Ao longo da vida somos obrigados a cumprir tarefas que geram aborrecimento, revolta e desânimo. Na infância e adolescência, ir à escola é uma obrigação cuja importância só o tempo vai mostrar, sem falar nas recordações dos amigos que fizemos.
Mais tarde, trabalhar na busca de sustento por vezes suscita frustrações. Seja pela profissão que não gostamos, seja pela remuneração considerada injusta. Já na maturidade, submeter-se a exames periódicos para garantir a sanidade produz contratempos e temores. Mas “é da vida”, como se diz.
A partir dos 16 anos – por opção – e depois dos 18 – por obrigação – a participação na vida política é um ônus que muitos criticam. Este protagonismo se dá através do voto, que no Brasil é obrigatório. A democracia possui nuances diferentes nos mais diversos países. Alguns são bastante liberais. Outros adotam a “democracia”, assim, deste jeito, entre aspas. Em outros, por incrível que pareça, ainda vigora a ditadura que por mais absurda que seja têm muitos fãs. Inclusive no Brasil.
“Se você acha ruim a atual legislatura, espere a próxima!”. A frase, atribuída ao saudoso Ulysses Guimarães, resume a piora gradativa na qualidade de nossos representantes políticos. Fica a impressão de que a cada eleição só temos políticos despreparados, corruptos e venais. Mas isso nem sempre é verdadeiro.
A mídia nutre um interesse sádico em veicular os maus exemplos. “Notícia ruim ‘vende’ mais”, reza a lenda. Políticos íntegros e competentes ocupam pouco espaço, mas existem. Citá-los geraria ânimo, otimismo e inspiraria outras pessoas a entrar na vida pública.
Pouquíssimas pessoas lembram em quem votaram para deputado ou vereador. Este desinteresse impede o eleitor de acompanhar seu representante. Isso estimula a impunidade generalizada. O desinteresse pela política impede o desenvolvimento integral de uma nação.
Criticar sem participar é cômodo e covarde, mas no Brasil, sob o pretexto de que “na política só tem ladrão”, a maioria dos cidadãos prefere se omitir. Enquanto este comportamento for da maioria, jamais seremos um país justo, desenvolvido e fraterno. Participar requer sacrifícios, mas a liberdade – hoje tão ameaçada no Brasil – justifica.
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]