seg, 4 de novembro de 2024

Variedade Digital | 26 e 27.10.24

Comunidade Quilombola Ibicuí da Armada recebe capacitação para formar agroindústria

Fortalecimento da produção e comercialização de alimentos é o primeiro passo rumo à agroindústria coletiva

Tortas, bolos, rocamboles, brigadeiros, entre outras variedades de doces. Todas as opções descritas foram produzidas por um grupo de mulheres da Associação Remanescente do Quilombo Ibicuí da Armada, localizada a cerca de 50 km da zona urbana de Sant’Ana do Livramento.

A iniciativa faz parte do “Projeto de Fortalecimento da Produção e Comercialização de Alimentos” que oferece cursos e capacitações à Comunidade Quilombola, de modo que, em breve, possam organizar-se e formar uma agroindústria alimentar coletiva, gerando renda às mulheres que, em grande parte, faxinam em fazendas da região. Estão à frente do projeto: a Universidade do Estado do Rio Grande do Sul (UERGS); o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que atua para proporcionar mudança de atitude e visão do produtor e trabalhador rural; a comunidade do Quilombo Ibicuí da Armada e o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) que liberou R$ 13.000,00 em recursos do fundo social. Em outras palavras, um recurso financeiro criado em 2018 que busca alavancar e apoiar entidades em prol do desenvolvimento regional.

Desenvolvimento Local

Em entrevista ao Jornal da Manhã desta quarta-feira (30), Stefany Vieira Vaqueiro, da Comunidade Quilombola Ibicuí da Armada falou sobre a preparação. Conforme a jovem, o intuito era realizar um curso de panificação local, de modo que não fosse necessário ir à cidade para buscar a matéria-prima. “Aí nós fizemos uma parceria com a UERGS e o Sicredi, para conseguir. Conseguimos o curso, conseguimos o forno, mesa inox. Temos tudo para trabalhar”, disse.

Com as capacitações, a própria comunidade será capaz de produzir. “O que nós estamos pensando é produzir até mesmo para o colégio. Porque eles trazem da cidade. Então, eles poderiam comprar aqui da gente”, lembrou a jovem. Junto a Stefany Vieira Vaqueiro, Dara Xavier Machado, também integrante da Associação Quilombola Ibicuí da Armada, lembrou de uma das atuais dificuldades: vagas de emprego. Isto é, os moradores precisam sair da comunidade em busca de oportunidade. “Nas reuniões nós conversávamos entre todos, para poder buscar o curso. Agora nós conseguimos: o de tortas e doces, que foi concluído ontem”, explicou.

A moradora ainda reiterou a importância da agroindústria para Comunidade Quilombola, uma vez que se caracteriza como fonte de renda direta. “É uma forma para você unir a comunidade, para você não perder os jovens, não deixar eles irem embora”, pontuou.

Além do curso de doces e confeitaria, segundo elas, o próximo passo é iniciar a capacitação em panificação, salgados, bolachas e estruturar a cozinha onde serão preparados os produtos. O objetivo é estar com a agroindústria em pleno funcionamento até o período festivo de dezembro, época em que o fluxo de encomendas de doces e salgados é maior, bem como participar das feiras da agricultura familiar de Sant’Ana do Livramento.