O trânsito é ambiente onde as pessoas mostram o que realmente são. A frase, surrada, resume o que se enxerga nas ruas, avenidas e rodovias Brasil afora. Ficar ao volante desperta nos humanos os instintos mais primitivos como diria aquele ex-deputado. Cidadãos pacatos ficam raivosos, transformando o veículo em armas letais.
Este é um fenômeno antigo que se intensifica com nuances de modernidade. O uso do celular turbinou a desatenção. A tela iluminada é um apelo irresistível. Não importa a situação do trânsito. Acessar mensagens, redes sociais ou documentar uma cena das ruas é rotina para muitos motoristas.
A questão educacional há muito tempo é pauta de acalorados debates por décadas. Metodologia, “patronos”, sistemas e conteúdos suscitam intermináveis congressos, encontros, seminários, colóquios e todo tipo de encontro sem que tenhamos uma solução eficiente.
A modernização da grade curricular é um sonho distante, talvez inatingível. Conteúdos como educação financeira, trânsito, ecologia e saúde – entre outros – são sugestões onipresentes, mas que não sensibilizam os responsáveis pelos destinos de futuras gerações.
No trânsito é chavão dizer-se que é preciso centralizar os investimentos nos futuros motoristas, já que atualmente se vê apenas potenciais infratores que dirigem com menor ou menor letalidade. A falta de educação nas ruas, avenidas e rodovias é uma epidemia generalizada que ignora faixa etária e classe social.
O uso da buzina é um dos exemplos típicos do descompromisso dos gaúchos com o mínimo de civilidade na direção. Duvido existir Estado onde o ruído que denota irritação e fúria seja tão empregado. Afinal, é preciso mostrar a todos a nossa inconformidade motivada por uma “fechada” ou manobra brusca sem aviso prévio.
Quando flagro um condutor distraído, daqueles que trocam de pista conforme o humor vigente, costumo brincar:
– Este motorista só lembra de usar o pisca-pisca no Natal!
Também gosto de observar aqueles que fazem ziguezagues frequentes, dando a impressão de serem os únicos do trânsito. Nestes casos imagino que eles só utilizam o espelho retrovisor para pentear o cabelo, retocar a maquilagem ou espremer alguma espinha no rosto. Para não enfartar só mesmo com bom humor!
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
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