Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais
CORREIO BRAZILIENSE – Adeus ao papa da inclusão
O GLOBO – Amém, Francisco
O ESTADO DE S. PAULO – O adeus ao papa que tornou a Igreja mais aberta e atual
FOLHA DE S. PAULO – Morre papa Francisco
Valor Econômico – Morre Francisco, o papa reformista com preocupação ambiental
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes do dia
Num dos momentos mais dramáticos da humanidade, o papa Francisco deu demonstração de grandeza, rezando sozinho na Praça de São Pedro pelas vítimas da covid. Suas atitudes fortes foram a tônica dos 12 anos do argentino Jorge Mario Bergoglio no comando do Vaticano. Mas, posicionamentos em questões como mulheres no comando da Igreja, acolhimento da comunidade LGBTQIAPN+, apoio aos mais pobres — sempre presente nos seus discursos — e refugiados, e críticas à guerra na Ucrânia e ao conflito em Gaza moldaram o pontificado dele como um dos mais progressistas da história católica. Francisco morreu ontem aos 88 anos, e sua sucessão já mobiliza o mundo. Nascido em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, numa família de imigrantes do norte da Itália, Jorge era o filho mais velho do casal Mario e Regina Bergoglio. Na juventude, chegou a trabalhar como faxineiro e segurança de um bar e, mais tarde, como técnico em química. Tornou-se noviço da Companhia de Jesus em 1958, sendo ordenado padre 11 anos mais tarde.
Tensão na análise das novas denúncias da PGR – A sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começa a analisar, hoje, sob tensão, a segunda rodada de denúncias da Procuradoria-Geral da República contra os integrantes do chamado “núcleo gerencial” de tentativa de golpe de Estado, depois da eleição presidencial de 2022. Nesse grupo, constam os cinco integrantes apontados pela PGR como responsáveis pela estratégia de criar as condições para que a ruptura democrática fosse levada adiante — inclusive, negando in formações ao governo federal sobre parte dos preparativos para as invasões às sedes dos Três Pode res, em 8 de janeiro de 2023. A tensão para o começo da sessão — que hoje ouve os argumentos das defesas de cada um dos acusados — é por conta de dois episódios: o primeiro, a rejeição pelo ministro Alexandre de Moraes dos argumentos dos advogados de Filipe Martins (ex-assessor para Assuntos Internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro e apontado como o responsável por apresentar a minuta golpista) para que pudesse circular por Brasília; o segundo, o ataque que Silvinei Vasques (ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal que orientou as blitzes no Nordeste, base eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fossem votar) fez ao processo que pode torná-lo réu.
O legado de Francisco – Com a experiência de seus quase 95 anos, o ex-presidente José Sarney considera que o papa Francisco entrará para a história como um dos grandes nomes a sentar na cadeira de São Pedro: “Nada se comparará jamais à imagem de Francisco, sob a chuva, atravessando sozinho a Praça de São Pedro para mostrar ao mundo que o vírus não superaria a vontade de Deus”, afirma. “Foi um grande papa e num período difícil. Procurou sanear a Igreja, e as virtudes do santo de Assis sempre estiveram em sua ação: a humildade e o cuidado com o humilde”, diz à coluna.
A experiência de Sarney – O ex-presidente já viu sete conclaves, caminha para o oitavo. Nenhum deles durou mais de três dias. Espera-se que, desta vez, não seja diferente.
Apostas – Um dos cardeais mais conhecidos dos demais, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, 70 anos, é um dos mais cotados para a sucessão do papa Francisco. Muitos embaixadores conhecedores da Santa Sé avaliam que ele tem o perfil ideal para o pontificado, nestes tempos de conflitos comerciais e guerras.
CPIs no forno – O Novo e o PL continuam apostando em abertura de CPIs para confrontar o governo neste ano pré-eleitoral. A líder do Novo, Adriana Ventura (SP), precisa de mais 65 assinaturas para protocolar o pedido de investigação da destinação de verbas de Itaipu para realização de eventos. Quanto ao senador Izalci Lucas, que pediu uma CPI para apurar a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília, retoma a coleta de assinaturas nesta terça-feira.
