Na manhã do dia 11, aconteceu no Centro de Instrução de Aviação do Exército em Taubaté-SP, a Formatura do Curso de Piloto de Aeronaves (CPA 2024/2025). A história da Aviação do Exército Brasileiro ganhou um novo capítulo com a formatura da Tenente Emily Braz, de 24 anos, a primeira mulher a conquistar o título de piloto de helicópteros da corporação. Natural de Sant’Ana do Livramento, Emily trilhou um caminho marcado por disciplina, persistência e paixão pela carreira militar. Em entrevista exclusiva, ela compartilha detalhes de sua trajetória e a emoção de abrir portas para outras mulheres no Exército.
Confira na Íntegra a entrevista com a Tenente Emily Braz:
Repórter: Tenente Emily, antes de tudo, parabéns pela conquista! Como é pra você, sendo de Sant’Ana do Livramento, alcançar um feito tão inédito no Exército Brasileiro?
Ten. Emily Braz: Muito obrigada. Para mim é uma grande honra, mas também uma responsabilidade muito grande representar a minha cidade natal que tanto me acolheu por muitos anos.
Repórter: Como foi sua infância e adolescência aqui na cidade? De alguma forma, acredita que sua vivência em Livramento influenciou sua trajetória?
Ten. Emily Braz: Foram anos muito felizes, poder conviver com avós, tios e primos foi uma grande alegria. Acredito que influenciou sim, meus professores na Baby Companhia, no Instituto Livramento e no Moysés Vianna sempre acreditaram em mim e se dedicaram para passarem seus conhecimentos.
Repórter: O que sentiu ao se tornar, oficialmente, a primeira mulher piloto de helicópteros do Exército? Foi uma ficha que demorou a cair?
Ten. Emily Braz: Senti uma felicidade muito grande por ter realizado um sonho. Essa ficha ainda não caiu.
Repórter: Qual foi o maior desafio técnico e emocional durante esse processo de formação?
Ten. Emily Braz: Na parte emocional, senti bastante quando perdi uma amiga muito próxima que estava fazendo o curso de gerente aqui na aviação. E na parte técnica, cada fase do curso teve a sua dificuldade: no início, aprender a pairar, depois a voar em treinamento de pane de motor em voo, navegar, realizar curvas a baixa altura, voar com óculos de visão noturna, entre outras manobras que foram aumentando em nível de dificuldade durante o curso.
Repórter: Em algum momento você sentiu resistência por ser mulher em um ambiente historicamente masculino?
Ten. Emily Braz: Não, os instrutores sempre foram muito profissionais e a turma me acolheu muito bem.
Repórter: Como tem sido a recepção dentro da corporação após esse marco?
Ten. Emily Braz: Todos me parabenizam pela conclusão do curso, porque sabem o quanto é difícil.
Repórter: Você sente que, a partir de agora, portas se abrirão para outras mulheres dentro da aviação militar?
Ten. Emily Braz: Acredito que sim. Já há mulheres mecânicas de voo que executam muito bem as suas tarefas e espero que logo venham mais mulheres para o Curso de Piloto de Aeronaves.
Repórter: O que você diria hoje para a Emily adolescente de Sant’Ana do Livramento, que talvez ainda estivesse sonhando com o futuro?
Ten. Emily Braz: Que apesar de sonhar muito à época, ainda iria realizar muito mais. Para ficar tranquila que tudo daria certo.
Repórter: Quando foi o primeiro voo solo? Você lembra do que sentiu naquele momento?
Ten. Emily Braz: O primeiro voo solo foi no dia 2 de abril. Antes de entrar na aeronave senti um frio na barriga, mas depois de apertar o starter para dar partida na aeronave senti um orgulho muito grande de poder aplicar tudo que aprendi durante o curso em um voo sozinha.
Repórter: Consegue visitar Livramento com frequência? O que você mais sente falta daqui?
Ten. Emily Braz: Depois da minha formação na AMAN, servi 2 anos em Santa Maria, no Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (PqRMnt/3). Isso me possibilitou ir várias vezes para Livramento. Sinto falta da minha família, de ir todo domingo pra campanha dos meus avós e ter meus tios e primos por perto.
Repórter: Quais são os próximos passos na sua carreira? Algum novo desafio no horizonte?
Ten. Emily Braz: Vou me especializar em outra aeronave, no Pantera, e pretendo cumprir diversas missões.
A Tenente Emily, terminou a entrevista deixando um fraterno recado para a juventude santanense: “Desejo que não parem de sonhar e que estudem e se dediquem para realizar seus sonhos.”