*Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]*
Ao longo dos anos, a convivência humana forja amizades sólidas que perduram a despeito das mudanças de rumos tão comuns a todos nós. Muda-se de emprego, residência, de afetos e de opinião. Mas no final de contas, por mais parcerias que construímos, são raras aquelas que permanecem para sempre.
Recentemente li uma crônica que alertava para o fato inevitável da nossa finitude neste mundão de Deus. De acordo com os valores e princípios que norteiam nosso comportamento, podemos ajudar a minimizar o sofrimento das pessoas à nossa volta. Sejam vizinhos, amigos do peito ou colegas de trabalho.
Por mais altruísta que sejamos, poucas pessoas lembrarão de nós por muito tempo quando passarmos “desta para uma melhor”. Isso pode soar rude ou desumano mas, é preciso compreender que “a fila anda”. Sempre, em todos os quadrantes da vida, com todos. O vazio que deixaremos será preenchido por alguém. Seremos substituídos, deixados de lado, esquecidos. Nossa imagem vai se esvair ao longo do tempo num processo inexorável.
Convém avisar aos amigos, leitores e leitoras, que esta crônica não constitui num desabafo pessimista, mal humorado ou rabugento. Pelo contrário! Reflete a importância de nos dedicarmos cada vez com maior afinco àqueles que nos consideram na mais alta estima. A consideração a que somos alvos por parte destes companheiros de jornada deve ser valorizada.
Para muitos a era digital distorceu o conceito de amizade. Vejo estarrecido amizades destroçadas na defesa – ou crítica – de pessoas que muitos sequer conhecem na vida real. Detalhes íntimos, postados em redes sociais, têm o condão de criar exércitos de fanáticos guiados por cegueira incompreensível.
A adoração insana a estranhos, a destruição de biografias inatacáveis a partir de fake news ou baseada na opinião alheia só cresce. Seria melhor para a alma e o coração empregar energia para combinar uma pizza com chope com o amigo para partilhar sonoras risadas com causos do passado.
É crescente a legião de raivosos que dedicam horas para lutar guerras alienadas. Neste “novo normal” tem muita gente usando a tecnologia para odiar. Não seria saudável e prudente usar as ferramentas modernas para localizar velhos amigos que, estes sim, lembrarão de nós?