Amigos I – Se tem alguém que ocupou a Presidência da República e conquistou a amizade de Francisco foi a ex-presidente Dilma Rousseff. Ela governava o Brasil na época da Jornada Mundial da Juventude. Depois do evento, esteve algumas vezes com o papa nesses 13 anos.
Amigos II – Há um ano, Dilma foi a Roma e fez questão de visitá-lo. A comandante do banco dos Brics recebeu do papa uma escultura, a encíclica Laudato Si, de 2015, que faz um alerta sobre os problemas ambientais que o mundo atravessa, e a exortação apostólica Laudate Deum, de 2023, que pode ser traduzida como uma injeção de ânimo para aumentar a esperança dos fiéis de resolução da crise climática.
Sem trégua – Em suas redes sociais, o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira (PI), não deixou de cutucar o governo após a morte do papa Francisco: “Habemus deficit! Habemus fome! Habemus violência! Que Deus ilumine o Brasil”.
Partidos em ebulição – A maioria dos partidos dedica este ano a organizar sua estrutura rumo a 2026. O PSDB vai se separar do Cidadania e prepara a fusão com o Podemos. O Cidadania, por sua vez, conversa com o PSB em busca de uma nova federação. O União Brasil e o Progressistas têm reunião prevista para marcar a data do “casamento”. A Rede e o PSol planejam romper a federação da eleição passada. Esses movimentos indicam a vontade de não esperar o ano eleitoral para encontrar o caminho da sobrevivência. Só tem um probleminha: os pré-candidatos ao Planalto não têm sido consultados sobre essa mexida. Por falar em 2026. O retorno de Marina Silva ao PSB ainda é dúvida entre muita gente na cúpula do partido. Primeiro, não houve convite formal do presidente do partido, Carlos Siqueira. Para completar, tem muita gente dizendo que fica muito constrangedor a fundadora da agremiação sair só porque sofreu uma derrota. Dentro do PSB e da própria Rede essa mudança de Marina é considerada polêmica.
Votar anistia não é prioridade – O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deixou claro, ontem, que a colocação na pauta de votação do projeto de lei que concede anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, não é uma prioridade. Conforme enfatizou, o Brasil tem pela frente muitos problemas a serem resolvidos que passam pela discussão do Parlamento e esse é o foco.
Exames de Sarney dão negativo para covid-19 – Internado desde a semana passada depois de apresentar sinto as gripais, o ex-presidente José Sarney teve uma melhora no estado de saúde. A informação consta em boletim médico, divulgado ontem, em seguida à realização de exames que deram negativo para o coronavírus. Aos 94 anos — e prestes a completar 95 na quinta-feira —, ele foi diagnosticado com covid-19 na semana passada. O ex-presidente disse ao Correio Braziliense que se “sente melhor” e confirmou que “foi descartado” o diagnóstico de covid. Em nota, a médica Núbia Welerson Vieira, que vem cuidando de Sarney, disse que ele apresenta “melhora importante” e “uma “tendência de recuperação” no quadro de saúde. A intenção é que Sarney viaje para São Luís, sua terra natal, para festejar o aniversário ao lado dos filhos e netos.
Lula decreta luto e irá a funeral – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do papa Francisco e decretou luto oficial de sete dias no país. Ele também confirmou a participação no funeral do pontífice, que ocorre rá em Roma, até o fim desta semana. A primeira-dama Janja da Silva o acompanhará. A informação foi divulgada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom). Segundo o Planalto, a comitiva completa deve ser anunciada hoje, mas a data do embarque depende da definição do crono grama pela Santa Sé — o que ainda não ocorreu. A previsão é de que os ritos comecem amanhã e que o sepultamento ocorra entre sexta-feira e domingo.
