Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais e capas de revistas
CORREIO BRAZILIENSE – Ex-presidente Collor é preso por corrupção
O ESTADO DE S. PAULO – Collor é detido em Maceió; STF forma maioria a favor da prisão
FOLHA DE S. PAULO – Ex-presidente Fernando Collor é preso em ação oriunda da Lava Jato
O GLOBO – Condenado na Lava Jato, Collor é preso, 33 anos após o impeachment
Valor Econômico – Não circula hoje
VEJA: O legado da simplicidade
O mandato do papa jesuíta argentino durou pouco mais de doze anos. Do ponto de vista da história do catolicismo é quase nada. Para o mundo de hoje, porém, premido pela velocidade da internet e pela estupidez das polarizações ideológicas, atalho para o preconceito, representou uma saudável eternidade. Talvez como nenhum outro, o “papa simples”, como chegou a ser alcunhado depois de erguer os braços na varanda central da basílica romana em 13 de março de 2013, tratou de questões terrenas — e esse aspecto, a um só tempo comezinho e corajoso, é que o distingue de seus antecessores. O barulho de Francisco faz bem para a civilização, ainda que as portas abertas por ele cismem em fechar-se, por forças dentro e fora da Igreja atreladas ao conservadorismo. A passagem do bispo de Roma impõe uma pergunta: qual será o futuro da Igreja depois dele? Não há resposta de um único tom.
CartaCapital: O papa humanista
Reformista e estadista, o Papa Francisco reavivou as origens do cristianismo e firmou-se como o último estadista do mundo.
Crusoé: Papa do povo
Como Francisco renovou a Igreja do século 21 sem romper com a tradição.
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes do dia
Finalmente preso – Terceiro ex-chefe do Executivo a ser preso, Fernando Collor de Mello já passou a noite de ontem no presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió. O Supremo Tribunal Federal formou maioria a favor da decisão do relator Alexandre de Moraes, em julgamento no plenário virtual. O ministro Gilmar Mendes pediu destaque e suspendeu o julgamento, levando a avaliação do processo para o plenário físico, em data a ser definida.
Golpista condenada a 14 anos – A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, ontem, para condenar a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, acusada de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e de pichar a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça. Ela está em prisão domiciliar desde o fim de março. Os ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia acompanharam o relator, Alexandre de Moraes, pela condenação a 14 anos de prisão. Com isso, a Turma formou maioria. No voto complementar, publicado ontem, Moraes disse que o caso de Débora não se diferencia dos 470 casos já julgados no Supremo. O ministro Cristiano Zanin acompanhou Moraes no voto, com ressalvas quanto ao tempo da pena que deve ser cumpri da. O magistrado votou por uma condenação de 10 anos e 6 meses de detenção, além de 20 dias-multa, considerando o tempo já cumprido em regime fechado. O ministro Luiz Fux votou pela condenação da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, mas apenas por deterioração de patrimônio tombado, por isso sugeriu uma pena tão menor, de 1 ano e seis meses. Na prática, como a extremista passou os últimos dois anos presa preventivamente, ela não teria mais tempo de condenação para cumprir.
Lula dá adeus ao amigo Francisco – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, ontem, do velório do papa Francisco, no Vaticano. Ele desembarcou em Roma à tarde e seguiu para a Basílica de São Pedro, onde o corpo do pontífice ficou exposto em caixão aberto aos fiéis, no último dia da cerimônia. “Eu e Janja estivemos, há pouco, em comitiva na Basílica de São Pedro, em Roma, na nossa primeira despedida ao papa Francisco, compartilhando a emoção e a devoção com todos que vieram prestar as mereci das homenagens ao Santo Padre. Que sua sabedoria, coragem e compaixão sigam iluminando os corações de todos nós”, escreveu Lula sobre o velório em suas redes sociais.
Bem juntinhos… – O presidente Lula aproveitou a presença dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, na viagem a Roma e os convidou para integrar a comitiva à Rússia e à China, de 7 a 14 de maio. A ordem no Planalto é manter os dois comandantes do Parlamento o mais próximo possível do governo, cultivando diariamente uma relação de confiança mútua.
… e afinados – O governo espera, dessa forma, evitar as chamadas “pautas-bombas” em plenário. No primeiro trimestre, em que os dois parlamentares ainda estavam em fase de organização das Casas legislativas, funcionou. Agora, é preciso garantir que permaneça assim.
Prato cheio – O Novo está aproveitando o escândalo com o INSS para marcar presença. O partido apresentou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 166/2025 para suspender instruções normativas que, segundo os parlamentares, isentam indevidamente o Instituto de responsabilidade por débitos fraudulentos contra beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
E tem mais – O Novo apresentará um projeto de lei sobre a responsabilidade objetiva do INSS pelos danos causados aos beneficiários da Previdência por descontos indevidos ou fraudulentos em seus benefícios. E outro PL para instituir regras de transparência, governança e prestação de contas aos sindicatos e associações.
