Buenas!
Após um período protocolar de luto, tivemos, finalmente, a coroação do novo rei britânico. O custo da festa de entronamento foi multimilionário e ocupou a mídia internacional. Não só de alegrias vive o mundo, para tristeza geral da nação, perdemos a rainha do rock, Rita Lee, aos 75 anos de idade.
A rainha britânica, Elizabeth II, morreu ano passado, com quase cem anos de idade. Seu filho mais velho, o agora rei Charles III, assumiu o trono depois dos setenta, após uma vida inteira preparando-se para isso. Pela cara dele na cerimônia, parece que cansou da brincadeira antes mesmo de assumir. Acho que vai pedir aposentadoria ainda este ano!
Pensando bem, sua carreira foi complexa, tanto que ficou com os dedos inchados, vocês viram? Parecem aquelas salsichas das personagens do filme que ganhou o Oscar desse ano. São tantas as preocupações que lhe competem, que desenvolveu a mania de trocar de roupa oito vezes por dia. Eu disse Oito!
Apesar da pompa e circunstância da festa suntuosa, houve protestos e críticas daqueles que não simpatizam com a realeza. Dizem que os gastos com o evento superaram meio bilhão de reais. Meio bilhão! Há muita arrecadação com turismo, é verdade, mas será que os gastos da festa foram suplantados?
Fazendo um exercício de imaginação, já pensaram se a monarquia saísse vitoriosa do plebiscito ocorrido há 30 anos em terras brazucas? Como seria nossa realeza? Certo que não teríamos tanta pompa e circunstância, mas a sede da Coroa seria no Rio de Janeiro. A festa de coroação seria junto ao Carnaval e iria durar duas semanas de festejos nacionais, com chope liberado e folga no trabalho, por óbvio.
Penso que, uma posse real por aqui teria uma coisa garantida: superfaturamento nos gastos! Mesmo sem suplantar os gastos britânicos, os políticos da nobreza tupiniquim, dariam seu “jeitinho”. Desde a primeira obra aqui feita lá no início dos 1500, sob ordem real portuguesa, rolou uns 10% para os políticos. Brasileiro é muito tradicionalista…
Eu, cá de minha parte, só apoiaria a realeza se Rita Lee fosse ungida no cargo. Poderia ser ainda nos anos 1960, quando o mundo abriu as portas para aqueles que quisessem promover revoluções culturais. Ela foi líder da banda Os Mutantes, responsáveis por introduzir a guitarra elétrica no Brasil e acordes dissonantes e contestadores.
Depois, foi líder de si mesma, superando expectativas e revolucionando costumes, muito diferente da sisuda realeza britânica, que já parecem bonecos de cera antes mesmo de adentrarem o museu Tussauds, em Londres. Rita não, ela é monástica por natureza, seu habitat, onde vivia em harmonia com seus bichos e amigos.
Rita Lee era “romântica, como um mutante”. Afirmou taxativamente que “toda mulher quer ser amada, toda mulher quer ser feliz”. Você leitor, que não a escutou cantando isso, dirá que é uma obviedade e eu, cá de meu canto, direi que obviedades são necessárias, muitas vezes!
Seus olhos azuis cintilantes disseram: “meu bem você me dá, água na boca!” Como não bambear o joelho com esta frase? Conseguiu definir com leveza as duas coisas mais importantes para o ser humano: “amor é divino, sexo é animal, amor é bossa nova, sexo é carnaval”. Não há quem discorde. Podem até tentar, mas duvideodó!
Ela, que já foi “a ovelha negra da família” e foi expulsa dos mutantes, soube que há “hora de assumir e sumir” e “um belo dia resolveu mudar e fazer tudo o que queria fazer”. Soube “virar de ponta-cabeça” não só os brasileiros, mexeu com gerações, até com a cabeça do recém entronado rei Charles III, quando ele era tão-somente um príncipe magrelo no samba.
Assim como eu, ela também está “nessa canoa furada, remando contra a maré”, inclusive, “não acredito em nada, até duvido da fé”. Canoa furada que poderia se chamar Brasil ou vida, afinal, ambos não tem rumo certo ou caminho pré-definido, podendo seguir veredas divertidas e aventurosas ou itinerários pesados, desperdiçando suas bonanças. Escolhas…
Como Rita disse, pretendo, “se Deus quiser, um dia eu morro bem velha”. Aliás, poderiam morrer bem velho sim, mas antes passar por uma cerimônia de entronização real, como a do Charles III. Posso estar exagerando, mas quem sabe, né?
Em resumo, termino com uma frase dela, definitiva, diria até, lapidar: “Não quero luxo nem lixo, Meu sonho é ser imortal, meu amor, Não quero luxo nem lixo, quero saúde pra gozar no final”!
Me serve! Tá bom para vocês também?