ter, 26 de novembro de 2024

Variedades Digital | 23 e 24.11.24

Mais uma vez, guapuruvus caem e destroem parte de casa e comércio na Tamandaré

Conselho de Meio Ambiente defende pareceres técnicos e realização de exames nas árvores antes da supressão
(Foto: Matias Moura/AP )

A pergunta dos moradores da avenida Tamandaré nesta semana foi a mesma: “Até quando?”. Até quando árvores centenárias irão continuar destruindo casas, comércios e até mesmo veículos? Afinal de contas, é isso que vem acontecendo há anos. De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Paulo Ecotend, os técnicos da Prefeitura já atestaram, desde o ano passado, que os guapuruvus não têm mais tempo de vida e que precisam ser retirados do local.
No entanto, segundo Paulo, o Conselho de Meio Ambiente exige que, para a retirada, sejam realizadas tomografias das árvores, o que para o secretário seria inócuo, uma vez que já há atestados técnicos a respeito. Além disso, o município precisaria realizar uma licitação para contratar uma instituição para fazer o procedimento, o que arrastaria indefinidamente o processo, sem necessidade, colocando assim a vida dos santanenses em risco por mais tempo.
“Nós temos várias indicações da retirada das árvores da Tamandaré, a princípio nós faríamos essa retirada gradativamente. Na medida em que fôssemos replantando, retiraríamos as outras […] já é consenso [entre os técnicos] a retirada das árvores, porém para que não fique o impacto visual e um vazio muito grande na avenida, nós estamos terminando o processo de fechamento dos canteiros de retorno, esses canteiros todos receberão árvores, inclusive que já estão aqui, comigo, no DEMA. Serão recolocadas todas as árvores na Tamandaré. Ao todo são 23 árvores, sendo que nós já tiramos cinco e três já caíram”, comentou o secretário Paulo.
A reportagem teve acesso a um parecer técnico do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) sobre o tema. O órgão foi acionado pelo Conselho de Meio Ambiente em junho de 2023. O documento traz uma linha do tempo sobre o assunto, que teria iniciado em janeiro de 2023, dias após a queda de um guapuruvu que danificou uma loja e um automóvel. Neste mesmo parecer constam relatórios do Departamento de Meio Ambiente (DEMA) propondo a substituição total das árvores e a implantação de novas espécies adequadas ao local, de forma gradual. Além disso, a empresa ICCILA, responsável pelo asfaltamento da via, também emitiu um relatório fotográfico, onde informa sobre a necessidade da remoção de todas as raízes que estão causando a deformação do pavimento. Não considerando isso suficiente, a Secretaria de Agricultura de Sant’Ana do Livramento também emitiu um parecer técnico, atestando que seria necessária a remoção das raízes.
Encaminhada a documentação para o Grupo de Trabalho (GT) de Arborização do Conselho, ele constatou que o relatório fotográfico da ICCILA não tem consistência técnica e tem foco único e exclusivo na qualidade do asfalto, sem análise dos impactos ambientais, concluindo que os argumentos não foram suficientes para mudar a posição do grupo quanto ao tema. Ainda em junto o Planejamento pediu autorização para abater os guapuruvus da Tamandaré, que tinham suas raízes prejudicando o novo reperfilamento, bem como causando danos na tubulação de água do Departamento de Água e Esgotos (DAE).
O MP-RS entendeu que nos autos do inquérito não consta a avaliação específica atualizada e que não havia elementos que indicassem existência de risco iminente das árvores, portanto não considerou que a supressão dos guapuruvus seja a estratégia correta.
O Conselho do Meio Ambiente, por sua vez, alega vir trabalhando baseado na técnica e no profissionalismo. “Fica bem claro a necessidade de, além dos pareceres técnicos, a realização de exames nas árvores antes da supressão, bem como a elaboração de um plano de rearborização do local em médio e longo prazo. Tudo de maneira técnica e com segurança jurídica”, destacou a presidente do órgão, Vanderlea Maia.

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