Quem manda – O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é considerado por muitos “o cara” dentro do União Brasil. E não só como referência, mas também com poder de decisão, já que a indicação do ex-ministro Juscelino Filho para a pasta de Comunicações foi só de Alcolumbre, sem opinião alguma da bancada do União na Câmara. O mesmo valeu para a indicação de Waldez Góes ao cargo de ministro do Desenvolvimento Regional. Aliás, o único nome em que a bancada teve decisão foi a indicação de Celso Sabino no Turismo.
Espalhou geral – Com a capital da Itália lotada para os funerais do papa Francisco, a comitiva brasileira não conseguiu ficar toda hospedada num mesmo hotel em Roma. Só estiveram todos juntos no voo e no jantar, oferecido pelo embaixador Renato Mosca.
Almoço a bordo – A comitiva participa, na manhã de hoje, da missa de corpo presente e, logo depois do funeral, segue direto para o aeroporto. Todos já foram orientados a fazer o check out hoje bem cedo.
Homenagens – Este ano, José Sarney comemorou os 95 anos, completados na última quinta-feira, com direito a lançamento de um selo dos Correios para marcar os 40 anos de redemocratização, no qual fez questão que apresentasse a foto de Tancredo Neves. A festa, organizada pela filha, Roseana Sarney, reuniu amigos e vários políticos, como o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, e o governador do Pará, Helder Barbalho.
Nem me venha com reforma – O presidente Lula descartou a ideia de promover a tal ampla reforma ministerial que alguns líderes queriam. Muitas pessoas próximas ao chefe do Executivo avaliam que o tempo para isso passou, porque qualquer político com mandato e interessados em 2026 não ficaria sequer um ano no cargo. Além do mais, o fato de o União Brasil ter optado por um nome técnico para o Ministério das Comunicações é um sinal da dificuldade dos políticos em assumir um cargo ministerial a esta altura do campeonato. Melhor deixar tudo para abril do ano que vem, quando a saída de ministros candidatos será obrigatória. Sob a ótica dos partidos de centro, o que mais interessa aos parlamentares hoje é liberar e indicar emendas ao Orçamento, não ministros. E, para isso, estar no Congresso é considerado muito mais vantajoso para muitos. De mais a mais, se o governo Lula fizer água, parlamentares dessas legendas se preservam para outras opções em 2026.
Nova saída para forçar anistia – Derrotada pela decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que praticamente sepultou a tramitação do projeto de lei que pretende anistiar os envolvidos na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, a oposição tenta mais uma cartada para manter a pressão sobre o governo e o comando da Casa. Pretende instalar, na terça-feira, uma subcomissão para reforçar as ações em torno da liberação dos bolsonaristas e reverter a decisão contrária dos líderes, na reunião da quinta-feira passada. O colegiado funcionará na Comissão de Segurança Pública. Segundo o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), “a pauta da anistia não é ideológica”. “A pauta da anistia é por justiça, pelas pessoas que estão presas indevidamente, que não tiveram o devido processo legal, (direito) a ampla defesa, que estão presas com traficantes e homicidas, sem terem antecedentes criminais”, disse ao Correio.
Sobrinho de bicheiro substitui Brazão – O empresário Ricardo Martins David (União Brasil-RJ), mais conhecido como Ricardo Abrão, assumirá a cadeira do ex-deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que perdeu o mandato na quinta-feira, depois da decisão da Mesa Diretora da Câmara. O ex-suplente é sobrinho do banqueiro de bicho Aniz Abraão David, o Anísio, patrono da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis. Abrão tem 52 anos e assumiu mandato como suplente quando a deputada Daniela Carneiro (União-RJ) foi empossada no Ministério do Turismo e quando o próprio Brazão foi secretário de Ação Comunitária da cidade do Rio. Em uma dança das cadeiras, o novo deputado o sucedeu na pasta do governo do prefeito Eduardo Paes (PSD).
Valores serão devolvidos a partir de maio, segundo governo – Aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que sofreram descontos associativos não autorizados começarão a receber o dinheiro de volta a partir de maio. O anúncio foi feito ontem pelo Ministério da Previdência Social, que informou também a suspensão definitiva desses débitos mensais. A medida vem na esteira da operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrada na última quarta-feira, que desmontou um esquema nacional de cobrança indevida de mensalidades por entidades e sindicatos. Se gundo o governo, os descontos eram feitos sem consentimento prévio dos beneficiários, ferindo as normas que exigem autorização expressa — salvo em casos com decisão judicial. Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrada na última quarta-feira, que desmontou um esquema nacional de cobrança indevida de mensalidades por entidades e sindicatos. Se gundo o governo, os descontos eram feitos sem consentimento. Nome fantasia – A comissão parlamentar apresentada pela oposição para investigar as suspeitas de fraude nos benefícios da Previdência terá um nome propositalmente chamativo. Proposta pelo deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), será a CPI do Roubo dos Aposentados, e não mais CPI do INSS. O objetivo é tornar o assunto de mais fácil compreensão para a população. A ideia do nome foi do marqueteiro do PL, Duda Lima. A explicação, segundo um representante da cúpula do PL, está no fato de o noticiário recente ter recolocado o tema da corrupção na ordem do dia. Isso inclui, além do caso dos benefícios previdenciários, a troca no Ministério das Comunicações e até a prisão de Fernando Collor, embora não diretamente ligada ao governo. No imaginário popular, faltaria só Lula.
