Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Vivemos a era da comunicação total. Jamais tivemos tantos canais para buscar todo tipo de informação. Mas parece que o homem desaprendeu a dialogar e conversar civilizadamente. Muitos querem impor ideias em bolhas de pensamento único para turbinar as ofensas.
A leitura se restringe a conteúdos da internet, de preferência curtos e enviados por whatsapp. Muitos leem só o primeiro parágrafo e disparam mensagens nem sempre com fidelidade ao teor.
O hábito da leitura não constitui prioridade para a esmagadora maioria das pessoas, principalmente entre os jovens. O ritmo do mundo digital fez do livro objeto estranho. Outrora insubstituível, as publicações jazem em cantos escuros, vez por outra levados à luz em das feiras, mostras ou bienais que tentam manter acesa a chama da leitura.
No final de semana estive em Guaporé, na serra gaúcha. Lá, um sonhador, dono do jornal “Tribuna da Serra”, investe num projeto pouco divulgado. Sábado ocorreu a quinta edição do “Frutos do Saber”. Com apoio de familiares, amigos e alguns empresários, o jornalista Luis Reder arrecadou 10 mil livros. A Praça Vespasiano Corrêa amanheceu com milhares de livros pendentes das árvores e também afixados nos portões da Igreja Santo Antônio.
Qualquer pessoa poderia pegar a quantidade que quisesse de livros, sem pagar nada e levar para casa. A novidade deste ano foram os livros confeccionados em linguagem Braile, alternativa inclusiva que mereceu elogios generalizados. Na praça, além da atração principal, houve shows com artistas regionais e contação de histórias para a gurizada.
É uma iniciativa fantástica, mas viabilizada graças à dedicação incansável de um apaixonado por livros. Com apenas o Ensino Médio completo, Luis Reder devora publicações e investe pesado na aquisição de obras infantis. “A criança é nosso maior tesouro. Se incutirmos nelas o hábito da leitura teremos mais cultura, menos problemas sociais e pessoas melhores”, justificou.