Buenas!
Ser humano não é nada fácil, mas, vez ou outra, devemos deixar de somente ser para ficarmos um pouco mais humanos…
Não quis ser original com este jogo de palavras, longe disso, apesar de ter criado uma bela frase, não concordam? Já fiz jogos parecidos em missivas antigas aos leitores que aqui aportam. Contudo, a relevância da sentença é premente!
O Rio Grande do Sul sofreu e ainda sofre após um temporal arrasar pequenas cidades do litoral, Serra e região metropolitana. Casas, pontes, estradas e vidas, infelizmente, foram ceifadas por águas e ventos intensos. Há regiões da capital e cidades que ficaram mais de cinco dias sem luz.
Um amigo questionou se os sistemas de prevenção dos governos falharam. Não, eles funcionaram. Os meteorologistas alertaram com antecedência que um ciclone extratropical iria atingir o litoral gaúcho na entre quinta e sexta, 15 e 16 de junho.
Mas o que fazer para enfrentar ventos de mais de 100 km/h e mais de 200 milímetros de água – o que normalmente choveria em um mês – em poucas horas? O prefeito de uma das cidades pediu para as pessoas deixarem suas casas, procurarem abrigos e ginásios. Mesmo assim, centenas de famílias perderam seus bens e casas.
Moradores com mais de sessenta anos na região afirmaram que nunca sofreram enchentes nem vendavais desta magnitude. Casas e árvores foram varridas pelas forças das águas como se de papel fossem. O que o governo ou os moradores poderiam fazer diante de uma chuva nunca antes vista naquelas paragens?
Não há como negar que o clima no planeta está mudando, o RS já sofreu enchentes e vendavais, mas estão se tornando rotineiros e mais intensos. Ciclones não existiam na minha infância. Hoje, estão no noticiário com alguma frequência. Como lidar com as tragédias decorrentes deles? Solidariedade…
Desde que o homem começou a andar ereto travou uma luta constante por uma coisa: sobreviver. Não foi fácil, mas precisou ser inteligente muito antes de ser forte. E não sou eu que digo, Darwin disse que: “não é o mais forte que sobrevive, mas sim, aquele que melhor souber se adaptar.”
Óbvio que vocês já viram fotos de castelos e fortalezas europeias. Praticamente todos são construídos em morros, promontórios e locais altos, distantes dos rios, apesar de os manter por perto, para comércio e abastecimento.
Por que isso?, pergunta-me o leitor curioso. Porque quanto mais alto, mais longe se vê a aproximação dos inimigos. Mas, também, manter uma distância segura de possíveis enchentes, dependendo das características da região. Nem todas as cidades passaram por isso, óbvio. Londres e Paris, que são cidades planas, diferente de regiões montanhosas como as germânicas e a serra e litoral gaúchos, atingidos pelas águas revoltas.
Como lidar com isso?, volta a perguntar o leitor interessado. Ou fazemos como os nobres, e nos afastamos de regiões complexas, ou temos de ser humanos. Afinal, como foi que o humano sobreviveu nos últimos milhares de anos? Agindo com solidariedade para com o próximo.
Por mais que uma parcela da população queira exterminar a outra através da fome, guerra e segregação, ao longo dos séculos, a maioria de nós ainda age pelo instinto de sobrevivência coletivo, felizmente.
Lá no fundo, não só por empatia, temos ciência de que sozinhos não iremos sobreviver, precisamos fazer parte de um grupo para existir e ser fortes o suficiente para sobreviver aos inimigos e, também, ao próprio planeta. Ele, vez ou outra, reage aos incômodos que causamos.
Devemos por questões instintivas e, de quebra, humanitárias, ser solidários com quem precisa quando eventos inesperados surgirem. Com o aquecimento global, tais eventos estão aumentando e vão piorar em intensidade e quantidade nos próximos anos e décadas…
A união inteligente propiciou a força que transformou o homem de simples coletor em agricultor, fixou-o num mesmo local e disso resultou a revolução agrícola. Lá se vão 12 mil anos, cita Harari, no livro “Sapiens”, um best-seller da atualidade. Com a explosão demográfica redundante, o ser humano aprendeu, melhor, precisou ser solidário para conseguir plantar e colher.
Após a união inicial, surgiu a ganância e as individualidades, males que nunca serão exterminados. Ainda assim, o homem precisou aprender, no mínimo, a sobreviver a si próprio e à sua soberba.
Penso que este é o caminho, sobreviver a nós, já que somos 8 bilhões, mas também ao planeta e suas intempéries, que sempre foram complexas e estão cada dia mais intensas por obra e graça de… nós mesmos! Nossa interferência e excessos, que só cresceram com o passar do tempo, facilitaram o incremento das enxurradas, como a que arrasou o RS recentemente…
Se formos um tanto mais humanos, que nos é inerente como um carma, tanto com o próximo quanto com o planeta que nos dá sustento e abrigo, seremos por mais tempo…