Não têm sido tempos fáceis para os produtores do Rio Grande do Sul, depois de três anos seguidos de estiagem que bateu recordes históricos deixando os municípios em situação de calamidade pública, a segunda metade de 2023 vem sendo o oposto: com altos volumes registrados de chuva causando enchentes e prejudicando várias culturas no campo. Uma delas é a soja, cujo clima chuvoso afeta a implementação da cultura, plantio, estabelecimento das plantas e desenvolvimento inicial. Neste ano, a janela de plantio está menor pela grande quantidade de soja colhidas nos meses de outubro e novembro, mas ainda não se pode falar em perda de produtividade ou quebra de safra.
Diante desses desafios, a reportagem do Jornal A Plateia conversou com João Petter, Gerente Regional da Fronteira Oeste da Cotribá, para saber como anda a cultura da soja no município, as novas perspectivas de mercado e a possibilidade do aumento de área cultivada. “Hoje, Sant’Ana do Livramento tem 75 mil hectares plantados com soja. A região que vem se destacando na produção, nos últimos anos, é a Coxilha Santo Inácio, que teve chuvas mais regulares. Toda a metade sul do estado tem seus desafios, aqui na região os principais são: solo com baixo teor de argila, arenoso, instabilidade de precipitação e infraestrutura, no geral, mas principalmente as estradas rurais. Essas são um grande desafio. Livramento tem uma grande área ainda a ser explorada e com possibilidade de implementação da cultura da soja. Neste ano, Livramento é o 14º município em tamanho de área de soja no estado, isso é um número excelente se levado em consideração que a cultura tem pouco mais de 20 anos na região, porém hoje o que impede um crescimento mais acelerado é a infraestrutura, que afeta na logística do escoamento da produção”, destacou.
Atualmente, a Cotribá trabalha na Assistência Técnica, venda de insumos, comercialização da produção e prestação de serviços como Agricultura de Precisão, aplicação com drones, aplicação de fertilizantes com taxa variável e outros.
Segundo João Petter, sobre a comercialização, hoje as exportações acontecem para vários países, mas em torno de 70% da soja exportada pelo Brasil tem como destino a China. A soja é recebida nas unidades da cooperativa e transportada para os terminais em Rio Grande na medida em que o produtor vai negociando. Soja é uma oleaginosa com alto teor de proteína, ela é usada como matéria prima em várias frentes, alimento, biocombustível, rações, óleos, farelos e outros.
O gerente destaca que a cooperativa está disponível para todos os produtores rurais de Sant’Ana do Livramento, com toda a estrutura necessária ao produtor. “Também na parte social estamos sempre presentes na comunidade, fortalecendo o ato cooperativo. Hoje, a cooperativa mantém duas estruturas de recebimento de grãos no município, com 40 colaboradores diretos. No período de safra esse número chega em torno de 80 colaboradores diretos, mais os indiretos. Toda a comercialização é feita dentro do município, trazendo um retorno de valor adicionado ao poder público e à comunidade de Sant’Ana do Livramento. A cooperativa está, todos os dias, fomentando novas culturas, manejos, uso de tecnologia…. Então, acredito que a Cooperativa hoje é indispensável para o desenvolvimento agrícola da região”, disse.
Novembro Azul
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