Tortas, bolos, rocamboles, brigadeiros, entre outras variedades de doces. Todas as opções descritas foram produzidas por um grupo de mulheres da Associação Remanescente do Quilombo Ibicuí da Armada, localizada a cerca de 50 km da zona urbana de Sant’Ana do Livramento.
A iniciativa faz parte do “Projeto de Fortalecimento da Produção e Comercialização de Alimentos” que oferece cursos e capacitações à Comunidade Quilombola, de modo que, em breve, possam organizar-se e formar uma agroindústria alimentar coletiva, gerando renda às mulheres que, em grande parte, faxinam em fazendas da região. Estão à frente do projeto: a Universidade do Estado do Rio Grande do Sul (UERGS); o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que atua para proporcionar mudança de atitude e visão do produtor e trabalhador rural; a comunidade do Quilombo Ibicuí da Armada e o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) que liberou R$ 13.000,00 em recursos do fundo social. Em outras palavras, um recurso financeiro criado em 2018 que busca alavancar e apoiar entidades em prol do desenvolvimento regional.
Desenvolvimento Local
Em entrevista ao Jornal da Manhã desta quarta-feira (30), Stefany Vieira Vaqueiro, da Comunidade Quilombola Ibicuí da Armada falou sobre a preparação. Conforme a jovem, o intuito era realizar um curso de panificação local, de modo que não fosse necessário ir à cidade para buscar a matéria-prima. “Aí nós fizemos uma parceria com a UERGS e o Sicredi, para conseguir. Conseguimos o curso, conseguimos o forno, mesa inox. Temos tudo para trabalhar”, disse.
Com as capacitações, a própria comunidade será capaz de produzir. “O que nós estamos pensando é produzir até mesmo para o colégio. Porque eles trazem da cidade. Então, eles poderiam comprar aqui da gente”, lembrou a jovem. Junto a Stefany Vieira Vaqueiro, Dara Xavier Machado, também integrante da Associação Quilombola Ibicuí da Armada, lembrou de uma das atuais dificuldades: vagas de emprego. Isto é, os moradores precisam sair da comunidade em busca de oportunidade. “Nas reuniões nós conversávamos entre todos, para poder buscar o curso. Agora nós conseguimos: o de tortas e doces, que foi concluído ontem”, explicou.
A moradora ainda reiterou a importância da agroindústria para Comunidade Quilombola, uma vez que se caracteriza como fonte de renda direta. “É uma forma para você unir a comunidade, para você não perder os jovens, não deixar eles irem embora”, pontuou.
Além do curso de doces e confeitaria, segundo elas, o próximo passo é iniciar a capacitação em panificação, salgados, bolachas e estruturar a cozinha onde serão preparados os produtos. O objetivo é estar com a agroindústria em pleno funcionamento até o período festivo de dezembro, época em que o fluxo de encomendas de doces e salgados é maior, bem como participar das feiras da agricultura familiar de Sant’Ana do Livramento.