Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Sebastião Melo: 406.467 (61,53% dos votos válidos); Maria do Rosário: 254.128 (38,47% dos votos válidos); Brancos: 27.249; Nulos: 26.811; Abstenção: 381.965. Estes são os números finais do segundo turno para prefeito de Porto Alegre. Nenhum dado acima chama mais a atenção que o total de abstenções. Mais de 380 mil eleitores deixaram de ir às urnas.
O registro merece uma acurada reflexão dos envolvidos no processo eleitoral, incluindo o próprio cidadão. Existe um movimento para tornar o voto facultativo. Votaria quem quisesse, sem multa ou punição para quem não comparecesse à seção eleitoral.
Contrários à tese argumentam que a corrupção, através da “compra” do voto, seria avassaladora. Boa parcela do eleitorado seria movida à contrapartidas para votar, em troca de cestas básicas, transporte até a urna, ternos de camiseta no interior e tantos outros “presentes” em troca do voto.
Polêmica à parte, é preciso detectar o que avilta o desinteresse do eleitor para usar a arma mais democrática e eficaz do processo de escolha de seus representantes. Uma das alternativas seria o volume de casos de corrupção política, o que é verdade, mas o fato é turbinado pela imprensa que tem gosto peculiar em priorizar manchetes negativas.
A dificuldade para concorrer também é citada porque nem mesmo a criação do fundo eleitoral permite que “mortais comuns” consigam disputar um pleito em condições semelhantes aos já detentores de mandato. Velhos caciques decidem para onde – e para quem – irão os bilhões do dinheiro de nossos impostos em cada disputa.
O desinteresse do eleitor também é resultado da impaciência para pesquisar nomes desconhecidos que poderiam corresponder à expectativa diante de tantas carências do país. “São sempre os mesmos nomes que estão na disputa”, ouve-se com frequência.
Mas quem, de verdade, busca nas redes sociais detalhes da vida pregressa dos candidatos? E sejamos sinceros: a internet permite uma ampla investigação, a favor e contra, de qualquer pessoa. Basta querer e buscar.
O debate deve ser feito. Dentro de dois anos teremos novas disputas, desta vez para presidente, governador, senador e deputados estadual e federal. Motivar o eleitor será o maior desafio dos políticos e candidatos.