Buenas!
E aí? Tudo pronto para aproveitar os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris? Já está circulando pelos bulevares da capital mais iluminada do mundo? Está chegando? Não? Vai ver do sofá? Do computador enquanto finge que trabalha? Tudo está valendo, o que não vale é ficar indiferente ao evento mais importante do mundo!
Nem copa do mundo, nem eleição americana, muito menos a final do campeonato varzeano de futebol sete do teu bairro, nada compete com a grandiosidade de uma edição olímpica!
E não é por acaso. Como quase tudo que é bom, da filosofia à arquitetura, foi a Grécia que criou o evento que traz embates esportivos com a frequência de quatro em quatro anos, 800 anos antes do nascimento de Cristo. E fazia tanto sucesso, que atraia atletas e plateia de diversas regiões, com regularidade por mais de 400 anos!
Os jogos olímpicos modernos começaram no final do século XIX, por iniciativa do Barão de Coubertin, um francês apaixonado por história e pelo espírito olímpico grego. Dizem que é dele a frase: “o importante não é vencer, mas competir!” Ela faz parte do cotidiano de todo atleta, seja ele um estudante de colégio público, seja ele um maratonista.
Contudo, poucos conhecem o complemento da frase do barão: “E com dignidade!” Palavra tão simples, mas esquecida não só em práticas esportivas – afinal, para vencer, muitos atletas usam e abusam de doping e subterfúgios ilegais para vencer –, mas, também, na vida. Dignidade que falta, muitas vezes, para a classe política, por exemplo!
Quem é sedentário convicto ou não sente emoção alguma vendo homens e mulheres se enfrentando numa arena esportiva, numa pista de corridas, numa piscina ou quadra, não precisa continuar lendo meu texto, pode largar isso aqui e voltar a maratonar sua série preferida.
Contudo, durma no sofá com a informação, que o nome de seu “esporte” preferido vem de uma das atividades esportivas mais difíceis e antigas da história. A maratona consiste numa corrida de 42,195 Km. Coisa pouca, não é mesmo, tão leve que o primeiro praticante morreu a concluí-la. Vou resumir.
Após a vitória na batalha na cidade de Maratona, o comandante mandou um soldado levar a notícia ao rei, em Atenas, sem pausas. A distância percorrida de 42 km foi tão exaustiva, que o jovem morreu após dar a notícia ao mandatário. E tem um monte de doido praticando este esporte!
Brincadeira, tenho vários conhecidos que já correram maratonas, admiro deveras a persistência e dedicação que é necessário não só para competir, mas para se preparar para uma prova tão desgastante como esta! Mas não me chamem para ir junto! Eu prefiro as provas curtas, tanto de corrida, quando corria, quanto as de natação.
Não, não sou um atleta, longe disto, sou um esforçado competidor, como pregava Coubertin. Não foi sempre assim. Até acabar o ensino médio, era um guri tímido e magrelo, fazia de um tudo para fugir das práticas esportivas escolares.
Não só porque consistia basicamente numa bola jogada pelo professor no meio de uma turba de meninos em idade competitiva, sedentos por se impor fisicamente sobre o outro para ter alguma vitória pessoal na vida, mas porque preferia estar na biblioteca, por entre livros. Local amistoso e mais saudável, à época.
Num deles li sobre a expressão latina: MENS SANA IN CORPORE SANO ‘Mente sã num corpo são’ e, com alguma maturidade, após concluir o colégio, entendi que, ao cuidar do corpo, poderia facilitar e ampliar os cuidados do intelecto também.
Comecei a correr, fazer academia, jogar futebol e vôlei, era o que podia fazer morando numa cidade do interior do RS. Aprendi, a duras penas, que o esporte coletivo tem seu valor na questão de integração, afinal, não dá para fazer tudo sozinho na vida! Nunca fui o melhor em nada, mas sempre fui esforçado em tudo!
E para o sedentário que não largou a leitura, lembro que temos os jogos paralímpicos! Eu quando sinto aquela preguiça de ir nadar, lembro que que há meninos e meninas que saem de suas casas, alguns deles cegos, outros cadeirantes, que estarão lá, na borda. Eu tenho o direito de deixar a preguiça tomar conta? Claro que não!
Superação! Acho que esta palavra deveria ser agregada ao lema olímpico que, para mim, poderia ocorrer todo ano! Não consegui estar em Paris para acompanhar os jogos ao vivo, como fiz quando os jogos foram no Rio de Janeiro, em 2016 – sim, fui a trabalho, mas pude aproveitar muita coisa!
Superar adversidades é a realidade de muitos atletas brasileiros que lá estarão, brancos ou negros, homens ou mulheres, alguns com chance de vitória, a maioria não. Atletas que se formaram em escolas públicas, muito diferente de concorrentes europeus ou americanos, com uma base escolar integral e muito diferente daquela que vivenciei no século passado e que ainda perdura nos dias atuais por aqui, infelizmente.
Mesmo assim, estão lá, não só pelo dinheiro, que é importantíssimo para a sobrevivência, muito pela superação de suas escolas públicas, da falta de equipamento, da falta de patrocínio, superando seus medos, superação a si próprios…
Bora prestigiar os jogos olímpicos de 2024 e, de quebra, apreciar a eterna Paris?
Notícias do dia por Germano Rigotto
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