, de 2010, determina que havendo cooperativa ou associação de catadores no município a prefeitura deve priorizar a contratação dessas organizações com dispensa de licitação. Então o acesso a essas informações e a falta de acesso é o que prejudica muito o trabalho deles e a própria reciclagem, desse modo, o poder público desconhece que existem essas leis. Hoje apenas o catador faz a sua parte, o poder público não contrata as cooperativas, e a comunidade também por desconhecer não faz a separação correta”, destaca Marlui Telier, assistente social responsável pela coordenação dos projetos que a Fundação Luterana de Diaconia executa.
Trabalho de um catador e as dificuldades
Dona Maria Cardoso faz parte da Associação de Catadores de Lixo Amigos da Natureza (ACLAN), de Uruguaiana. Hoje o grupo tem um convênio com a prefeitura da cidade e fazem a prestação de serviço em 10 bairros, além da área central do município.
A associação conta com 64 pessoas trabalhando distribuídas em dois espaços, um destinado aos carrinhos que realizam a coleta nos bairros já roteirizada e outro destinado ao caminhão que faz o transbordo para a central de triagem.
Maria trabalha na coleta há mais de 30 anos. “A importância do trabalho do catador na coleta seletiva é de saúde pública porque imagina só se a comunidade não tivesse os catadores, hoje, a ACLAN retira 60 toneladas recicláveis do meio ambiente, então quantas árvores e quanto material reaproveitado protege os recursos naturais”, explica a senhora.
Dificuldades no trabalho são encontradas porque através do convênio com a Prefeitura, recebem 37 mil reais por mês na contratação. “Fornecemos alimentos durante o trabalho para 64 pessoas, pagamos o INSS de todos, pagamos o operacional da coleta com combustível e manutenção de carrinhos, pagamento água e luz e ainda sofremos déficit no final do mês. Outra dificuldade é a não conscientização da sociedade para separar o material que poderia gerar maior renda para as famílias que estão na ACLAN”, finaliza a catadora.
Lauren Trindade – [email protected]