O médico João José Freitas, fundador da Cardio Nefroclínica, quebrou o silêncio de 12 dias e falou sobre a requisição de sua empresa, bens, profissionais e serviços pela Prefeitura de Sant’Ana do Livramento, ocorrido em 03 de dezembro. Durante uma longa conversa, Freitas explicou que é “perfeitamente compreensível” o fato dele estar impedido de entrar no serviço de hemodiálise que ele inaugurou, tendo em vista que vem anunciando o fim da prestação do serviço desde o ano passado, mas que “a Santa Casa não assumiu”.
“É perfeitamente compreensível, mas eu não sou inimigo da prefeita. Se ela quer o bem dos pacientes, pelo contrário, eu sou parceiro”, afirmou ele destacando que acredita ser um período, apenas. “Acho que vai passar, espero que o mais rápido possível”, explicou sobre o fato de não poder atender os seus pacientes que estão em diálise na clínica.
O médico disse que a comunidade pode ter a absoluta certeza de que a equipe está completamente à disposição. “Nós temos uma equipe de alta performance trabalhando com ansiedade. Temos os nossos pacientes que, nestes onze dias, passaram por uma tensão muito grande, sem nenhuma consequência maior, a não ser as menores que é a ansiedade que todos nós vivemos e que, à medida que o tempo vai passando, ela vai diminuindo”, complementou.
Freitas resgatou o anúncio da Cardio Nefroclínica, realizada em julho de 2021, quando anunciou que não teria mais o interesse em continuar com o contrato de hemodiálise SUS, em Livramento, por estar trabalhando no “vermelho” há alguns meses. “Há muitos meses nós vínhamos discutindo com a atual administração e com a administração anterior para que nós conseguíssemos nos manter no mercado, então precisamos tomar uma atitude”, disse. O médico destacou que reduziu o pessoal e, consequentemente, a capacidade para dialisar. “Nós não reduzimos a área física, nem máquinas, mas, sim, o pessoal. Nós fizemos isso porque o Município informou, através da rádio, que o empresário tinha que fazer a sua parte”, afirmou.
Para o médico, a partir deste momento, começaram os relatos de pacientes que estavam hospitalizados, precisando de diálise, mas que não podiam ser transferidos para a Cardio Nefroclínica porque não havia vaga. “Os pacientes começaram a se acumular no hospital, ocupando leito da UTI, quem começou a ter o problema aí não foi mais o Dr. Freitas e a Cardio Nefroclínica, mas sim a Santa Casa. Demorou um ano e meio para a administração municipal tomar uma atitude, meio atabalhoada e agressiva, mas tomou. Trouxe mais gente e com o pessoal reforçado, resolveu o problema”, afirmou ele.
ATENDIMENTO SATISFATÓRIO
Apesar das críticas apresentadas durante a entrevista, o médico João José Freitas afirmou que vem recebendo informações de seus pacientes. “Os informes que eu tenho recebido dos nossos pacientes é que a coisa está evoluindo de maneira satisfatória”, disse ele se colocando à disposição.