Aos 62 anos, Isabel Silva Silva, coordenadora-geral do Movimento das Mulheres Negras Santanenses, acumula uma trajetória de luta e resistência. Mãe de cinco filhos e avó de 13 netos, Isabel tem dedicado grande parte de sua vida à causa da valorização e empoderamento da mulher negra. Ela segue o legado da fundadora do movimento, a professora Rosa Santiago, e há cerca de três anos assumiu a liderança após a mudança da então coordenadora, Cláudia, para Pelotas.
O Movimento das Mulheres Negras Santanenses, que ao longo dos anos tem se consolidado como um espaço de acolhimento e luta, é marcado pela seriedade e pelo compromisso de promover a inclusão e a visibilidade da mulher negra. Isabel destaca que, embora o movimento seja, muitas vezes, invisibilizado ou até julgado pela sociedade, a missão é clara: “Estamos aqui para ocupar os espaços que queremos e podemos, sem medo de reivindicar nossos direitos.”

O trabalho desenvolvido pelo movimento não se restringe a ações pontuais, mas é constante e abrange diversas frentes. Entre as iniciativas que o grupo realiza estão a entrega de troféus e homenagens às mulheres negras em destaque, como o Troféu Rosa Santiago, que celebra o protagonismo feminino negro, especialmente no mês de março, durante o mês da mulher. O movimento também realiza o tradicional evento de escolha das “nossas babies”, um reconhecimento da beleza e importância das crianças negras. Além disso, diversas ações solidárias são promovidas, como arrecadação de cestas básicas e roupas, para ajudar as mulheres e suas famílias que mais precisam.
Outro foco do movimento é trabalhar a autoestima da mulher negra em todas as idades. Isabel enfatiza a importância de incentivar mulheres, desde a infância até a terceira idade, a se sentirem empoderadas e capazes de conquistar o que desejam. “Nossa missão é mostrar que a mulher negra, com estudo e sabedoria, pode ocupar qualquer lugar, e isso é o que buscamos transmitir com nossas rodas de conversa, palestras e oficinas”, afirma.
O movimento também promove atividades para fortalecer a identidade negra, como rodas de conversa e palestras, abordando temas sobre a valorização da mulher negra, questões de gênero e raça, e os desafios que enfrentam no cotidiano. Isabel e sua equipe têm se dedicado a abrir portas para essas mulheres, encorajando-as a sair de casa, se apresentar em espaços de fala e fazer valer sua presença.
“A mulher negra sempre foi muito visada, seja de forma negativa ou estereotipada, mas é nosso papel mudar essa narrativa. Hoje, sabemos que a vida da mulher negra é outra, e estamos aqui para mostrar isso para o mundo”, conclui Isabel.
A luta do Movimento das Mulheres Negras Santanenses, com sua liderança e ações concretas, reforça a importância da representatividade e da união para garantir o protagonismo da mulher negra em todas as esferas da sociedade.