Um ofício do Ministério da Educação, despachado nesta semana, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pôs fim ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), instituído pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Sant’Ana do Livramento será afetada pelo progressivo encerramento do Programa.
No documento, recebido pessoalmente pela secretária municipal de Educação, Elisangela Duarte, o ministério destaca que haverá um processo de desmobilização do pessoal das Forças Armadas, envolvidos e lotados nas unidades educacionais vinculadas ao Programa.
Para a titular da pasta de Livramento, o ofício é recebido com um sentimento de tristeza. “[…] e uma sensação de total desrespeito às nossas crianças, profissionais da educação e comunidade escolar. Quem lutou e fez o processo acontecer, com certeza, viveu o propósito e sabe a importância que o programa teve e tem para escola e comunidade, pois fez ressurgir uma escola que estava adormecida”, afirmou.
A escola João Souto Duarte é a única do município a fazer parte do programa que, para a secretária, deu novo ânimo à comunidade santanense. “A escola foi reestruturada e logo surgiram demandas de alunos de todos os pontos da cidade. A escola cresceu, apareceu e foi muito além, mostrou à comunidade o quanto é bom acreditar e pertencer e o quanto o projeto poderia acrescentar no desenvolvimento e na formação pessoal de cada aluno. Não temos como fugir do sentimento de impotência diante de uma decisão tão cruel diante do amor e dos sonhos dos nossos alunos, que escolheram estar na escola, que amam e se realizam estando lá”, complementou.
DO INCENTIVO À FINALIZAÇÃO
A prefeita Ana Tarouco (PL) foi uma das apoiadoras e incentivadoras do desenvolvimento do projeto. Afastada pelo período de férias, ainda não se manifestou sobre o assunto. Ainda não é certo se haverá alguma mobilização local para reverter a situação.
Enquanto isso, a secretária destaca que, há dois meses, encaminhou o documento de renovação do programa, mas que já recebeu a resposta negativa para tal. “Vamos acompanhar a progressão do encerramento do programa, assegurando para que seja uma transição cuidadosa e sensata, como as autoridades superiores não foram”, frisou.
REPERCUSSÃO NEGATIVA
Para a diretora do educandário, Fátima da Rosa Pires Tamara, o sentimento é de tristeza. “Diariamente, atendemos alunos dos quatro cantos da cidade e até mesmo da vizinha cidade de Rivera. São oferecidas oficinas no período inverso como: música, xadrez, sustentabilidade, apoio de matemática, língua Portuguesa e Inglesa, esportes e valores”, destacou lamentando o anúncio do governo federal.
“Vamos pedir apoio das autoridades para que nossa escola consiga passar a funcionar com o modelo que é oferecido pelo Governo do Estado. Nosso sonho continua e vamos lutar até o fim para que o direito de todas as famílias que ali deixam seus filhos diariamente seja respeitado, pois vivemos em uma democracia”, frisou a diretora.