STF e Congresso reverenciam Francisco – Chefes do Legislativo e do Judiciário também lamentaram a morte do papa Francisco. Entre as declarações sobre a importância do legado do pontífice, os políticos enfatizaram a capacidade do líder da Igreja Católica de trazer luz a um mundo repleto de injustiças. O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), declarou luto oficial de sete dias no Legislativo. Em Brasília, ontem, já era possível ver as bandeiras do país a meio mastro em frente ao Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou os avanços que Francisco trouxe para a modernização da Igreja Católica e a importância de ter sido o primeiro papa latino-americano. No Judiciário, a notícia da morte também reverberou. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, publicou uma foto segurando a mão do papa durante um encontro em 2023 no Vaticano. O ministro disse que, Jorge Bergoglio buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia. E a compreensão de que somos todos iguais, vivendo em uma mesma casa, o nosso planeta, que precisa urgentemente dos nossos cuidados”.
Bolsonaro dá entrevista do hospital – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu uma entrevista exclusiva na noite desta segunda-feira (21) do hospital onde está internado. Ele falou ao SBT Brasil da cama de seu quarto de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Bolsonaro acredita que ficará pelo menos mais uma semana internado. Diante disso, acrescentou, “seria muito dispendioso para nós essa viagem para São Paulo [se estivesse internado lá]”. Ele fez a avaliação ao ser questionado sobre a troca da equipe médica. “Já troquei de equipe médica algumas vezes. Entendo que seria melhor tratado aqui em Brasília. Minha esposa está todo dia aqui, trocamos ideias, confidências, falamos da nossa filha, nosso futuro”, explicou. Segundo ele, a entrevista do hospital aconteceu para não deixar “criar corpo certas narrativas”. “Estou enfrentando julgamento político e não técnico”, afirmou. O ex-presidente repetiu os argumentos que utiliza para se defender das acusações. “Como posso deteriorar patrimônio se estava fora do Brasil? Que dano é esse que causei? E golpe de Estado, é brincadeira, golpe de Estado sem liderança, sem tropas, sem arma, em um domingo e sem presidente para destituí-lo no momento. Não tem cabimento para mim e qualquer um que seja”, disse.
Debandada eleitoral – Com a reforma ministerial travada, o presidente Lula enfrenta a perspectiva de perder mais da metade de seus ministros para as eleições de 2026. Entre os possíveis candidatos estão Rui Costa, Gleisi Hoffmann e Renan Filho. A necessidade de desincompatibilização até abril pressiona por mudanças. Enquanto isso, disputas partidárias e estratégias eleitorais dominam a pauta política, com o foco em garantir fidelidade e minimizar a influência bolsonarista no Senado.
Mudança radical – Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, mudou sua postura e agora apoia Edinho Silva para a presidência do PT, tentando unificar o partido e diminuir divisões internas. Edinho, ex-prefeito de Araraquara e preferido de Lula, enfrenta resistência, especialmente de Washington Quaquá, prefeito de Maricá. Gleisi busca apoio para Edinho, enquanto outros candidatos emergem, visando a liderança partidária.
PL vive racha entre aliados de Valdemar e bolsonaristas – O Partido Liberal (PL) enfrenta divisões internas entre aliados de Valdemar Costa Neto e bolsonaristas, com disputas por cargos e poder. A falta de consenso sobre a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro evidencia o racha, acentuado por divergências sobre participação em protestos e foco em pautas econômicas versus segurança pública. A escolha de líderes para comissões também exacerba a tensão.
Fusão entre PSDB e Podemos enfrenta entraves – A fusão entre PSDB e Podemos enfrenta desafios em Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, onde os posicionamentos das legendas divergem. Marconi Perillo e Renata Abreu, líderes das siglas, são os principais defensores da união, prevista para ser oficializada em breve. O objetivo é fortalecer a candidatura de Eduardo Leite à presidência, mas desavenças regionais podem complicar o processo.
Na minha agenda
Às 19h, em Caxias do Sul, palestro sobre “ Reforma Política: Necessidade e Urgência “, para o IGADE – Instituto Gaúcho de Direito Eleitoral