Lula decide não ir a ato de 1º de Maio – O presidente Lula (PT) decidiu não comparecer às comemorações de 1º de Maio convocadas pelas centrais sindicais em São Paulo, um ano após o fiasco de público do ato realizado no estádio do Corinthians, em Itaquera, na zona leste de São Paulo. A aliados, o presidente argumentou que só iria se pudesse comparecer aos dois atos marcados —o da Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central Sindical de Trabalhadores e Pública, na capital, e de sindicatos locais em São Bernardo do Campo, seu berço político. Mas avaliou que seria muito desgastante. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) participa apenas como convidada, e não organizadora, do ato realizado na praça Campo de Bagatelle, zona norte da cidade de São Paulo, por discordar da realização dos sorteios para atrair público.
Novo partido – A tendência é que o número seja o 20 do Podemos, aposentando o 45 que identifica o PSDB desde sua fundação, em 1988. Em compensação, o símbolo será um tucano, estilizado na logomarca da nova sigla. Um dos objetivos é preservar ao máximo o legado do PSDB. A avaliação é que não se pode jogar fora o que foi feito por um partido que governou o Brasil durante oito anos e criou o Plano Real. Uma das ideias em debate é basear o programa do novo partido nas propostas tucanas, reforçando o caráter centrista da legenda. Em um primeiro momento, o partido se chamará #PSDB+Podemos, e posteriormente um novo nome será anunciado.
Disfunção intestinal deixa Bolsonaro sem previsão de alta – Internado há treze dias Hospital DF Star, em Brasília, depois de ter sido submetido a uma cirurgia de alto complexidade na região do abdômen, o ex-presidente Jair Bolsonaro está ‘sem previsão de alta’ da UTI, de acordo com o último boletim divulgado hoje, e permanece com uma sonda gástrica. O quadro de saúde do ex-presidente é delicado porque seu intestino ainda não retomou plenamente à função depois da cirurgia. Segundo fontes internas do hospital em Brasília, as contrações intestinais permanecem lentas, caracterizando um quadro de íleo paralítico ou hipomotilidade intestinal’, ou seja, quando a capacidade do intestino de contrair e mover o conteúdo é reduzida ou paralisada. Em decorrência disso, foi preciso implantar uma sonda em seu abdômen para drenagem de líquidos e conteúdo fecal. Após cirurgias de grande porte, especialmente envolvendo o trato gastrointestinal, o esperado é que o intestino recupere sua motilidade espontânea dentro de aproximadamente 5 a 7 dias. Bolsonaro passou pela mais recente cirurgia há doze dias, no domingo dia 13.
Disputa aquece RS – No Rio Grande do Sul, um ano após enchentes devastadoras, o governo estadual de Eduardo Leite (PSDB) e a bancada do PT, aliada de Lula, travam uma disputa política. O PT acusou Leite de incompetência por não elaborar projetos de contenção das cheias, enquanto Leite rebateu, chamando as críticas de “injustas” e “desonestas”. A troca de acusações reflete tensões políticas em torno da gestão dos recursos federais para a reconstrução do estado.
Dino pede explicações ao Congresso – Em uma nova decisão, o ministro Flávio Dino, do STF, deu ao Congresso 10 dias para explicar como serão identificados os autores de emendas com destino alterado. Entidades civis apontaram falhas de transparência e controle social nas resoluções do Legislativo. Dino exige clareza no uso do CIPI e que todas as reuniões do Comitê de Admissibilidade de Emendas sejam públicas, assegurando a rastreabilidade orçamentária.
‘Modo faz de conta’ – O caso inédito de um deputado que recusou o convite para assumir um ministério, mesmo após ser anunciado de forma pública para o cargo, expôs a falta de liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e um “faz de conta” na relação entre o governo e o Centrão. Na avaliação de consultores, isso ocorre pela perda de força do Executivo, por conta do maior poder que os parlamentares têm hoje sobre o Orçamento. Apesar da simbologia dos jantares de Lula com os principais líderes partidários do Congresso, muitos deputados e senadores apenas fingem apoiar o governo petista, que, por sua vez, finge acreditar porque depende do Parlamento para ter um mínimo de governabilidade. Ainda que resistam a ocupar ministérios, contudo, os políticos também não querem perder influência sobre as pastas do Executivo. A nova dinâmica foi escancarada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP): para resolver o impasse, ele indicou para as Comunicações um nome técnico, mas sob influência partidária.