sex, 27 de dezembro de 2024

Variedades Digital | 21 e 22.12.24

ATÉ A PRÓXIMA TRAGÉDIA

Gilberto Jasper
Jornalista / [email protected]
O raio caiu no mesmo lugar, no caso, no Rio Grande do Sul, por três vezes num espaço de sete meses. Domingo acordei com o ruído dos helicópteros passando por cima do prédio onde moro, em Porto Alegre. Somente depois do meio-dia o sol apareceu firme e a chuva cessou. A overdose de imagens chocantes parece não ter fim. Assim como fotos e vídeos da solidariedade que se multiplicou.
A tragédia sem precedentes, 82 anos depois da histórica enchente de 1941, marcará uma geração para sempre. Contaremos aos netos o que passamos, vivemos e sofremos. Igual ao que fizeram nossos avós na tragédia de quatro décadas atrás.
A dura lição das enchentes de 2023 de pouco servirá. No Vale do Taquari, por exemplo, mais de um terço dos recursos não chegaram até hoje ao destino. As vinte minúsculas casinhas entregues mês passado são obra de mutirão encetado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil. Do estado e do governo federal, nada, à exceção de promessas postergadas pela burocracia onipresente.
O fundo eleitoral para as eleições deste ano soma R$ 4,9 bilhões, mas o dinheiro para microempreendedores retomarem seus negócios, destruídos no ano passado chega em conta-gotas. Por que, então, não destinar parte desta bolada para mitigar os efeitos da catástrofe atual?
Os governos estadual e municipais têm a obrigação de incluir medidas concretas para as calamidades. Barcos, botes, coletes salva-vidas, veículos “fora de estrada” e helicópteros deverão integrar os planos-proposta dos futuros prefeitos. Chega de improvisos e pires da mão esperando por Brasília e do Palácio Piratini.
Sem energia, internet e água, o velho radinho de pilha se mostrou a única conexão das comunidades atingidas com o resto do mundo. Programas ininterruptos salvaram milhares de vidas, indicaram locais exatos para resgates, denunciaram golpes e saques de lojas por gente desprovida de alma e coração.
Por muito tempo vamos chorar as vítimas das enchentes do início do mês. Tenho dúvidas de que as mortes servirão para inspirar a adoção de medidas concretas. A mídia – sempre ela – faz a pauta do dia. Assim como em 2023 no Vale do Taquari, o sumiço das manchetes da tragédia vai arrefecer ânimos, recursos, ações e tudo cairá no esquecimento. Até a próxima catástrofe.

Para Lorenzoni, as prioridades de 2025 são os gaúchos, a proteção e a reconstrução do RS

Em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (26/12), o deputado Rodrigo Lorenzoni fez uma retrospectiva sobre o ano atípico de 2024, falou sobre o aprendizado que os gaúchos vão levar no que se refere à prevenção, proteção e cuidado com o meio ambiente e sobre o que deverá pautar as discussões em 2025. “Uma das tristes constatações é que o poder