Buenas!
Não sei se sou só eu, mas tenho a impressão de que o mundo se transformou em uma ladeira íngreme e, nossa vida, tornou-se um carrinho de rolimã sem freio. Cada dia é uma nova surpresa, uma notícia tentando superar a outra, em geral, com sucesso!
Não bastasse o conflito entre Israel e a Palestina, agora corremos o risco de ver a briga entre Israel e Irã ser ampliada. Não é novidade, ela remonta aos tempos bíblicos, inclusive, do Velho Testamento! Está lá, no livro de Josué: “Ao som das trombetas e do forte grito, o muro caiu e tomaram a cidade. Consagraram a cidade ao Senhor, destruindo ao fio da espada homens, mulheres, jovens, velhos, bois, ovelhas e jumentos; todos os seres vivos que nela havia.”
Agora não são trombetas que derrubam muralhas, são foguetes, drones e tanques, mantendo a briga interminável sempre animada, para dizer o mínimo, lomba abaixo. Ao menos para os que perecem, tanto de um lado quanto do outro desta contenda milenar interminável…
Não bastasse isso, continuam os bombardeios dos russos sobre os ucranianos. Há dois anos começou a invasão de Putin sobre o território independente da Ucrânia, aumentando o preço dos combustíveis e da farinha de trigo mundo afora. Será que o ditador russo, recém reeleito através do sistema eleitoral que ele manda e desmanda para mais um mandato, não tem mais nada com o que se preocupar, como o degelo da Sibéria?
Mas a temática imbatível do mês, quiçá do ano, foi o morto na agência bancária. “- Assina aí, tio!”, disse a sobrinha que era prima. “Ele não parece bem,”, responde a funcionária. “Ele é forte, até abriu a porta!”, responde a moça que acompanhava o senhor na cadeira de rodas, mantendo os esforços para que o senhor, visivelmente morto, assine um empréstimo de 17 mil reais.
Se não tivesse vídeo, muita gente iria duvidar, não pode ser, estão copiando o filme “Um morto muito louco 2”, de 1993. Mas a vida real acaba, de tão absurda, sendo mais criativa que a ficção. Num primeiro momento, com o vídeo borrado, a cena é surreal. Depois, vendo in natura, torna-se impossível acreditar que uma pessoa que goze de um pingo de sanidade mental não enxergue que aquele senhor estava morto. Impossível!
Porém, estamos no Brasil, e tudo é possível! Inclusive, uma prefeita de uma cidade de SC colocar livros no lixo. Vou repetir: ela, do alto de sua falta de leitura, colocou livros no lixo! Um deles, uma adaptação em quadrinhos do excepcional cartunista Edgar Vasques de histórias do Analista de Bagé, do genial Luis Fernando Verissimo.
Não precisaria comentar, mas se faz necessário. Só no mundo atual, em que as redes dão fama instantânea para qualquer um, ela poderia ganhar alguma visibilidade. É inconcebível um ser pensante, o que não é o caso, colocar livros no lixo. Doe, empreste, não leia, fale mal, mas nunca, repetindo, nunca coloque um livro no lixo. Uma atitude como esta remete aos tempos medievais e do nazismo, para dizer o mínimo.
Ela alega que os livros tinham “cunho sexual e eram para as crianças.” E está errada, os livros têm indicação etária juvenil e adulto! Em que mundo ela vive que acha que os jovens de hoje não têm acesso à temática sexual na palma de suas mãos a hora que quiserem? Melhor que seja na escola, com orientação profissional.
Ela eu sei que não assistiu e nem leu o livro “O nome da Rosa”, de Umberto Eco. O livro é difícil, denso, mas virou best seller, assim como o filme, uma excelente adaptação com o Sir Sean Connery. Se ainda não assistiu, o faça. Nele, pessoas são assassinadas e livros queimados para não se propagar conhecimentos “impuros”, segundo alguns padrecos puritanos.
Na semana do livro infantil no Brasil, dia 16, e do dia mundial do Livro, dia 23 de abril, não se concebe que uma mulher tome atitude tão vil, tão baixa, com o simples propósito de angariar votos para sua reeleição. A ladeira não está tão inclinada assim, ao menos, não deveria estar!
Difícil lidar com tudo isso, o que não podemos é nos acostumar com o absurdo, apesar de o ser humano está sempre tentando se superar, não pode ver uma rampa que já quer soltar seu carrinho de rolimã lomba abaixo, mesmo que se estrepe todo.
Não temos como saber o que irá nos surpreender nas próximas semanas, porém, façam de um tudo: briguem por areias no deserto, ataquem cidades sitiadas, levem defuntos para sacar um troco no banco, porém, nunca, eu disse NUNCA, coloquem um livro no lixo. Ainda mais se for do Luis Fernando Verissimo!
