Alcides Mandelli Stumpf
Presidente do Instituto Unimed/RS
O roteiro de estudos à Alemanha, propiciado pela parceria Unimed Federação/RS e Sescoop-RS, nos levou a latitudes e altitudes desconhecidas, às vezes de ar rarefeito. Portanto, a viagem e seus ensinamentos não devem ser entendidos às pressas, movidos pelo afã de terminar a tarefa o quanto antes, pois tal comportamento causará efeitos semelhantes aos provocados pelo Mal da Montanha, conjunto de sintomas que acometem principalmente os viajantes egressos das planícies pampeiras, afeitos às simplificações que não exigem reflexão, apegados ao passado que se oferece de forma didática, sem exigir quase nenhum esforço, e que, subitamente, decidem escalar o pico de Zugspitze nos Alpes Bávaros.
A jornada exige coragem para enfrentar desafios, como a gestão de recursos segundo a disciplina germânica. Em missões anteriores, aprendemos lições valiosas. No Vale do Silício (2019), descobrimos a importância da inovação e digitalização. Em Israel (2022), fomos imersos em novas tecnologias. Na Inglaterra (2023), vivenciamos a eficiência da Atenção Integral à Saúde. Na Alemanha, a lição veio de um olhar orientado, crucial para a sustentabilidade dos sistemas de saúde.
Nossa constatação de que “o bem ponderado” implica absorver as experiências sem desejos de imposições, traduzindo lições para fortalecer as cooperativas de saúde do RS. O enfoque cooperativista nos proporciona ressignificar estratégias organizacionais e experimentações na prática.
A metáfora das duas chaves, retirada do livro “Você é o que você acredita”, de May e do diretor de formação das cooperativas do DRGers/Sescoop-RS, apresenta o seguinte conto: um estrangeiro visita um rabino muito sábio e lhe pergunta: “Mestre, o que é melhor: a bondade ou a inteligência?”. O rabino responde: “A inteligência, meu filho, pois ela é o centro da vida”. Há um momento de silêncio. O rabino parece pensar. E antes que o estrangeiro agradeça e vá embora, o rabino completa: “Mas se você só tem a inteligência, sem bondade, é como se você tivesse a chave de um quarto que está no centro da sua casa, mas tivesse perdido a chave de entrada”.
Ao transportar a experiência da viagem de estudos, aprendemos, com os alemães, que, de certa forma, necessitamos sempre de duas chaves para cuidar de um cofre, pois, na multidimensionalidade das vidas humanas, nada funciona sem o outro. Assim, nós, médicos, dirigentes e cooperativistas, procuramos trazer conosco sempre as duas chaves que abrem nosso ofício de servir: bondade e inteligência.