Você já se perguntou o que seria da economia nacional sem o agronegócio? Só que, infelizmente, não basta fazer. Enquanto se supera a cada ano em resultado, o agro vem perdendo a batalha diante da opinião pública. Existe um fosso entre a população rural e a urbana — que é inundada pela desinformação bem contada.
Um cosmopolita morador de capital não faz ideia do que se passa em uma Agrishow ou uma Expodireto. Da inovação que é colocada na prática. Do zelo com os animais — pois, se não fosse assim, o próprio ciclo correria risco de continuidade. É um Brasil invisível para quase todos.
Essa desconexão abre espaço para uma série de preconceitos e até campanhas difamatórias bancadas por atores diversos e, muitas vezes, com interesses ocultos. Ideologias, dogmas e preceitos simplistas: tudo se une nessa hora. Como ensina o ditado: quem cala, consente. Não existe vácuo no processo de formação de opinião. Uma narrativa sempre acaba se impondo, e ainda mais quando o outro lado permanece em silêncio.
Assim, erros criminosos de alguns são interpretados como práticas comuns, em uma generalização que nivela todo um segmento de alto rendimento por baixo. O resultado disso também é perceptível na arena global: temos um Brasil maior que preserva o meio ambiente e será, em breve, a grande fonte de alimentos do mundo; mas, lá fora, nossa imagem é de vilões.
E o que explica esse paradoxo? Há um déficit gigantesco de comunicação por parte dos vários protagonistas do agronegócio brasileiro. De governos a empresas, passando pelos líderes e instituições representativas. Como não poderia deixar de ser, essa omissão gerou um enfraquecimento de sua reputação. Iniciativas esparsas ajudaram, nos últimos anos, a atenuar esse cenário. Mas ainda é pouco.
Não basta ser bem-sucedido nos negócios. Para seguir avançando, o universo rural precisa furar sua bolha, conectar-se às massas urbanas e ganhar o devido respeito. E isso envolve participar dos grandes debates da humanidade. Para além de fazer, chegou a hora de o agro se fazer perceber.