As recentes chuvas intensas agravaram a situação, já precária, das estradas que dão acesso às escolas rurais de Livramento. Das 19 escolas na zona rural, 15 estão enfrentando dificuldades de acesso. Em algumas dessas instituições, a interrupção do transporte é total, impossibilitando a chegada de alunos e professores. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Rádio RCC, nesta sexta-feira (21), a Secretária Municipal de Educação, Elis Duarte, contou detalhes preocupantes sobre essa situação.
“A situação das nossas escolas, que já não é boa, a cada chuva fica mais difícil”, relatou Elis Duarte. Ela destacou que o fluxo intenso de caminhões pesados, utilizados para escoar a produção agrícola, contribui significativamente para a deterioração das estradas. “O peso desses caminhões, alguns com 60 toneladas, é muito considerável, e acaba estragando mais as estradas, mas os produtores precisam escoar”, acrescentou.
Para tentar minimizar os danos, a Secretaria de Agricultura recebeu um britador na última quinta-feira (20), o que deve ajudar na manutenção das estradas. No entanto, a situação dos alunos da zona rural permanece crítica. “Têm escolas que ninguém consegue ir e esse dia tem que ser recuperado, mas nas escolas onde alguns não conseguem ir, o dia letivo é validado, e os alunos que não conseguiram chegar saem prejudicados”, explicou Duarte. Isso força os professores a revisarem conteúdos para alunos que perderam aulas, atrasando o progresso de toda a turma.
Elis Duarte enfatizou que, apesar das orientações do Conselho Nacional de Educação e do Ministério da Educação, Livramento segue um sistema municipal de educação, que determina as diretrizes a serem seguidas. Em novembro de 2023, foi emitido um decreto municipal que permite a flexibilização do calendário escolar, caso necessário. A Secretaria de Educação já solicitou ao Conselho Municipal de Educação a flexibilização dos 200 dias letivos em 2024 e a autorização para aulas não presenciais, mas ainda aguarda uma resolução.
“Estamos no aguardo dessa resolução. Quando a resolução chegar até nós, orientaremos as escolas sobre como proceder e cada escola cria seu plano de ação (…) Hoje, muitos alunos têm acesso à internet, e nossos professores estão disponíveis para passar atividades e tirar dúvidas, mas enquanto não tivermos uma orientação do conselho, não conseguiremos fazer isso”, finalizou Duarte.
A falta de uma resposta rápida do Conselho Municipal de Educação, que não inclui representantes de pais em sua composição, tem gerado insatisfação. A documentação solicitando a flexibilização do calendário foi enviada ao conselho em maio, há quase um mês. Enquanto aguardam a decisão, alunos que não conseguem ir às aulas ficam em casa sem suporte educacional.